A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 31 de março de 2010

PÁSCOA - TRADIÇÕES VIVIDAS/TRADIÇÕES PERDIDAS

Da Páscoa da minha infância, lembro-me de várias coisas: roupa nova, família reunida, almoço especial e depois à entrada da porta colocavam-se uns verdes, para depois entrar o Compasso, o padre trazia uma cruz que se beijava. A minha mãe sempre dizia para dar um beijo no ar, não tocando com os lábios na cruz (os contágios) e o meu pai tinha sempre um envelope na mão. Era uma data alegre com muitas amêndoas e ovos e coelhos de chocolate.
A Páscoa é uma data extremamente importante no calendário Cristão, mas evidentemente que as tradições vão-se perdendo, na cidade praticamente acabou o Compasso e os rituais religiosos acontecem, mas já não têm o mesmo impacto. Relativamente às tradições gastronómicas, podem ser variáveis de região para região, aqui no Norte predomina o cabrito assado, o Folar e o Pão-de-Ló, mas muitas tradições se foram perdendo e hoje em dia, cada um come o que quer e o que pode.



CABRITO ASSADO

Segundo a religião cristã, a Páscoa era festejada, matando o cordeiro pascal. O cordeiro morto tinha que não ter defeito, macho e do 1° ano. Quando não fosse encontrado o cordeiro, podiam os israelitas matar um cabrito. Naquela mesma noite devia ser comido o cordeiro, assado, com pão ázimo, e uma salada de ervas amargas.

RECEITA: http://comezainas.clix.pt/receitas/subcategoria.asp?IDCat=3&IDSubCat=12&Pos=0

PÃO-DE-LÓ

Não se conhecem as razões do surgimento desta iguaria, apenas que tem origem conventual. Recorde-se que as comunidades monásticas, nomeadamente as femininas, eram integradas por professas oriundas das melhores famílias do Reino, e que estas ocupavam o seu tempo, preparando doçaria exótica destinada aos seus convidados ilustres.

RECEITA: http://comezainas.clix.pt/receitas/receita.asp?IDRec=441&IDCT=7&IDSCT=87&CT=C


FOLAR DA PÁSCOA

O folar é tradicionalmente o pão da Páscoa em Portugal, confeccionado na base da água, sal, ovos e farinha de trigo. A forma, o conteúdo e a confecção varia conforme as regiões de Portugal e vai desde o salgado ao doce.

RECEITA: http://www.receitasdecozinha.com/folar-da-pascoa-r-331.html


BOA PÁSCOA PARA TODOS

terça-feira, 30 de março de 2010

AS DESCULPAS DE BENTO XVI

Este assunto, tem estado sistematicamente a ser aflorado na comunicação social, é difícil contorná-lo, tem muito de desagradável e incómodo, mas não deixa de ser uma triste realidade.
Fui educada dentro dos princípios da Igreja Católica. A minha mãe era muito crente, enquanto o meu pai nem por isso. Ia à missa com a minha mãe, embora contrariada, até que um dia desmaiei na igreja e ganhei o privilégio de deixar de ir à missa, porque não me sentia lá bem e assim pude ir passear com o meu pai.
Foi chocante para mim a frequência no Colégio Liverpool, que era explorado por freiras, as «tipas» eram mesmo mazinhas em todos os aspectos, ao ponto de usarem como castigo meterem uma criança num alpendre sem luz. Essa experiência marcou-me, mas ainda fiz a comunhão solene, ie fiz porque a minha mãe quis.
A partir daí com os estudos e com a leitura fiquei completamente avessa à Instituição Católica e cheia de cepticismos. Não sou praticante, vou à missa principalmente em funerais, mas gosto de visitar igrejas, pelo silêncio e pela penumbra e também pela arquitectura. Não tenho qualquer tipo de hostilidade relativamente à fé das pessoas, mas que não me venham «fazer a cabeça». Tive «discussões» deliciosas há uns anos com um padre beneditino. Deliciosas porque eram muito pacíficas e resumindo e concluindo, tudo não passa de uma questão de fé, já que não há comprovação plausível.

Relativamente à Instituição, a história da Igreja Católica é pródiga em polémicas, crises e escândalos. Muitos crimes hediondos se acobertaram sob o manto denso de uma moralidade de duplo padrão, num passado não tão longínquo. A permissão da escravatura durante séculos, a Inquisição que permitiu todas as arbitrariedades, a postura da igreja perante as guerras que se foram sucedendo e a pedofilia, que nem era considerada, nem pecado, nem crime!...
Perante uma moral rígida, que não se moderniza e não muda relativamente a novas formas de vida da sociedade: divórcio, aborto, preservativo, homossexualidade…a igreja teve agora, perante os escândalos pedófilos cometidos por padres em vários países, que vir pedir desculpa, pela voz de Bento XVI, tendo até aqui encoberto muitos e muitos casos, desse flagelo que é a pedofilia.
Torne-se urgente que a Instituição Católica se humanize, acabe com a lei do celibato, seja transparente e neste caso em especial, aplique sobre si essa sua moral rígida, para evitar ter que pedir desculpas!..

RESQUÍCIOS DO AMARELO...

O tempo não dá para responder aos comentários um a um, mas quero agradecer aos que me visitaram e me deixaram palavras simpáticas e amigas, participantes ou não da blogagem colectiva, tendo como fonte de inspiração o AMARELO.
O meu muito obrigado ao Manuel Marques, Maria Izabel Viégas, Ricardo, Maria P, Graça, Fátima, Bordados e Retalhos (?), Gina, Luma Rosa, Cris França, Efeitos e Conceitos (?), Barbie Girl, Maria, Maria de Fátima e claro GLORINHA L de Lion, a grande promotora desta «brincadeira», que fez uma grande ponte entre o Brasil e Portugal. Não tive tempo de visitar todos os participantes, mas haverá oportunidade para isso.
GRANDE ABRAÇO, GRANDE BEIJO...UM MUNDO À VOSSA MEDIDA, QUE TANTO MERECEM.

