A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

SIDONIE-GABRIELLE COLETTE




Escandalosa. Revolucionária. Determinada. Estas são apenas algumas das palavras usadas para descrever a sensação francesa Sidonie-Gabrielle Colette. Seu carácter único e um tipo único de força que a fez uma das autoras mais excepcionais e controversas a surgir na Europa no início do século XX. Apesar da sua reputação devassa, ela era uma líder dos movimentos feministas e de liberdade, um farol de luz num tempo terrivelmente conservador.

Os primeiros anos de Colette estão envoltos em mistério. O que se sabe é que ela nasceu em Janeiro de 1873, seu pai era um capitão aposentado, a mãe uma fina amante das artes. Graças a seus pais, Colette foi introduzida numa idade adiantada, tanto para o mundo rico de arte belga quanto na clandestina arena da política.

Sua história realmente começa na tenra idade de 20, quando se casou com Henri Gauthier-Villars, um bissexual conhecido tanto por sua sagacidade, quanto pelas suas conexões com o submundo parisiense, onde era conhecido simplesmente como "Willy". O seu novo marido era 15 anos mais velho, mas viu imediatamente que sua jovem esposa não era fácil, e por isso procurou algo para nutrir imediatamente sua inteligência e seu intelecto.

Willy encorajou-a a escrever, dando-lhe a oportunidade de publicar o seu trabalho com o seu nome; uma rara oportunidade para uma mulher em 1900. Seu primeiro grande trabalho foi uma colecção conhecida como Os romances de Claudine, um trabalho que algumas fontes dizem que foi escrito sob intensa pressão. Willy não era um mentor gentil: a lenda diz que ele trancava sua esposa em seu quarto por horas, até que produzisse um trabalho de alta qualidade.

O Trabalho de Colette estava transbordando de energia sexual, muito do qual foi tirado directamente de sua própria história de vida. Sua bissexualidade era um tema quente nos livros de Claudine, que abriu novos caminhos literários. Claudine na Escola foi o primeiro romance da literatura moderna a lidar com o romance lésbico: A protagonista de 15 anos de idade desenvolve uma paixão incontrolável por sua própria assistente feminina. Colette, apesar dos seus inúmeros casamentos e amantes do sexo masculino, sempre teve um fraquinho por meninas, especialmente as beldades de Paris.

  
 
Colette manteve relações estreitas com as personalidades mais conhecidas da alta sociedade, tendo amigos e amantes das maiores esferas de poder. Isso permitiu-a lidar com certos assuntos, como a infame Mathilde de Belobeuf, mais conhecida como "Missy" para seus entes queridos e "Monsieur Belboeuf" no submundo lésbico de Paris. 

O seu gosto por meninas não foi a única coisa que causou escândalo. Ela teve outra controvérsia em 1906, quando uma fotografia foi tirada durante uma performance teatral, durante a qual expôs um de seus seios, isto chocou pessoas em todo o mundo, começando uma controvérsia internacional e apresentando um desafio novo e totalmente inesperado para os papéis tradicionais de género da sociedade francesa. Este pequeno deslize até abriu o caminho para o movimento de libertação das mulheres.

A verdadeira fonte de controvérsia, no entanto, sempre foi o trabalho de Colette. Apesar dos trabalhos luxuriosos, da recepção escandalosa e sensibilidades feridas de leitores tensos, seus romances tornaram-se um sucesso comercial arrebatador. A escrita de Colette gerou tudo, desde um palco musical a uma marca de perfume, de temas pra uniforme "Claudine” a temas para sabão. As pessoas até vendiam cigarros com o título da chocante porém ainda aclamada saga.


Nem mesmo a idade poderia retardar Colette. Aos 72 anos, depois de três casamentos e uma vida de escândalos, publicou seu romance mais aclamado de sempre: Gigi. Este trabalho florido também gerou sucesso, mais tarde adaptado como uma peça musical com Audrey Hepburn, e para o cinema em 1948, e novamente em 1958 como um musical com Leslie Caron.

Colette morreu em 1954. A sua perda foi sentida por toda a Europa como uma das escritoras mais importantes e influentes de todos os tempos. Mais uma vez e mesmo depois da sua morte, revolucionou o mundo quando lhe deram um funeral de Estado francês, uma honra rara para uma mulher na época.

