BURT LANCASTER E DEBORAH KERR, NO FILME «ATÉ À ETERNIDADE», UMA CENA QUE SE TORNOU MUITO POLÉMICA, ISTO EM 1953.
Hoje é absolutamente um absurdo!...
AMOR E INTIMIDADE
Não é fácil escrever sobre o amor e universalmente muito se escreve sobre o amor! Amores felizes, amor infelizes, encontros, separações…nem sempre é amor, às vezes é paixão! AMOR, considero um sentimento superlativo, não acessível a todos. Amar, amar não é fácil! Amar é o nu completo e não apenas o nu! Certezas não tenho, isto são sempre palpites!...Cada um sente por si, há quem fale num só amor na vida e em muitos amores. Florbela Espanca que tanto escreveu sobre o amor, tem um soneto onde diz:
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Mas que seja então assim:
Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
Também há quem fale em muitos amores e voltando ao soneto da Florbela ela diz:
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
A Florbela estava a fingir, ocultando o seu amor impossível, como diz Pessoa:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Florbela podia dizer:
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é amor
O amor que deveras sente
Não vou escrever sobre o AMOR em mim. Seria muito complexo! Muito menos escreverei sobre INTIMIDADE, se escrevesse deixava de a ser!...
Com certeza o primeiro soneto sobre o AMOR que li foi o de Camões (1524-1580) e devia tê-lo lido muitas vezes porque até o sei de cor:
.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
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É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humana amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
.
Mas depois deste soneto de amor, li muitos e muitos poemas de amor e até escrevi poemas de amor!
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
…/… Fernando Pessoa, ie Álvaro de Campos
São as cartas, são os poemas, é o que se diz, é o que se pensa, é o que se sonha…mas isto é o alimento do amor, são todas as emoções que têm que ser libertadas…
O AMOR, tem sido uma temática muito explorada, exaustivamente explorada em todos os tempos. O amor com catalogações diferentes, o amor libertino (A ARTE DE AMAR, de Ovídio), o amor carnal (KAMASUTRA, de Vatsyana) e depois aquelas aberrações escritas por Masoch, que deu nome ao masoquismo e naturalmente Marquês de Sade, que deu nome ao sadismo ! E outras que eu não sei, nem me interessa, porque prefiro o AMOR ROMÂNTICO!...
Li muitos livros de amor, Abelardo e Eloísa, Romeu e Julieta, Pedro e Inês, Werther…Chorei com estes grandes amores, por acaso todos acabaram mal! Amor, amor também tem de ter alguma coisa de tragédia e de interdito…enfim também chorei por amor!
O AMOR é de facto muito inspirador, na literatura, na música, na pintura, na escultura…
Gosto destas pinturas de CHAGALL, destes casais que se suspendem da terra, voam, não sabem onde vão parar e pode ser grande o trambolhão!...
Ai o amor!...Que difícil é explicar porque acontece, porque nos envolve tão plenamente, porque perdura, porque acaba…
SENDO O AMOR ALGO TÃO NECESSÁRIO, O QUE AFLIGE É TANTO DESAMOR NA VIDA!..
18 comentários:
Olá,
Gostei muito de como terminou seu post... o desamor nos inquieta e nos faz tremendamente mal...
Vc foi longe... mostrrou várias facetas do Tema em questão. Muito bom!
Hoje vamos ter com o que nos regalar em tais assuntos...
Boa tarde e fique na paz que deve permear nossa conduta sempre.
Abraços fratrernos
Um belo passeio pela longa e interminável história do amor, repleta de contradições...
Gostei muito do modo como aqui a concluiu, Manuela.
:))Abraço
Olá
Também estou participando desta coletiva e passei para fazer nosso elo.
Vc preferiu tratar a intimidade como amor, este amor que percorrer todas as esferas da vida mas que se resignifica em intimidade quando uma alma toca a outra. Espero que possamos tocar no íntimo dos nossos leitores nesta coletiva.
bjs.
Manuela, riquíssima participação através de várias maneira de encararmos o amor e a intimidade.
Os sonetos nem preciso dizer que são lindos e que nunca me canso de lê-los.
Um beijinho
Manú, que delícia de leitura. Quanta cultura, quanta informação, quanto amor! O bate-bola entre Florbela Spanca, Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes foi impagável. Bom demais! Não é para qualquer um.
Adorei este momento amado por aqui!
Beijos, e que haja, a cada dia, menos desamor.
Nossa, que passeio pelas artes maravilhoso!
Adoro fernando Pesoa, Florbela Espanca, não conhecia essas telas de Chagall...Super informativo e com um final único!
Ficou muito legal tua participação.Te esmeraste, caprichaste e valeu!beijos,linda semana,chica
Eu não sei de teorias sobre amor assim como você minha amiga, só sei que quando o amor nos toma, o mundo torna-se um lugar diferente, o mundo é o outro.
Eu que já sofri e já sorri por amor, posso com certeza afirmar, que essa vida só tem sentido, para quem perde todos os sentidos por amar.
um beijo cheio de amor para você, afinal, uma das coisas mais belas que vejo no amor, são suas muitas formas de se expressar.
Belo apanhado sobre o amor, Manuela. Paradoxal e imprescindível. Faz levitar, como na pintura de Chagall.
Beijos
Texto fantástico,*****
"O amor é a única flor que brota e cresce sem a ajuda das estações. Temer o amor é temer a vida, e quem teme a vida já está três quartos morto ."
Beijinho.
O AMOR É UMA TEMA ENESGOTÁVEL VALE TUDO QUANDO SE AMA!
BEIJO
O amor é sem duvida onde termina a paz e começa o desespero...
Rsrsrsrs...Bjos achocolatados
Manuela
Também estou participando da Blogagem Coletiva e como vi que você também estava inscrita, passei para conhecer seu espaço. E o que encontro?
Maravilhas sobre o amor. Lindo!
Que ele vença sempre e que nos acompanhe também, pelos caminhos que a vida nos levar.
abs
Nesta minha vida Manuela, aprendi nem sempre de forma agradavel, que em assustos de amor não existem verdades definitivas e nem regras, ai é colocar os paraquedas e pular.
Bjs.
Que post bonito, amiga Manuela!
Gostei dos entremeios de poesias, cada uma mais linda que a outra.
E sua frase final diz tudo, afinal porque tanto desamor nos dias atuais?!
beijos cariocas
Amor, temática de sempre...
Gostei do apanhado que fez, das várias referências, mas deixando tudo em aberto, resistindo à tentação do ponto de vista.
Ante tudo os meus parabéns por um trabalho tão bem elaborado.
Gostei, e muito.
Amor, essa força irresistível que nos obriga a acometer coisas nas que nunca tínhamos pensado.
Um grande abraço
Querida sua participação nos leva a refleir mesmo. Amor é coisa complexa. Mas no final vc nos lembra que o desamor é que nos aflige. Verdade. Nesses tempos de notícias tão ruins e amores tão falsificados realmente é de chorar ao ver o que estamos vendo. Bjs
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