A minha ideia imediata, foi fazer algo que tivesse alguma piada, mas isto de ter piada é muito difícil!...Tentei fazer piada, com as referências amarelas que vinham à minha cabeça e isso deu para lembrar filmes e músicas...

Depois como no dia anterior tinha andado a tirar umas fotografias aos primeiros sinais da Primavera, algo que por cá tanto se deseja, depois de um Inverno rigoroso e das brumas que por cá também tem parado, tropecei na Florbela. Foi das primeiras poetas que amei e que tanto diz a tanta gente de cá e de lá. Aliás os poetas ligam bastante o Brasil e Portugal, só para referenciar alguns: Drummond, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Quintana e de cá Fernando Pessoa, Florbela, Sophia, Eugénio de Andrade...

ESTA FOTOGRAFIA REVELA A GRANDIOSIDADE RADIOSA DO AMARELO NA PAISAGEM!...

segunda-feira, 29 de março de 2010

PRIMAVERA NOS SONETOS DE FLORBELA ESPANCA


A Tua Voz de Primavera
.
Manto de seda azul, o céu Reflete
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios húmidos: Tomai
A flor e o mel que a vida nos promete!
.
Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e uma cor dum mesmo desejo ... olhai!
Igual ao sol que sempre às ondas cai,
Sem que uma visão dos poentes se complete!
.
Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,
Tem a firmeza elástica dos gamos ...
.
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me EXALTO e sou linda para ti!

Amar!

Eu quero amar perdidamente, amar!
Amar só por amar: aqui ... Além ...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente ...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
.
Recordar? Esquecer? Indiferente! ...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem alguém disser que pode amar
Durante a vida inteira é porque mente!
.
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
.
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder ... pra me encontrar ...


"Primavera"

É Primavera agora, meu Amor!
O campo despe uma veste de estamenha;
Não há nenhuma árvore que não tenha
O coração aberto, todo em flor!
.
Ah! Deixa-te vogar, calmo ao sabor,
Da vida ... Não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!
.
Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, à tua espera ...
.
Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos ...
Parecem um rosal! Vem desprendê-los!
Meu Amor, Meu Amor, é Primavera! ...



(fotos-Parque da Cidade - MF)

A PROPÓSITO DO AMARELO...FILMES E MÚSICAS

O SÍTIO DO PICAPAU AMARELO

O ROLLYS-ROYCE AMARELO


BIQUINI ÀS BOLINHAS AMARELAS – CELY CAMPELO
O Mellow Yellow, do DONOVAN

AMARELO


De tanto pensar no AMARELO tive um sonho/pesadelo bem AMARELADO!!! Eu vou contar!...
Sonhei que na minha cama estava deitado o Picapau AMARELO, com certeza tinha fugido do «Sítio» do Monteiro Lobato. Virou-se para mim e pediu uma omeleta com gemas muito AMARELAS. Desci à cozinha e tropecei num limão AMARELO, que estava a subir as escadas. Assustei-me, peguei na minha manta AMARELA e saí de casa a correr.

Corri, corri e fui esbarrar com uma bananeira, estava muito escuro, noite cerrada! Caí para o outro lado, um dia de sol e um campo cheio de malmequeres AMARELOS.
Como eu era pequenina!.. Vi a Lolita a correr para mim:
-Vamos apanhar borboletas AMARELAS?

-Mas depois elas morrem!?...
Corridinhas, gritinhos e gargalhadas e, sem saber porquê encontramos uma grande manga!..Que bom!?..Partimos metade para cada uma e ficamos a chupar a polpa refrescante AMARELINHA e deitamos-nos na erva a olhar o céu…Senti barulho, levantei-me e vi-os.
- Olha vem aí os Simpsons, Jay Simpson Marge, Bart, Lisa e Maggie, que giros todos tão AMARELINHOS!



Jay Simpson perguntou-nos se sabíamos onde estava o YELLOW Submarine.


Nós dissemos, vire à esquerda, depois à direita, mais à frente torne a virar à esquerda, passe a rotunda, vire à direita e vá em frente!..
Jay disse para Marge:
-Não é melhor telefonar aos Beatles?
Seguimos cantarolando, até que vimos um ananás a voar veloz, como um doido…Chape!?...Levei com ele na cara!... Fiquei a lamber-me, era bom o suminho de ananás!
Chegamos a minha casa, a Lolita foi-se embora e eu entrei.
Na sala, para minha grande surpresa estava a Glorinha, com café e bolo!...
-Tu por aqui!..
-Vim no Rolls-Royce AMARELO!..


-O do filme?
-Sim!?... Vim com a Ingrid Bergman , o Rex Harrison, a Shirley MacLaine, a Jeanne Moreau, o Omar Sharif e o Alain Delon!...
-Ena que companhia!..
Grande abraço, beijinho para ti, beijinho para mim, até que a Glorinha disse:
-Passou por cá o AMARELO!..
-Que coincidência!..E depois?
-Manda-te cumprimentos!..
-E como é que ele está?
-Amarelo, muito amarelo!..
-Amarelo!?...É desespero?
-Não foi dos ovos-moles! Foi ontem à (Recordações) Casa AMARELA jantar, tinha um encontro com o João César Monteiro!..
-Uh…que inveja!...Mas afinal porque estás de biquíni às bolinhas AMARELAS?
-Vou dar um mergulho no Rio AMARELO!..
-Ah…mas é tão longe… Vou contigo! Como vamos?
-Vês ali aquele raio de sol?
-AMARELO!?...
-É só pedir boleia!...


Acordei. Espreguicei-me cansada de tanta andança e pensei…hoje é o dia do AMARELO!...
Liguei o rádio e então veio aquela música, que eu tanto gostava de dançar em ralenti, era o máximo!..

Fiquei feliz, a Glorinha com a sua ideia fantástica, uniu blogues com um laçarote AMARELO...E venham mais laçarotes...laçarotes de todas as cores!...PORQUE DE TODAS AS CORES É A NOSSA VIDA!...

domingo, 28 de março de 2010

BICENTENÁRIO DE ALEXANDRE HERCULANO

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobo, Azóia de Baixo, Santarém, 13 de Setembro de 1877) foi escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.

