A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 7 de março de 2018

Naufrágio de 1947


O Naufrágio de 2 de dezembro de 1947, foi o maior desastre marítimo ocorrido na costa portuguesa, na região de Matosinhos, onde perderam a vida 152 marinheiros .
No dia 1 de dezembro de 1947, as traineiras começaram a chegar ao porto de Leixões com escasso peixe nos porões. A meio da manhã, entrou uma traineira carregada de sardinha e os outros mestres, chamaram os seus tripulantes e começaram a aprovisionar os barcos para outra saída. Durante essa tarde, apesar de haver vários prenúncios de temporal, fizeram-se ao mar 103 traineiras. Nessa altura, o espectro da fome era maior do que o do medo, levando a que estes ousados lobos do mar enfrentassem sempre as ondas.
Passadas algumas horas, o tempo mudou radicalmente, vendo-se as traineiras envolvidas num imenso temporal. As ondas fortíssimas chegaram a subir aos 10 metros, enquanto o vento rodava para Noroeste e o ar arrefecia drasticamente. Algumas traineiras resolveram regressar, mas a grande maioria decidiu continuar. Ao anoitecer, a noite ficou negra e sem lua enquanto as nuvens carregadas tapavam completamente o céu e os ventos se transformavam em ciclónicos. Nessa altura, já todos andavam a tentar fugir ao temporal, esforçando ao máximo os motores e as máquinas das traineiras, procurando desesperadamente um porto de abrigo, enquanto que o mar levava marinheiros borda fora.
Em terra, corriam murmúrios de que algo corria mal e as pessoas corriam desesperadas em direcção ao areal da praia nova, em Matosinhos. As mulheres e os filhos dos marinheiros apinhavam-se ao vislumbrar as luzes de navegação das traineiras, que se aproximavam desesperadamente do porto. Assim que as primeiras traineiras aportaram, relataram as más noticias, tinham sido avistadas, quatro traineiras a navegar em situação aflitiva muito perto da costa e apesar de alguns mestres terem tentado orientá-los, com as sirenes, sinais e até gritos, nada conseguiram fazer, pois a violência do temporal era tanta que os impediu de conseguirem os seus objectivos.
Finalmente chegou a noticia da trágica realidade e ficou-se a saber que nessa negra e sinistra madrugada de 2 de dezembro de 1947 naufragaram entre a Aguda e Leixões as traineiras “D. Manuel”, “Rosa Faustino”, “Maria Miguel” e “S. Salvador”, tendo perecido um total de 152 marinheiros, deixando 71 viúvas e mais de 100 órfãos.
Em 2005, foi inaugurado na praia de Matosinhos o monumento "Tragédia do Mar", uma escultura homenagem ao naufrágio de 1947 com cerca de três metros de altura, composto por cinco figuras de órfãos e viúvas cujas faces transparecem a tragédia ocorrida em 1947. Foi esculpido por José João Brito que se baseou, para o efectuar, na tela do mesmo nome criada pelo Mestre Augusto Gomes .


Em 2007, 60 anos após a tragédia, a Câmara Municipal de Matosinhos decidiu lembrar a fatídica história publicando o livro "Naufrágio de 1947 – Toda a Saudade é um Cais de Pedra" que apresenta um relato pormenorizado dos acontecimentos e inclui fotografias de todos os pescadores que morreram naquele dia. Com o objectivo de relembrar a tragédia, foi enterrado um baú na praia de Matosinhos com um dos livros lá dentro, a que foi atada uma fita negra com dois quilómetros de comprimento .

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