A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um Método Perigoso (A Dangerous Method) - David Cronenberg

Cronenberg sonda a natureza humana, a claustrofobia de um colete de forças social que serve de pano de fundo à libertação dos desejos e das pulsões das suas personagens. Filme de superfícies plácidas e de inquietações subterrâneas, de extraordinária e meticulosa atenção aos pormenores - e, de facto, é só nos pormenores de um olhar, de uma palavra, de uma pausa, que se compreende tudo o que se joga.
Jung liberta-se do estigma de Freud, contradição entre dois homens que procuram desfazer as grilhetas de uma sociedade rígida sem realmente se libertarem delas, de duas maneiras de ver o mundo que se opõem e, ao fazê-lo, funcionam um pouco como uma antecipação das grandes questões que sacudiram a sociedade europeia durante o século XX (o sexo, a religião, a raça, a ciência, a diferença).

domingo, 27 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

uma dor que não encontra palavras para se dizer...


 [Marc Chagall]

A Dra. Manuela Fleming fala sobre o seu livro, Dor Sem Nome e o sucesso editorial que obteve:

Provavelmente o meu livro Dor Sem Nome,
Pensar o Sofrimento fala de algo profundamente
humano e universal – a experiência da dor psíquica –
mas que se esconde, ou de que o Homem se esconde
(vivendo na ilusão de que não vendo ela não exista?...).
Somos cegos face ao que não podemos pensar, por ser
intolerável? Até onde pode ir a nossa consciência da
dor? Qual o limiar do pensável? Quando e em que
circunstâncias mentais paramos estarrecidos, a voz se
embarga, as palavras fogem e apenas nos socorremos
da linguagem do corpo e do olhar? Quando dizemos
para nós próprios “isto é de mais!”? Estas algumas das
questões que se me colocaram e sobre as quais senti o
desejo ou a necessidade de pensar...

Não é muito comum abordar-se a dor psíquica
numa perspectiva científica...

A dor, tal como a morte, une os seres humanos numa
experiência comum e inelutável. Estranhamente,
porém, o tema do sofrimento psíquico, ou da dor em
sentido lato, tem estado banido, rasurado da escrita e
apagado da linguagem científica. A minha qualidade
de psicanalista tem-me permitido ao longo dos anos
uma escuta muito fina e um contacto muito  íntimo
com o sofrimento psíquico das pessoas que procuram a
minha ajuda terapêutica. Senti portanto que não podia
furtar-me à necessidade de estudar e investigar sobre o
tema, pela importância que a dor (no corpo e na alma)
assume na nossa existência e na prática clínica dos
profissionais de saúde. Apesar de
ser um livro essencialmente de teoria e técnica
psicanalítica, permite uma compreensão
alargada de algo indizível, inominável, uma dor que
não encontra palavras para se dizer...

A psicanálise é hoje um tratamento adequado a todo o
tipo de perturbação de natureza psicológica ou
psicossomática. Na prática, o tratamento é sobretudo
procurado por pessoas que já recorreram a outros tipos
de terapia (às vezes durante anos) e não obtiveram
melhorias satisfatórias, por pessoas que não querem ser
tratadas através de métodos muito intrusivos
(medicamentosos ou terapias de comportamento...) e
desejam sobretudo curar-se através do conhecimento de
si próprias, no contexto de uma relação terapêutica. Este
tipo de conhecimento de si próprio, o insight psíquico, é
um dos instrumentos de cura, já que conhecer-se, se, por
um lado, pode representar algum sofrimento (porque a
verdade sobre o próprio nem sempre é fácil de aceitar),
por outro é em si mesmo terapêutico...


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

«ISTO NÃO É UM FILME», é um hino ao cinema, à liberdade de expressão e à denúncia de um regime opressivo.


Por ter filmado os distúrbios de Teerão no ano passado, o governo iraniano acusou-o de conspirar com a intenção de cometer crimes contra a segurança nacional e fazer propaganda contra a república islâmica.
Jafar Panahi, ficou impedido de sair do país, de casa, durante seis anos e de filmar durante vinte. Mas quando uma pessoa é livre e corajosa tem meios para superar as adversidades, assim Jafar e o seu colega de profissão Motjaba Mirtahmasb filmaram-se a si próprios e tudo chegou a Cannes numa pen USB, dentro de um bolo de aniversário, como um manifesto de liberdade e daí irradiou para salas de cinema europeias e americanas.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CAPELA DO SENHOR DA PEDRA - MIRAMAR

Esta capela foi erguida sobre um rochedo junto ao mar em 1686.

Acredita-se que a Capela do Senhor da Pedra possa ter origem num antigo culto pagão, de carácter naturalista, dos povos pré-cristãos, cujas divindades eram veneradas em plena natureza, tendo posteriormente sido convertido ao cristianismo.