MAIS SOBRE HERCULANO: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Herculano

Apesar de ser um nome fundamental da literatura e da História de Portugal, o Ministério da Cultura não organizou nenhum programa comemorativo.A data foi assinalada por organizações privadas: Grémio Literário de que foi sócio-fundador e Cooperativa Árvore no Porto.

A VITÓRIA E A PIEDADE
I
Eu nunca fiz soar meus pobres cantos
Nos Paços dos senhores!
Eu jamais consagrei hino mentido
Da terra dos opressores.
Mal haja o trovador que vai sentar-se
À porta do abastado,
O qual com ouro paga a própria infâmia,
Louvor que foi comprado.
Desonra àquele, que ao poder e ao ouro
Prostitui o alaúde!
Deus à poesia deu por alvo a pátria,
Deu a glória e a virtude.
Feliz ou infeliz, triste ou contente,
Livre o poeta seja,
E em hino isento a inspiração transforme
Que na sua alma adeja.
.../...
FRASES DE HERCULANO
O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a reflectir e a raciocinar.
Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.
Querer é quase sempre poder: o que é excessivamente raro é o querer.
Feliz a alma vulgar e rude que crê, e nem sempre sabe que a dúvida existe no mundo!
O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros.
A ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados.
Saber resistir à violência é forte, mas vulgar; saber resistir à calúnia e aos motejos é maior esforço e mais raro.
É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os.
Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.
As lágrimas de piedade consolam quando é um amigo que as derrama.
Que a tirania de dez milhões se exerça sobre um indivíduo, que a de um indivíduo se exerça sobre dez milhões, é sempre tirania, é sempre uma coisa abominável.
Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o animal que disputa.
Dai às paixões todo o ardor que puderes, ao prazeres mil vezes mais intensidade, aos sentidos a máxima energia e convertereis o mundo em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, os deleites serão apenas o prelúdio do tédio...

sábado, 27 de março de 2010

A BOA GENTE DA MINHA INFÂNCIA...

Gosto de recordar a minha infância, um tempo que para mim foi feliz. Vivia numa casa enorme, com jardim e quintal e onde eu era uma «princesa». Nesse tempo, o convívio era diferente e mais chegado entre todos e eu era uma «andarilha». Lembro-me muito bem das pessoas, fecho os olhos e, vejo-as, tal qual eram. O tempo levou-me para outros sítios e essas pessoas foram-se perdendo. Essa casa enorme, era da Tia Mena, uma senhora que me inibia, mas a irmã, a Tia Mimi, que andava entre o Porto e Lisboa, era muito mais querida e muito mais doce. Eu lembro-me que era uma vítima de clisteres, se tinha algum problema, lá vinha aquela porcaria a caminho, para a minha mãe era a primeira terapia de ataque. Eu detestava e então fazia «fita» e dizia, só deixo se for a Tia Mimi a dar-me e lá vinha a Tia Mimi. O melhor quando estava doente, era a sopinha de dieta com vitela.
Desse tempo lembro-me… Da Bertinha, uma senhora de meia-idade, que trabalhava em casa a enfiar etiquetas para as fábricas, as etiquetas antigamente tinham uma pequena chapinha com um orifício, metia-se um fio especial e depois dava-se um nó, eu ia ajudá-la e conversar. Da Teresa e do Pedro, nem me lembro o que faziam, eu gostava muito deles e estava sempre à espera que me dessem um prato de sopa, porque para mim a sopa deles era muito boa, deitavam um bocadinho de vinho no fim e diziam que era por causa da tuberculose. A minha mãe não sabia, nem podia saber! Eu tinha essa mania, gostava muito de comer na casa dos outros e a minha mãe não gostava nada!.. A D. Irene, mãe do Pedro, a D. Ernestina e o Sr. Fernando. Para a D. Ernestina sem filhos eu era como uma filha, o Sr. Fernando também era meu amigo, só que era um protestante fundamentalista e toda a gente fugia dele, por causa do blá-blá. A vizinha do lado a D. Rosa, vivia numa brutal vivenda e enchia-me de chocolates. A D. Rosa era amante de o carismático empresário do norte, que explorava o Teatro Sá da Bandeira e trazia ao Porto os grandes espectáculos, inclusive grandes companhias de circo. Era uma senhora tratada com toda a deferência, nessa altura até motorista tinha! Não me sentia muito à vontade na chiquíssima casa dela e ia lá poucas vezes. Do outro lado era a casa da Sr.ª. Viscondessa, não sei se era viscondessa ou não, era conhecida assim e eu ia muitas vezes brincar com a neta e comer arroz cozido, com bife passado. Também ia a casa da Lolita, havia um grande espaço para a brincadeira, porque o pai, era fiel de uma fábrica de tecidos, onde viviam. Gostávamos muito de brincar, como se fossemos operárias da fábrica, ao domingo, quando os trabalhadores não estavam, lá íamos para os teares no «faz de conta» e depois a mãe da Lolita arranjava-nos um lanche, que íamos comer à cantina dos operários, pão e azeitonas, que era aquilo que comiam e que nós queríamos. Também brincávamos com os ratos-chinos, que metíamos num grande tanque sem água, para eles não fugirem, eram os nossos filhos e pescávamos cabeçudos num grande latão com água inquinada.


Por essa altura tive o meu primeiro namoro, naquela idade o amor!… Não passava de olharmos um para o outro e ficarmos coradinhos. Sempre inibidos um com o outro, lá íamos brincando. Nem me lembro do nome dele!..Também por essa altura tive o meu primeiro confronto com o sexo oposto, ele era neto da D. Irene, mas estragava-me sempre as brincadeiras e coitado do miúdo não tinha o céu-da-boca e não falava, só berrava. Fui mazinha, porque um dia irritou-me e mandei-lhe um pontapé, que foi cair entre as suas pernas, resultado o miúdo desmaiou e eu? Fiquei aflita, fui logo de castigo para casa e nesse dia não saí mais!..
Tenho saudades destas pessoas, muitas delas já não é possível rever, mas estão bem guardadas na minha memória.

sexta-feira, 26 de março de 2010

VAGUEANDO POR PENAFIEL...

