Entrei com receio, devagar, olhando para um lado e para o outro….
Depois fiquei estática...pensando…
-Tem cuidado com o caixote esmurras a parede!
O outro olhou-o com desdém, pousou o caixote no chão, tirou
do bolso um farrapo e limpou o rosto suado.
-Anda lá o tempo não para! Ainda falta meter no armazém
muitos caixotes, queres fazer serão?
O outro olhou-o, virou-se e caminhou para a porta.
-Onde vais?
-Beber uma cerveja e fumar um cigarro.
-Vou-te fazer a folha!
-Mas você acha que eu sou um escravo. há mais de duas horas
nisto? Escravo é você, que faz esse trabalho de humilhar os outros, para ganhar
uma merda!
-Vai-te embora e não voltes, não te quero ver pela frente!
-E quem carrega os caixotes?
O outro não respondeu e na secretária começou a mexer nos
papeis.
A porta bateu, ao ar livre, pensativo ficou a olhar sem ver
nada, levando de quando em quando a garrafa à boca. Acendeu um cigarro
calmamente. Depois levantou-se, pegou num caixote e entrou.
O outro continuava debruçado sobre os papeis. Não se
olharam.
Nas suas idas e vindas, às tantos o outro saiu e começou
também a carregar caixotes.
Quando tudo terminou já era noite.
-Boa Noite!
E o outro:
-Até amanhã!
Eu saí atrás.
O armazém agora é um pardieiro silencioso, abandonado, sem
telhas, nem vidros, as pombas batem as asas, todo o chão está cheio de
excrementos de pombas, há um fedor acre que se introduz nas narinas,
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