A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

REFLEXÃO!

Fernando Pessoa



"Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta."

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

BAREFOOTCOLLEGE




Em Titonia, fica a Universidade do Pé Descalço, Barefoot College, fundada por Sanjit «Bunker» Roy. A história de Barefoot College, é das mais poderosas, em inovação e criatividade. Desfaz a ideia de que a crise se resolve apenas de cima para baixo. Fundado em 1972, é um dos maiores centros de pesquisa, inovação e educação no trabalho com a pobreza. Roy tem sido premiado por todo o lado e é considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, pela revista «Time».
Roy é oriundo de uma família abastada, mas quando acabou os estudos quis ir viver para uma aldeia e ver como aí as coisas se organizavam, assim como partilhar a pobreza e a sapiência dos aldeões, porque acreditava, que com todos se pode aprender, todas as pessoas são obrigadas a saber coisas para sobreviver. Decidiu viver com eles, na privação e na frugalidade, seguindo a tradição da doutrina de Mahatma Gandhi.
O Barefoot College já formou mais de três milhões de pessoas, nas mais diversas áreas, todos os graduados eram analfabetos ou semianalfabetos e uma grande parte são mulheres oprimidas numa sociedade de pobreza. Muitas dessas mulheres são hoje, nas diversas comunidades, líderes de projetos. Criaram sistemas de energia solar onde não havia eletricidade, construíram sistemas de rega, de alimentação, assim como, casas e escolas.
No Barefoot College, o ensino tem por base o conhecimento através da experiência, uma transmissão direta e oral de capacidades, para desempenhar tarefas. Um saber casuístico, nascido da necessidade e da privação, extraordinariamente imaginativo e criativo
Esta criatividade permite aos pobres identificarem, analisarem e resolverem os seus problemas com um pequeno empurrão educacional e mínimos custos.
O BC é autónomo, não depende de nada nem de ninguém, é autossustentado.
Também para as crianças tem um programa noturno de escolaridade, porque durante o dia têm que trabalhar, a maior parte guardando gado.
Aqui é contrariada a ideia feita de que os pobres têm de ser virtuosos para serem retirados da pobreza, devendo poupar e gastar sensatamente. Os pobres são pessoas iguais aos ricos, com os mesmos sonhos de uma vida melhor.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O Poeta precisamente só o será quando a sua imaginação for além da imaginação do Universo. (António Maria Lisboa)



Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais
este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega o pior já passou
há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão
desvia os passos do medo. Dorme, meu amor -

a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste
e pode levantar-se como um pássaro assim que
adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra
não hão-de derrubar-me eu já morri muitas vezes
e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos

agora e sossega a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos
nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme,

meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos a noite é um poema
que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres.


Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

POEMAS DE: Maria do Rosário Pedreira

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

HAPPY-YEAR !!!!

“We stopped the collapse, we should avoid the relapse, and it’s not time to relax»!
Christine Lagarde




quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

SAKAMOTO

Música de Sakamoto, para o filme «Merry Christmas Mr. Lawrence» de Oshima, em que também participa como actor e contracena com David Bowie.


MORREU NAGISA OSHIMA (1932.2013)








Nagisa Oshima foi um dos nomes-chave da “nova vaga” japonesa conhecida como nuberu bagu, iniciada em finais dos anos 1950.
A partir de Cerimónia Solene (1971), obteve a sua aclamação internacional. Seguindo-se Feliz Natal, Mr. Lawrence (1983), com David Bowie, e o controverso díptico formado por O Império dos Sentidos (1976) e O Império da Paixão (1978, Melhor Realizador em Cannes).

«O Império dos Sentidos», causou grande controversa em Portugal, quando a RTP, nos anos 90, exibiu este filme. O erotismo do filme, focado na relação num crescendo obsessivo entre a prostituta Sada e o dono do bordel, gerou escândalo e teve honras de primeira página dos jornais – na época, o arcebispo de Braga, D. Eurico Nogueira, insurgiu-se contra a administração da RTP pela inclusão da obra na grelha do canal público, tendo ficado conhecida a sua frase sobre o visionamento de O Império dos Sentidos: "Aprendi mais em dez minutos deste filme do que no resto da minha vida". 
Como escreveu Augusto M. Seabra, em 2008, é mais que lamentável que um tão grande cineasta – e seguramente com Fassbinder e Pasolini um dos grandes “cineastas do corpo” – tenha sido remetido para um virtual esquecimento, como se só houvesse a recordar, e porque “escandalosos”, O Império dos Sentidos e O Império da Paixão.
Feliz natal Mr Lawrence








terça-feira, 8 de janeiro de 2013

COM PAIXÃO E HIPOCONDRIA

HOPE - George Frederic Watts
COM PAIXÃO E HIPOCONDRIA

Confortamo-nos com histórias laterais,
evitamos o toque, há risco de contágio;
por mais que preservemos a franqueza
passou o estágio já da frontal alegria:
estamos bem, obrigada, embora aquém
de antes – entretanto admitimos não
saber, e enquanto resta isto indefinido,
mesmo com luvas, pinças de parafina,
não sondamos mais, sob pena de crescer
um quisto nesse incisivo sítio onde
achámos sem tacto que menos doía

Margarida Vale de Gato
[in Mulher ao Mar, Mariposa Azual, 2010]

«Não concebo viver sem ser pela escrita. Não me considero uma poeta por aí além". "A minha primeira poesia sempre foi muito lírico-amorosa. Depois, houve uma viragem, onde a poesia anterior se integrava, para uma investigação. Fazia parte de um lado académico: até que ponto é que podemos encontrar uma voz feminina, até que ponto isto faz sentido? Por exemplo, alguns dos meus poemas preferidos de mulheres e sobre mulheres foram escritos por homens - estamos a falar das cantigas de amigo". "O que eu faço em muito poemas é encenar vozes de mulheres. Aparece uma base autobiográfica, mas, na maior parte, são Eus líricos encenados". Sylvia Plath, Emily Dickinson, Anna Karenina, Christina Rossetti, são algumas das presenças que atravessam os poemas.
Margarida Vale de Gato
(Estranhei essa poetisa de nome Anna Karenina, é brasileira, encontra-se neste bloguehttp://poetisaannakarenina.blogspot.pt/)