Eu dizia que conhecia Portugal de lés-a-lés, o que não é exactamente verdade, passar pelos sítios, ir tomar um café ou almoçar, não é conhecer!...É preciso andar pelas ruas, fazer uma prospecção. Ultimamente é o que ando a fazer. Penafiel que fica perto do Porto, era uma cidade de passagem, parei lá muitas vezes quando ia a Amarante, só que era parar e andar. Eu conhecia muito pouco e fui descobrir uma cidade interessante, com um centro histórico e com riqueza monumental, para se passar lá um dia agradável, sem deixar de lado o aspecto gastronómico característico do Norte, as papas de sarrabulho, os rojões, o bom vinho (um míssil para a minha dieta)...

CÂMARA

PELOURINHO

MUSEU


SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE


IGREJA DA MISERICORDIA

O Museu Municipal de Penafiel, está localizado num palacete setecentista, remodelado pelo arquitecto Fernando Távora e ficou nos cinco finalistas dos prémios Turismo de Portugal, na categoria Novo Projecto Público. Também é candidato ao prémio internacional Museu Europeu do ano EMYA 2010 e ao Museu do Ano 2010, promovido pela Associação Portuguesa de Museologia.
De facto o museu tendo como principais temáticas objectos arqueológicos de escavações locais e a cultura e profissões antigas, está bastante interessante.






DONOVAN - COLOURS

quinta-feira, 25 de março de 2010

INDIFERENÇA


Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida.

-
A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio
Ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio;
O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é;
A glória concede e nega; não tem verdades a fé.

-
Por isso na orla morena da praia calada e só,
Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase já ser, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido.

-
Dêem-me, onde aqui jazo, só uma brisa que passe,
Não quero nada do acaso, senão a brisa na face;
Dêem-me um vago amor de quanto nunca terei,
Não quero gozo nem dor, não quero vida nem lei.

-
Só, no silêncio cercado pelo som brusco do mar,
Quero dormir sossegado, sem nada que desejar,
Quero dormir na distância de um ser que nunca foi seu,
Tocado do ar sem fragrância da brisa de qualquer céu.

10-8-1929

FERNANDO PESSOA

DISCURSO DE UM VETERANO DA GUERRA

quarta-feira, 24 de março de 2010

PORTO: CENTRO HISTÓRICO-BOM SUCESSO-RIVOLI


PORTO SENTIDO – RUI VELOSO
http://www.youtube.com/watch?v=ch5DVcZqsu4&feature=related

1 - Uma forma de criar postos de trabalho, levou o Governo a reabilitações, de escolas, de bairros sociais, algumas ruas, aldeias, núcleos históricos…Parece-me uma boa política e que deve continuar, por exemplo: estradas secundárias, tecido urbano, limpeza de florestas…
No Porto 1/3 das casas antigas, no centro da cidade, estão em estado de degradação e a precisar de uma reabilitação. Esta situação tem provocado há alguns anos a desertificação do centro da cidade, que teve uma atenuante com a iniciativa privada de deslocar uma espécie de «movida» nocturna, que trouxe pessoas ao centro. Até aí as pessoas até tinham receio de lá ir à noite, já que na mesma proliferavam marginais e prostituição de ambos os sexos.


2 - Bom Sucesso é um antigo mercado, que começou a declinar com o aparecimento de supermercados e hipermercados. Bom Sucesso e o outro famoso mercado do Bolhão, têm andado em debate, com projectos de alteração. Já várias hipóteses foram avançadas, uma delas transformar o Bom Sucesso num centro Comercial, que ficaria entalado entre 4 outros centros comerciais! Não daria para todos com certeza, já que os existentes à medida que foram aparecendo, só causaram danos aos que já existiam.
Segundo um grupo de arquitectos, onde se destaca Siza Vieira, José Pulido Valente e Manuel Correia Fernandes, o Bom Sucesso faz sentido como mercado. Eu concordo em absoluto, todas as cidades têm o seu mercado popular. Compreendo, como compradora, que é incómodo andar de porta-moedas na mão, paga aqui paga acolá, mas se tornassem isso mais fácil, poderia chamar compradores, embora quando os vícios se entranhem seja difícil mudá-los. A qualquer cidade que vou, gosto sempre de visitar os mercados. O Bom Sucesso, está nas minhas memórias, ia muitas vezes em miúda às compras com a minha mãe.

PRONÚNCIA DO NORTE –GNR
http://www.youtube.com/watch?v=teKOeDNLoUY&feature=related

3 - Filipe La Féria está nos términos da sua utilização do Teatro Rivoli e não se sabe se a concessão vai ser renovada ou não. Eu considero que o Teatro Rivoli nunca deveria ser utilizado para aquele género de espectáculo, para mim aquilo é uma cultura entre aspas, mas concordo que o teatro ligeiro deve existir, porque é cativante para muita gente, inclusivamente para os turistas, que pretendem passar uma noite divertida.
La Féria dentro do género tem apresentado espectáculos de grande agrado para o público, mas aquilo não é cultura, é diversão pura e simples. Obviamente que La Féria é bom director de actores e nesses espectáculos estão bons actores e tem uma equipe técnica de qualidade, mas não é cultura. Cultura não é ter uma boa bilheteira, nem casas de espectáculo a transbordar, cultura é apresentar coisas novas, propostas de risco que incidam mais numa motivação psico-mental, que na gargalhada ou no choro fácil.
La Féria usufruiu de condições especiais, dadas por Rui Rio e Rui Rio não quer despender um chavo para financiar uma cultura só para alguns, segundo disse! Há vários casos de obras fundamentais, que na sua apresentação tiveram grandes pateadas! A decisão tomada relativamente ao Rivoli foi um braço de ferro, entre os portuenses e o presidente de Câmara Rui Rio, mas havendo vários espaços no Porto desocupados, não se podia ter o bom senso, de ceder um outro espaço a La Féria, devolvendo o teatro Rivoli às suas origens? A casa de Cultura que realmente o Porto precisa!?...
ANEL DE RUBI –RUI VELOSO

http://www.youtube.com/watch?v=n64Dwkh4Jyo


terça-feira, 23 de março de 2010

AS CORES DA VIDA!...


