O Naufrágio de 2 de
dezembro de 1947, foi o maior desastre marítimo ocorrido na costa portuguesa,
na região de Matosinhos, onde perderam a vida 152 marinheiros .
No dia 1 de dezembro de
1947, as traineiras começaram a chegar ao porto de Leixões com escasso peixe
nos porões. A meio da manhã, entrou uma traineira carregada de sardinha e os
outros mestres, chamaram os seus tripulantes e começaram a aprovisionar os
barcos para outra saída. Durante essa tarde, apesar de haver vários prenúncios
de temporal, fizeram-se ao mar 103 traineiras. Nessa altura, o espectro da fome
era maior do que o do medo, levando a que estes ousados lobos do mar enfrentassem
sempre as ondas.
Passadas algumas horas,
o tempo mudou radicalmente, vendo-se as traineiras envolvidas num imenso
temporal. As ondas fortíssimas chegaram a subir aos 10 metros, enquanto o vento
rodava para Noroeste e o ar arrefecia drasticamente. Algumas traineiras
resolveram regressar, mas a grande maioria decidiu continuar. Ao anoitecer, a
noite ficou negra e sem lua enquanto as nuvens carregadas tapavam completamente
o céu e os ventos se transformavam em ciclónicos. Nessa altura, já todos
andavam a tentar fugir ao temporal, esforçando ao máximo os motores e as máquinas
das traineiras, procurando desesperadamente um porto de abrigo, enquanto que o
mar levava marinheiros borda fora.
Em terra, corriam
murmúrios de que algo corria mal e as pessoas corriam desesperadas em direcção
ao areal da praia nova, em Matosinhos. As mulheres e os filhos dos marinheiros apinhavam-se ao vislumbrar as
luzes de navegação das traineiras, que se aproximavam desesperadamente do porto.
Assim que as primeiras traineiras aportaram, relataram as más noticias, tinham
sido avistadas, quatro traineiras a navegar
em situação aflitiva muito perto da costa e apesar de alguns mestres
terem tentado orientá-los, com as sirenes,
sinais e até gritos, nada conseguiram fazer, pois a violência do temporal era
tanta que os impediu de conseguirem os seus objectivos.
Finalmente chegou a
noticia da trágica realidade e ficou-se a saber que nessa negra e sinistra
madrugada de 2 de dezembro de 1947 naufragaram entre a Aguda e Leixões as
traineiras “D. Manuel”, “Rosa Faustino”, “Maria Miguel” e “S. Salvador”, tendo
perecido um total de 152 marinheiros, deixando 71 viúvas e mais de 100 órfãos.
Em 2005, foi inaugurado
na praia de Matosinhos o monumento "Tragédia do Mar", uma escultura
homenagem ao naufrágio de 1947 com cerca de três metros de altura, composto por
cinco figuras de órfãos e viúvas cujas faces transparecem a tragédia ocorrida
em 1947. Foi esculpido por José João Brito que se baseou, para o efectuar, na
tela do mesmo nome criada pelo Mestre Augusto Gomes .
Em 2007, 60 anos após a
tragédia, a Câmara Municipal de Matosinhos decidiu lembrar a fatídica história
publicando o livro "Naufrágio de 1947 – Toda a Saudade é um Cais de
Pedra" que apresenta um relato pormenorizado dos acontecimentos e inclui
fotografias de todos os pescadores que morreram naquele dia. Com o objectivo de
relembrar a tragédia, foi enterrado um baú na praia de Matosinhos com um dos
livros lá dentro, a que foi atada uma fita negra com dois quilómetros de
comprimento .
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