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Mesmo vivendo no Porto há longos anos há sempre sítios a descobrir. A cidade não é grande, os seus limites até são bastante apertados relativamente ao seu crescimento, o que motivou a sua expansão entrando por outras cidades. Numa das partes da cidade, zona histórica há um emaranhado denso, uma «floresta» a descobrir. Para quem conhece o Porto, indo pela marginal, junto à antiga Alfândega, hoje museu dos transportes, local de exposições, concertos e congressos, vê lá no alto um palácio antigo. Este palácio tem o nome do Palácio das Sereias, devido a duas exóticas e gigantescas sereias que ladeiam o portal. Nunca tinha estado naquele sítio e queria ver aquilo por perto. Meti-me pelo emaranhado de ruelas, vielas, escadinhas e foi mesmo chegando à Rua da Bandeirinha (a bandeirinha por causa da peste) que fui lá ter.
O edifício foi construído em meados do século XVIII, para residência da família Cunha Portocarrero, num local onde se situou uma antiga judiaria, os judeus tinham que viver fora do cerco amuralhado da cidade. A família Portocarrero, cujo brasão está na frontaria da casa, abandonou o palácio em 1809, numa altura em que populares chacinaram o seu filho por o julgarem envolvido com os invasores franceses. O palácio esteve fechado até 1955, passando depois a funcionar como um colégio, até hoje.
No largo fronteiro à casa uma pirâmide em granito servia de suporte à bandeirinha de saúde, que marcava o limite de atracagem de barcos em tempo de peste.
Continuando, por sítios mais conhecidos, fui ter à Rua das Virtudes, onde se encontra um alto paredão, com algumas casas e por cima o Hospital de Santo António, o mais antigo da cidade e em frente o Jardim das Virtudes, em socalcos. Continuando encontrei a Árvore, uma cooperativa fundada por artistas plásticos, direccionada para o ensino artístico, local de muita intervenção cultural e política, do período salazarista até hoje. Perto vê-se o Palácio da Justiça. Prosseguindo chega-se ao Passeio das Virtudes. Este paredão/varandim para o rio foi construído no séc. XVIII e o local tornou-se um dos jardins públicos da cidade. A alameda permite uma excelente perspectiva sobre o rio até à barra. Em primeiro plano vê-se a Fonte das Virtudes e, logo, os socalcos que descem até S. Pedro de Miragaia.
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OBRIGADA A TODOS PELA ATENÇÃO, SIMPATIA E CARINHO, ESTOU A PRECISAR DE FÉRIAS...
1 comentário:
O Palácio das Sereias não esteve abandonado até ser vendido em 1955. Uma co-herdeira, Maria Assunção Pizarro de Portocarrero, viveu no Palácio da Bandeirinha com o marido e filhos até 1951, ano em que morreu. Aí continuaram durante algum tempo o marido, Victorino Ferreira Botelho, e filhos.
Consultar livro de Manuel Abranches de Soveral, "Portocarreos do Palácio da Bandeirinha", edição e distribuição MASmedia, 1997.
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