Glorinha do Blogue Café com Bolo + Cª. propuseram um blogagem colectiva tendo como inspiração as cores, um dia por semana uma cor, eu TOPO e quem estiver interessado vá tomar um café com bolo, para saber as regras, vamos descobrir as CORES DA VIDA!...

AMOR SOLÚVEL

"Amor Solúvel" para dissolver numa "vasilha metafórica",
comédia musical, de Carlos Tê, sobre o amor em formato de consultório sentimental.
A peça encena um consultório sentimental transmitido em directo de um estúdio de televisão. O professor Dionísio (Romeu Costa) fala sempre em código metafórico e desdobra-o para dissecar, de ponta a ponta, o que sabe do amor. Refugia as teorias na ciência, como se patenteasse as suas suposições sobre o amor.
No final, é ele que passa da posição de dissecar o amor, para ele próprio se cansar de não o perceber. Nas palavras de Carlos Tê, "o professor é um estereótipo muito especial dos professores que abordam esse tipo de temas na televisão e na rádio. Este acaba por sofrer essa inversão" quase catársica de quem passa a sofrer dos problemas que resolve.
Mónica, a apresentadora (Joana Manuel), modera o programa, mas cedo começa a tentar ela própria perceber o amor. Paralelo ao programa passa a haver uma "micro guerra dos sexos", em que a apresentadora se preocupa em contrapor certezas, na sua opinião, machistas, que o professor tenta disfarçar de ciência.
A música na peça: É a partir dos momentos musicais que as personagens quebram defesas e demonstram aquilo que as câmaras não vêem. É a canção que abre espaço para todas as intervenções que se dissolvem na "vasilha metafórica" das definições de todos.
Luísa Pinto, a encenadora, fala nas implicações que, a inclusão destes momentos têm, no processo de construção da peça. «O processo tem logo implicações ao nível do casting. Eu tinha que contratar actores que soubessem cantar muito bem. Isso foi o mais complicado».
"Amor Solúvel" acaba por roçar o registo de ensaio, visitando várias concepções de amor e formulando hipóteses de teorias sobre tudo o que o envolve. As respostas dirigem-se tanto aos espectadores que enviam as questões, como para todos os que assistem. Tudo sob um pendor cómico e assumidamente irónico.
As letras das músicas são de Carlos Te e a música de Hélder Gonçalves (dos Clã), Manuela Azevedo e outros.



RELATIVAMENTE AO TEXTO, LEMBREI UMAS COISAS, ACRESCENTEI OUTRAS. ESTA PEÇA ERA PARA 12 ANOS, O QUE ESCREVO PODE SER CONSIDERADO DE MAU GOSTO, MAS A PEÇA ERA MUITO MAIS MALICIOSA, EMBORA SEM PALAVRÕES...
Casamento uma ilusão, passa uma moça toda a sua juventude a sonhar com isso!…Vem os filhos. Põe fralda, tira fralda, faz biberão, muda a fralda e ao mudar já é preciso outra, embala, que embala, parece que está a dormir, deita-se na cama e dispara a gaita…uhaaa, mais embala que embala, altas horas da noite, os vizinhos estão a dormir e a criança berra, como ele berra, é dos intestinos, dos dentes…pomadinha para isto, remedinho para aquilo… depois toca o despertador e fica tudo alvoraçado!...Arranjar o bebé para o levar, fazer a saca, preparar as coisas, sair para a rua, meter no carro, muito trânsito, o tempo é galopante e… entrar no emprego a bufar… e bufando a maratona, dar atenção a isto, dar atenção aquilo…À noite é tudo igual…Depois os bebés vão crescendo e nem sempre as coisas se tornam mais fáceis…mas o romantismo depois de tudo isto perde-se…o homem começa a derivar para o clubismo, o coleccionismo…e os dois fazem projectos para uma casa, um carro novo, móveis, férias…ir a Machu Pichu, andar horas e horas de avião e ir ver umas pedras, com ervas á volta e uns indígenas a vender «souvenirs» e a cantar «Quando o candor passa»….tudo para entreter…e as saudades dos filhos, sempre a estragar tudo!...Ah…como eram felizes no seu carro «charuto» comprado em terceira ou quarta mão, a deitar fumo por todos os lados, com o carburador a ferver, pronto para fazer um chá e com a mochila do campismo, a dormir no chão duro, na fila para tomar um duche, a comer às vezes umas sandes…Ah…como eles se divertiam e se riam e no fim acabavam em «pugilatos» de sexo!…
Depois no casamento (ou união de facto), não são dois e uma cabana, são dois núcleos familiares duros que se vão juntar, os pais, irmãos, tios, sobrinhos, primos, avós…eu sei lá!...Como gerir tudo isto? Dá zanga entre os dois pela certa!..Hoje quero ir a casa dos meus pais!...Nem penses, eu quero ir para a praia!…Os meninos ficam a olhar para um e para o outro, sem saberem para onde vão…
Claro, deixemos-nos de coisas há sempre o subjugador e o subjugado, o exemplo mais flagrante é o sexo à missionário…mas mesmo que seja ao contrário o paradigma tem barbas…Queres fazer amor? Não é tão prosaico? Alguém dirá queres dar uma queca? Nada dizem, vão-se aproximando, mas quando o dia não correu bem entre eles é problemático…
Uma mulher é mais de afectos…não sei…dizem que sim, já não tenho a certeza!...Ao fim de certo tempo o homem não quer perder muito tempo e deixa de fazer os trabalhos manuais!...Lá vem a rotina…Dizem que o vibrador é dos objectos mais vendidos… Para ela um homem mesmo sexy, aparece nu apenas com um avental, é um homem que se interessa pelas coisas domésticas, que está pronto a fazer um jantar…ou então aparece impecavelmente vestido, com aquele perfume, que a convida para um jantar romântico…comem e bebem demais…depois ela chega a casa e diz «estou com dor de cabeça»…
No «amour fou», tudo é perfeito, mas depois cai-se na realidade… ela gosto de um género de filmes, ele gosta de outros, quase sempre é uma luta entre o romantismo e o policial e o terror, ela quer passear, ele quer ficar em casa, ela gosta de ouvir música, ele só quer sofá/televisão, ela gosta de arroz, ele de batatas…etc…etc…Bolas!?...Quem andou a enganar quem!?...
-Olha tu fazes o que gostas e eu vice-versa…
-Mas afinal porque casamos, para cada um fazer vida diferente?
Depois pode surgir o outro ou a outra, são perfeitos, tão perfeitos, que ela ou ele se cansam de ser ela ou ele!?...E vida dupla é dose!?...Vale mais acabar…e depois ele puxa por isto, ela puxa por aquilo e as «crianças meu deus, porque lhes dás tanta dor, porque padecem assim?»
O ideal do amor, parece ser o «
Coup de foudre » à porta da caverna de Platão!?...
Ele vê-a a passar loira e deliciosa, no seu cabriolet vermelho…
Ela vê-o passar moreno e sedutor, no seu cabriolet (esqueceu-se da cor)…
Sorri, pode receber um sorrizinho…pode acenar…e tudo passa veloz! Amanhã há mais….até lá, pode ir até casa fazer o almoço ou comer o almoço, dormir a sesta e entrar nesse cabriolet em sonhos, para a terra prometida, onde no sonho seu, tudo acontece como deseja…
Só queremos o que não temos, só estamos vem onde não estamos!?...

