Quem alguma
vez ouviu falar no Convento de Monchique? Quem já se questionou sobre o porquê
do Porto, sendo desde sempre uma das cidades mais importantes de Portugal, não
ter – pelo menos que seja conhecido – um edifício de estilo de arquitetura
manuelina? Poder-se-ia responder que foi um estilo que ficou pelo Sul, por ser
lá que se encontrava a corte. Mas essa resposta não serve porque no Norte
também existem grandes exemplares, como é exemplo a Igreja de Freixo de Espada
à Cinta.
Este convento
ainda existe. Situa-se em Miragaia, num estado de ruina tal que aparenta tratar-se de uma ruina vulgar sem qualquer
importância. Partes importantes deste edifício foram
construídas no reinado de D. Manuel I e, apesar da bela abóbada ter
desaparecido, ainda subsiste uma espécie de torre com ameias e cones
manuelinos. A abóbada da igreja ainda existia no século XX, mas parece que um
antigo proprietário achou-a tão bela que a desmantelou para a reconstruir em
sua casa.
É estranho este desprezo e esquecimento a que foi votado este
convento. Ainda no século XIX era tido como um dos mais belos e ricos do Porto.
Além do seu ímpar estilo arquitetónico é de notar que o Convento de Monchique
protagonizou o momento alto do “Amor de Perdição” que nos narrou Camilo Castelo
Branco.
O Convento
da Madre de Deus de Monchique de Miragaia era feminino, pertencia à Ordem dos
Frades Menores, e à Província de Portugal da Observância.
Em 1533, foi
fundado, no sítio de Monchique (local onde existia uma sinagoga, em pleno
território da judiaria) na freguesia de Miragaia, fora dos muros da cidade do
Porto.
No ano
seguinte, terminou a construção do edifício.
Os fundadores
D. Pedro da Cunha Coutinho e sua mulher, D. Beatriz de Vilhena, cederam espaço para esse efeito, e dotaram o convento com inúmeros bens. Doaram ao
convento os padroados das igrejas de São Vicente de Cidadelhe, no bispado do
Porto, e de Santa Maria do Sovral e da Velosa, no bispado da Guarda.
A fundadora
conseguiu ainda que o papa lhe concedesse vários privilégios.
Obteve
então, licença para nomear as primeiras religiosas, a faculdade do convento
guardar todos os bens que ela lhe concedesse, a possibilidade de eleger como
confessores sacerdotes seculares não havendo frades nem capelão, e ainda, que
ela própria e a abadessa pudessem ordenar algumas leis para o governo da casa.
Em 1538,
acolheu as primeiras religiosas já observantes, sendo a primeira abadessa Dona
Isabel de Noronha, filha de Rui Teles de Meneses.
A fundadora
foi sepultada na capela-mor do convento, deixando a comunidade como herdeira de
todos os seus bens.
Em 1834, no
âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e
Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da
Reforma Geral do Clero (1833-1837), foram extintos
todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de
todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos
bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.
3 comentários:
O seu texto mereceria algumas observações !
Podia ter especificado, estou sempre disposta a aprender, assim fico na dúvida se é na forma como foi redigido, se é nas informações que dou!
A fonte consultada foi: http://digitarq.arquivos.pt/details?id=1363111
Os meus cumprimentos.
Alguém o fará !
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