A capela tem planta hexagonal. No interior possuiu um altar-mor com dois retábulos laterias de talha dourada em estilo barroco/ rococó.
De cada lado da entrada da Capela, encontra-se um painel de azulejosmonocromático de cor azul.
Nem sempre o mar permite entrar na capela.

fotos.ms




 
Sou ateia, mas sinto uma religiosidade no sentido mais estrito e literal da palavra, que nada tem a ver com divindades e crenças e obviamente religiões.
Tenho uma ideia de um Deus, criando ex nihilo tudo o que existe! É uma ideia simples e bela, e a beleza é ela própria uma forma de verdade. Infelizmente verdade poética e verdade científica nem sempre são compatíveis.
Não preciso de acreditar na existência de um deus para reconhecer que a ideia de Deus é bela, apesar de ser tão corrompida pelo proselitismo religioso e, continuando ateia, sentir-me perfeitamente bem com essa ideia.
Se a ciência viesse um dia a verificar a realidade física, na origem de tudo, de um ponto quântico de volume nulo e densidade e temperatura infinitas e chamasse a tal singularidade de Deus, a ideia desse Deus – um Deus imanente e não transcendente, natural e não sobrenatural, ou seja, tudo menos um Deus – a beleza dessa ideia perdia-se e muita gente ficaria à deriva.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
 para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos. 

Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, 
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.  
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios, 
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
 qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário, 
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

Cecília Meireles



fotos -ms

domingo, 13 de novembro de 2011

«FUGA PARA O BARROCO» [CASA DA MÚSICA-ONP]

Casa da Música
Aldemaro Romero (1928-2007) - compositor venezuelano. A Fuga con Pajarillo faz parte da Suite para Cordas e foi escrita na técnica de composição criada no Barroco.

ALDEMARO ROMERO

foto:ms

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

AS NOVAS TECNOLOGIAS PODEM AFECTAR A MEMÓRIA?


As piadas, não deixam de se ouvir quando a memória prega partidas, do género isso é o «pdi» ou foste apanhada pelo alemão! Realmente hoje a doença de Alzheimer é algo assustador e segundo os especialistas ocorre frequentemente depois dos 50 anos e vai avançando com a idade. O que nos vai consolando é que os abaixo desta idade também sofrem de esquecimentos frequentes, mas para estes sempre se diz «és muito despistado»!
Eu sempre fui uma «despistada» e uma candidata ao «alemão»!
A Universidade de Columbia fez um estudo e revela que o uso de motores de busca da internet alterou a nossa capacidade de memorização, a informação está a alcance de um clique. Isto motiva a que progressivamente se deixe de exercitar a memória. O recurso excessivo a ajudas externas da memória poderá tornar este processo mais «preguiçoso».
Evidentemente que há causas para que a memória também fraqueje, como a privação de sono, execução de uma multiplicidade de tarefas em «simultâneo», que provocam viver em «stress».
São aconselhados períodos de relaxamento e de reflexão ao longo do dia, para que o cérebro possa fazer pausas no processo de consolidação e armazenamento da informação. Mesmo o mais rápido dos computadores precisa de tempo para sequencialmente processar a informação, mas por vezes queremos ser mais rápidos que o computador! Como podemos não falhar se ultrapassamos os limites da velocidade de processamento do nosso cérebro?
A memória humana é uma função cerebral complexa sustentada por uma extensa rede de células neuronais e de ligações sinápticas, em relação com outras áreas cognitivas (atenção, raciocínio, percepção). O processo de memorização desenrola-se ao longo de quatro etapas: recepção (entrada de informação), codificação (catalogação), consolidação (armazenamento), evocação (recuperação quando é necessário).
Todas as capacidades cognitivas devem ser treinadas e estimuladas e é fundamental uma vida equilibrada: horas de sono suficientes, alimentação adequada, exercício físico e evitar o «stress».

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CANSAÇO



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

NO BURACO EM QUE NOS METERAM...

Para quem fala o presidente

"Os próximos tempos podem ser insuportáveis para alguns dos nossos concidadãos, em especial os reformados e os desempregados", avisou ontem Cavaco Silva em Carregal do Sal. O presidente apelou ao "espírito solidário dos portugueses" e a um "diálogo frutuoso e construtivo" na AR de modo evitar "custos insuportáveis" para uma parte da população e a "preservar a coesão social e criar um ambiente social menos negativo" no país.