segunda-feira, 22 de março de 2010

DESEJO BOA DISPOSIÇÃO...

Gostam de opereta? Eu adoro!...A música para mim é fundamental, qualquer género musical, logo que eu goste... e eu gosto de muitas músicas...e também de opereta, que considero divertida, ie diverte-me...

DOIS EXEMPLOS:

JACQUES OFFENBACH, dizem os especialistas, que foi quem escreveu as primeiras operetas e compôs muitas, mas as mais famosas são: La Belle Hélène,Orphée aux enfers e Les contes d'Hoffmann.



FRANZ LEHÁR, compositor austríaco, conhecido principalmente pelas suas operetas: Giuditta, Der Graf von Luxemburg, Das Land des Lächelns, Die lustige Witwe, Paganini, Der Zarewitsch. O seu maior sucesso foi Die lustige witwe (A viúva alegre).


DIA MUNDIAL DA ÁGUA

RECURSO DE PRIMEIRA NECESSIDADE A PRESERVAR!?...

CÂMARA CLARA

Este é um programa da televisão, do qual sou assídua e ontem foi todo dedicado à poesia, em Dia Mundial da Poesia. Só lamentei o tempo ter passado tão depressa, porque estaria a ouvir poesia pela noite fora. Com tão grandes poetas que temos, ficou-me realmente o «sabor a pouco».





Câmara Clara, fez-me lembrar o ensaísta Roland Barthes, possivelmente o nome do programa partiu daí, do livro.


CÂMARA CLARA de Roland Barthes, 1980

Roland Barthes, por tudo que foi, não morreu: filósofo, teórico, escritor, entre mil e outras coisas. Um nome importante da semiótica. Câmara Clara é uma meditação sobre a fotografia, a vida e a morte. Um texto com uma escrita precisa, analítica, emocional, que nem sempre é fácil de devorar. Um carácter emocional que nasce de uma simples foto da sua mãe em contraste com a linguagem analítica sobre a imagem fotográfica. A essência da fotografia e a morte de um ente querido. A mão do homem sobre a imagem, ligada a um referente. Uma viagem com Barthes na busca do significado da fotografia, que resulta num ensaio obrigatório para quem pretende entender a essência da imagem, os segredos por trás da fotografia. O efeito da fotografia no espectador. O Punctum, o Studium... Um conflito interno, que discute o despertar de sentimentos que certas fotografias despertam e outras não. A fotografia separada de uma cultura, sociedade ou tempo. O Punctum é o que importa. O que nos toca. O que nos relaciona com a imagem, com o objecto, com o referente. Nem sempre encontramos o Punctum. Não ficamos tristes, apenas mais radiantes quando o encontramos. Um texto crítico, académico, obrigatório sobre a fotografia, de um não-fotógrafo.



O GRÃO DA VOZ, reune vários ensaios de Roland Barthes, é um dos livros que releio com certa frequência.

domingo, 21 de março de 2010

PRIMAVERA E POESIA...

Primavera - BOTTICELLI

ESPERANÇA

Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.

FELICIDADE

Cada dia sem gozo não foi teu:
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!

RICARDO REIS

100 MIL VOLUNTÁRIOS A «LIMPAR PORTUGAL»

A chuva não esmoreceu empenho dos cerca de cem mil voluntários que ontem ajudaram a Limpar Portugal. Nem a chuva que se fez sentir em vários pontos do País desmoralizou aqueles que pretendiam dar um exemplo à sociedade. De acordo com a organização, cerca de cem mil voluntários estiveram ontem no terreno a limpar lixo em mais de dez mil pontos previamente assinalados. E o balanço provisório não deixa dúvidas quanto ao seu trabalho: recolheram-se cerca de 50 mil toneladas de lixo, o equivalente, ao peso de 280 aviões Airbus A330.
Frigoríficos, sofás, pneus, garrafões, restos de veículos ou entulho de obras. De tudo os milhares de voluntários de todas as idades encontraram, e recolheram, ao longo do dia, em parques, serras, praias ou simplesmente no meio da rua.


UM DESAFIO SE IMPÕE AGORA A MILHÕES DE PORTUGUESES NÃO SUJAR PORTUGAL

sexta-feira, 19 de março de 2010

HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO

Andei pelo Hospital de Santo António e contrariamente às queixas que por vezes leio nos jornais, eu não tenho absolutamente nenhuma queixa a fazer e não tive os tais «conhecimentos»!.. As instalações, pelo menos em cardiologia, são muito razoáveis e se eu comparar, como eram há uns anos, em que o meu pai teve que estar lá hospitalizado meses e, apesar de na altura ser uma miúda, lembro-me muito bem de quão decrépito era o hospital, com as suas camas de ferro sem cor definida e umas enfermarias enormes, onde os doentes por vezes não podiam dormir, com outros ao lado a morrer.
Relativamente aos médicos, enfermeiros, auxiliares, mensageiros, a todo o pessoal que trabalha só posso dizer o melhor possível. Tive todas as informações necessárias, inclusivamente frente a um cartaz onde se encontrava um coração aberto, o Prof. Chefe da Unidade, explicou-me, a situação em que se encontrava o meu marido e o que iam fazer.
Claro que ontem o meu marido, que se encontrava nos cuidados intensivos, era o primeiro logo de manhã a fazer um cateterismo e só acabou por o fazer às 18 horas, mas isso deveu-se às urgências que ocorreram e de vidas em situação de maior perigo, que tinham que ser salvas, já que nestes casos o tempo é importante.
Andando por lá, pude apreciar muita coisa. Por exemplo, logo na sala de espera, uma senhora idosa numa cadeira de rodas, acompanhada de uma rapaz e de uma mulher. Esta mulher passou todo o tempo a ralhar com um e com outro, naquela voz agressiva e rouca, das pessoas que estão sempre a falar aos berros. Uma mãe com um filho irrequieto. A criança subia e descia da cadeira, punha-se em pé na mesma. Gritava, espoliava-se e a mãe sempre a ameaçar em altos berros, a ameaçar…até que num repente lhe dá uma valente chapada na cara. Lá ficaram os dedos marcados. A criança chorou, berrou e chorou…A educação dá-se em casa, o amor aos filhos, não é só deixar fazer tudo o querem, darem-lhe toda a espécie de guloseimas, beijocarem-nos muito…é muito importante ensinar-lhes o trato social, as boas maneiras, saberem respeitar os locais onde estão.
Na unidade de cuidados intensivos, assisti a uma lamentável cena de um doente ligado a várias máquinas, que arrancou todos os fios a que estava ligado, porque queria ir embora…Primeiro foi um médico conversar com ele, dizer-lhe o risco que corria, com duas artérias obstruídas, que podia sair dali e morrer nas escadas…Debalde, então veio um segundo médico, dizendo-lhe praticamente a mesma coisa e às tantas perguntou-lhe se não tinha família, ao que ele respondeu: Em mim mando eu!?...Acabou por lhe dizer, que tudo bem, aquilo não era nenhuma prisão, mas tinha que assinar um termo de responsabilidade. Assinou e foi embora !...
De facto o que eu pensei é que há pessoas muito difíceis e que por vezes não são tratadas com mais atenções, porque na sua linguagem falta-lhes, o por favor, o obrigada, o desculpe…enfim a educação necessária, para serem tratados também com boa educação.
O meu marido já teve alta e dentro do possível retomarei este nosso convívio virtual. Agradeço a todos que se mostraram sensíveis a esta situação que vivi.

terça-feira, 16 de março de 2010

DEVIDO A DOENÇA SÚBITA DE UM FAMILIAR, VOU FICAR AUSENTE. VOLTO LOGO QUE POSSA.
UM GRANDE ABRAÇO PARA TODOS.

segunda-feira, 15 de março de 2010

MIDORI

Midori estreou-se no Porto com a ONP. Na actualidade tem uma carreira que se destaca no universo da música clássica. Menina-prodígio, debutou com a Orquestra de Nova Iorque aos 11 anos.
Tocou:
Concerto para violino e orquestra nº2 de Johann Sebastian Bach
Sonata nº.1 para violino e orquestra de câmara de Alfred Schnittke
Rondó para violino e orquestra de cordas de Schubert

O Adagio do Concerto de Bach é muito bonito e insinuante espiritualmanete.



MIDORI - CARMEN

CRISE, SIM: DE VALORES (CRÓNICA DE FREITAS CRUZ-JN


É porventura a palavra que mais anda na boca dos portugueses: crise disto e crise daquilo. Ora, crise há, sim, mas é de valores e de princípios - valores e princípios que, entre sorrisinhos, são associados ao conservadorismo de quem os invoca.
Mas princípios e valores que consubstanciam justamente o que nos falta hoje.
Por exemplo, a verdade.
Mente-se muito nos nossos dias. Sem pudor. Vergonhosamente. Descaradamente. Não se trata da pequena aldrabice de feira. Muito menos da mentira piedosa disfarçada de boa acção.
Não! Do que se trata é da mentira objectiva, destinada a obter um efeito desejado por meios desonestos. Meios ilícitos que se chamam fraude.
Dar exemplos é, infelizmente, a tarefa mais fácil deste tempo no espectáculo diário da mentira. Daí, de modo irresponsável e grotesco, a destruição da credibilidade das pessoas e das instituições, cuja principal obrigação é falar verdade - sejam quais forem as consequências.
Duas pequenas, mas expressivas, ilustrações.
Há menos de seis meses, tudo estava bem na economia, para Portugal eram boas as notícias: os portugueses foram a votos sem saberem que, pelo contrário, tudo estava mal e só havia más notícias.
Vem agora o Programa de (duvidosa) Estabilidade e (inexistente) Crescimento e todos os dias nos dizem que os impostos não aumentam. Mas vamos pagar mais.
É indispensável? No ponto a que nos conduziram, parece que sim. Então, porque mentem?

domingo, 14 de março de 2010

DE MÃO DADA...