Ninguém contestará as palavras do presidente da República. Mas, para serem ouvidas por aqueles a quem se dirige e assobiam para o lado, não deveriam ter sido ditas e repetidas antes no Palácio de Belém ao primeiro-ministro? Acredito que Cavaco Silva já o tenha feito e que Passos Coelho conheça a sua preocupação com a "coesão social" e o "ambiente social negativo" que o OE gerará. Provavelmente até já a conheceria antes da elaboração do OE para 2012. Mas, se a ignorou até agora, porque haverá ela de lhe importar vinda de Carregal do Sal?
Já o apelo presidencial ao "espírito solidário dos portugueses", supõe-se que dos mais ricos, ficaria talvez melhor em algum dos fóruns empresariais a que Cavaco Silva regularmente vai. Talvez aí o mais rico dos portugueses, o "trabalhador" Américo Amorim, percebesse o que significa "solidariedade" (para os católicos, a virtude cardial da "liberalitas") já que, nos seus domingos de missa, nunca terá ouvido falar do pecado mortal da avareza.

sábado, 5 de novembro de 2011

NÃO SE DEIXE AFOGAR PELA CRISE…A VIDA TEM MUITO PARA DAR!

Ainda é possível usufruir-se de cultura a custos sustentáveis. Museus, espectáculos, downloads grátis de livros (Projecto Gutemberg, que dá acesso à grande literatura mundial) música, exposições de arte, Paisagens Protegidas, Patrimónios Mundiais, há um mundo a descobrir a preço zero ou com preços simbólicos.

Relativamente à música os «show-cases» da FNAC e os muitos bares espalhados por todo o país oferecem música ao vivo a preços reduzidos.

Tenho assistido na FNAC a apresentação de cantores de todos os géneros e sendo locais pequenos oferecem aquele intimismo de aproximação muito agradável, como se de um grupo de amigos se tratasse.

Gostei bastante, depois de um café de conhecer e ouvir a nova-iorquina, Maya Solovéy, detentora de uma grande voz, compositora e instrumentista.






Pessoa de uma simplicidade e carinho surpreendentes, dirigiu-se às pessoas de uma forma muito afável, falando inglês, português, espanhol e perguntando se tínhamos gostado e agradecendo.
Há pessoas que de facto são um espanto e fazem a diferença! Não podia deixar de assinalar isso de tal modo me emocionou.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

«CINEMÁ VERITÉ»

Cinema verdade curtas metragens ou documentários, sem encenação, sem história premeditada, apenas explorando um tema, com o recurso a documentos ou com meios técnicos leves, para que a busca da verdade possa ser captada de imediato, sem encenações, sem actores, sem preparação de luz, ângulo, sequência...  É um género que me agrada especialmente, mas que dificilmente pode ser visionado a não ser em festivais esporádicos que vão acontecendo. Obviamente que não têm características comerciais e não faz parte da programação dos cinemas. Leio sobre este assunto e vou ao youtube pesquisar, às vezes encontro!


CHRONIQUED’UN ETÉ – JEAN ROUCH EDGAR MORIN

É FELIZ?, a pergunta repete-se ao longo de um dos mais emblemáticos documentários de Jean Rouch, «CHRONIQUE D’UN ETÉ, assinado também por Edgar Morin. Lançaram a pergunta pelas ruas de Paris, como quem procura a felicidade. É um documentário impressionante.


GEORGE HARRISON, LEAVING IN TEHE MATERIAL WORLD – MARTIN SCORSESE



Scorsese fez um grande documentário sobre George Harrison, que é muito provavelmente o Beatle com um percurso mais rico e diversificado. George teve que defrontar a mais poderosa dupla de compositores, John Lennon e Paul McCartney e conseguiu obter um estilo próprio e inconfundível. Em termos de história o que se tornou mais fascinante foi a sua viagem à Índia, onde conheceu e conviveu com Ravi Shankar e aprendeu a tocar cítara. Depois foi o responsável pelos primeiros festivais de ajuda humanitária.


O NOSSO HOMEM – PEDRO COSTA

Há escritores que depois de um romance escrevem um conto, são interlúdios a que dedicam igual rigor e intensidade, o mesmo acontece com Pedro Costa, que vai intercalando longas com curtas-metragens, também pela falta de apoios e que são apontamentos, revisitações e experiências.
Nesta curta faz uma reflexão sobre as pessoas e os ambientes do casal da Boba, na Amadora e sobre as raízes e identidades que nos ligam à terra onde nascemos.


SLEEPLESS NIGHTS STORIES – JONAS MEKAS


Mekas nascido na Lituânia é um compagnon de route da Beat Generation e fez da sua vida uma autêntica lenda do cinema documental, num género de diário filmado.
Neste doc, mistura géneros e é acima de tudo uma conta-corrente andarilha.


SODANKYLÄFOREVER – PETER VON BAGH



Reflexão sobre o cinema, de um estudioso da sétima arte. Conta histórias, revela memórias, debate ideias e os convidados são de gabarito: Francis Ford Coppola, Dino Risi, Terry Gilliam, Kiarostami, Charles Chabrol, Wim Wenders, Jacques Demy, Agnés varda, Jean Rouch, Costa-Gravas, Manuel de Oliveira.