De mão dada... sempre! A tua mão engolia a minha pequenina. Era muito bom ir passear contigo, tinhas sempre tantas coisas a mostrar-me!?... Museus, jardins, sítios…e tu tinhas sempre acréscimos dos teus conhecimentos e vivências em história, a história dos sítios, que me deixavam encantada. Tu sabias muito e por ti amei o Porto, porque nós éramos uns vadios na cidade, assim sempre de mão dada e uma alegria muito cúmplice. Lembro-me bem dos patos no Jardim da Cordoaria (nunca mais deixei de gostar de patos) e da árvore que diziam ser da forca e, a propósito disso as histórias que tu contavas, de outros tempos que viveste!..Lembro-me de ir às cerimónias do soldado desconhecido, tu apreciavas essas coisas!.. E quando andaste na campanha do Humberto Delgado, a mamã ficava muito nervosa e ficávamos à tua espera cheias de preocupações! E as noites passadas a ouvir rádio... depois querias sintonizar a Rádio Moscovo e colocavas um copo em cima do rádio e dizias que era por causa da PIDE!..
E o que transpiraste para me ensinar a andar de bicicleta? Aos domingos de manhã lá íamos para os jardins do palácio, depois de muitos trambolhões, como era bom pedalar e sentir aquele vento fresquinho no rosto!..
Como posso esquecer como eras bom, tu foste a pessoa que mais gostou de mim, porque só querias ver-me feliz!..Para mim foste a melhor pessoa que conheci na vida, o meu «cavaleiro», o meu «herói», o homem calmo e ponderado que sempre deitava água nas fogueiras!.. Depois cresci, larguei-te a mão, muita coisa aconteceu na minha vida e tu foste sempre o meu maior amigo!..Quem pegou na tua mão depois foi o Pedro, que adoravas e para quem foste o grande companheiro!..
Foi bonito…tanta coisa bonita que vivemos!...A vida é fatal e partiste de repente (14.03) sem um adeus…em teu lugar ficou e permanece uma grande saudade, quem me dera voltar a ser guiada e protegida pela tua mão!?...Tinha tantas coisas para te contar!?...

sexta-feira, 12 de março de 2010

BOM FIM DE SEMANA

Para todos um bom fim de semana!...Com a família ou com amigos…
Há com certeza por aí, um filme que queiram ver, um espectáculo, uma exposição, um passeio, uma esplanada onde sabe bem ter a companhia de um livro, à beira mar, à beira rio ou num jardim com o cheirinho da terra e onde debilmente a natureza, anuncia que está a chegar a Primavera…e está sol... está frio, mas está sol…
Há o «dolce far niente»…dormir sem horas…tomar o pequeno almoço ao almoço, almoçar na hora do lanche, jantar lá pelas tantas…
Fazer o que se gosta…descontraidamente, sem pressas, com prazer…
Como dizia o RAUL SOLNADO, «façam o favor de serem felizes!..»

quinta-feira, 11 de março de 2010

JOAN BAEZ ESTEVE NA CASA DA MÚSICA, PARA FRUIÇÃO DE MUITOS ADMIRADORES

FACEBOOK



AGRADEÇO OS CONVITES QUE ME TÊM SIDO FORMULADOS, PARA ADERIR ÀS REDES SOCIAIS, PRINCIPALMENTE AO FACEBOOK, MAS NÃO QUERO IR POR AÍ, (JÁ LÁ ENTREI PARA VER COMO ERA E NÃO ME CATIVOU) PRECISO DE DIMINUIR O TEMPO NO COMPUTADOR, PARA TER MAIS TEMPO, PARA O EXERCÍCIO FÍSICO, O QUE ME ESTÃO SEMPRE A RECOMENDAR E QUALQUER DIA CHEGA A PRIMAVERA!..

ALÉM DISSO, GOSTO DE BLOGAR, EMBORA ME SINTA PERDIDA NESTE MUNDO QUE É UMA TEIA!..COM 55 SEGUIDORES COMO POSSO SEGUIR TODOS, PARA O MEU TEMPO É IMPOSSÍVEL, O QUE LAMENTO!...GOSTO DE VISITAR E VOU VISITANDO O QUE POSSO, VOU DEIXANDO COMENTÁRIOS NUNS E NOUTROS, ÀS VEZES VOLTO PARA UMA EVENTUAL REACÇÃO AO MEU COMENTÁRIO, MAS DIFICILMENTE COMENTO OS COMENTÁRIOS QUE RECEBO, PORQUE NÃO HÁ TEMPO! NA SEQUÊNCIA DISTO TUDO, PEÇO DESCULPA DAS MINHAS FALTAS. ESTE É UM MUNDO, ONDE TENHO APRENDIDO MUITO E ME MOTIVA A LER AINDA MAIS, PARA ENCONTRAR TEMAS, QUE POSSA TRAZER PARA AQUI. QUANTO À RIQUEZA HUMANA QUE TENHO ENCONTRADO E QUE É MUITO INCENTIVADORA, JÁ NOUTRA ALTURA TIVE OPORTUNIDADE DE ESCREVER SOBRE ISSO.

MORREU ANDREE PEEL, A HEROÍNA DA RESISTÊNCIA FRANCESA


Andrée Peel ( 1905 - 2010), conhecida como "agente Pink" durante a ocupação alemã, foi uma heroína da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial.
Na Segunda Guerra e após a invasão alemã, entrou na Resistência participando na distribuição de jornais clandestinos. Depois tornou-se chefe de uma subsecção da Resistência. Salvou a vida de 102 jovens soldados e aviadores e ajudou mais de 20.000.
Foi presa em Paris (1944) e enviada para o campo de concentração de Ravensbrück, antes de ser transferida para Buchenwald. Foi libertada pelo exército norte-americano.
Mais tarde, recebeu uma carta de agradecimento Winston Churchill.
Após a guerra, casou com John Peel, em Paris e foi viver para Long Ashton, perto de Bristol.
Foi condecorada com a Legião de Honra, em 2004. No ano seguinte, quando celebrou o seu 100 º aniversário, recebeu uma carta da rainha da Inglaterra. Morreu num lar de idosos em Bristol com 105 anos.