UM CASAL MUITO PECULIAR: DALI/GALA




Em 1912, Gala foi enviada para um sanatório em Clavadel, Suíça, para tratamento da tuberculose. Conheceu Paul Éluard e apaixonaram-se. Ambos tinham 17 anos. Em 1916, durante a I Guerra Mundial, ela viajou da Rússia para Paris para se reunir com ele, casaram um ano depois. A sua filha, Cécile, nasceu em 1918. Gala detestava a maternidade, maltratando e ignorando a sua filha. Com Éluard, Gala envolveu-se com o movimento surrealista, que foi uma inspiração para muitos artistas, incluindo Éluard, Louis Aragon, Max Ernst e André Breton. Breton depois a desprezou, alegando que ela era uma influência destrutiva sobre os artistas com quem fez amizade. Ela, Éluard e Ernst passaram três anos num relacionamento. Em 1929, Éluard e Gala visitaram um jovem pintor surrealista em Espanha, Salvador Dalí. Um caso rapidamente se desenvolveu entre Gala e Dalí, que era cerca de 10 anos mais jovem do que ela. No entanto, mesmo após a separação do seu casamento, Éluard e Gala continuaram a estar perto.
Depois de viverem juntos desde 1929, Dalí e Gala casaram-se  Devido à sua fobia suposta da genitália feminina, Dalí teria dito que era virgem quando se encontraram na Costa Brava, em 1929. Por essa época ela teve miomas uterinos, para os quais se submeteu a uma histerectomia em 1936.
No início dos anos 1930, Dalí começou a assinar seus quadros assim: "É principalmente com o sangue, Gala, que eu pinto minhas imagens". Ele afirmou que Gala agiu como seu agente. Segundo a maioria dos relatos, Gala teve um forte impulso sexual e ao longo da sua vida teve vários casos extraconjugais (entre eles, com seu ex-marido Paul Éluard), que Dalí incentivava. Gala tinha uma predilecção por jovens artistas, e na sua velhice, muitas vezes deu presentes caros para os seus amantes.
Com setenta anos, teve um relacionamento com o cantor de rock Jeff Fenholt. Ela supostamente cumulou-o de presentes, incluindo pinturas de Dalí e uma casa de milhões de dólares em Long Island. Gala morreu em Port Lligat em 1982, aos 87 anos, e foi enterrada no Castelo de Púbol em Girona, propriedade que Dalí tinha comprado para ela.
Gala é um modelo frequente na obra de Dalí, as suas pinturas mostram seu grande amor por ela, e algumas são, talvez, as representações mais carinhosas e sensuais de uma mulher de meia-idade na arte ocidental.

domingo, 17 de junho de 2018

SÍRIA, O PAÍS DESTRUÍDO ONDE AS SUPERPOTÊNCIAS BRINCAM À GUERRA!



Sete anos em guerra e não parece ter fim à vista, com consequências devastadoras. Por essa razão muitos deixam o seu país, a sua família, a sua casa, os amigos e rumam a outro país onde tudo são incógnitas, sem muito pouco levar consigo ou nada.


Estima-se que já terão morrido mais de 250 mil pessoas e que mais de cinco milhões tenham sido obrigadas a sair do seu país.

Este conflito, onde foram destruídas cidades inteiras, começou com uma guerra civil, motivada pela chamada Primavera Árabe e que passou a ser palco para as potências mundiais, como os Estados Unidos e a Rússia mostrarem quem pode mais.



A Primavera Árabe, foi uma série de revoltas, que aconteceram nos países árabes, contra as condições sociais em que as pessoas viviam e contra os seus ditadores. O primeiro país em que o ditador caiu foi na Tunísia, Zine El Abidine Bn Ali estava a governar há 23 anos. Os outros países ficaram com esperanças, como o Egipto e a Líbia. Na Líbia resultou, com a caída de Muammar Kadhafi, no poder há 40 anos. Chegou ainda a Marrocos, ao Iémen, etc. Mas na Síria os protestos foram duramente reprimidos por Bashar al- Assad, cuja família está no poder há décadas.


O que começou com protestos das populações, passou a palco de guerra. Bashar foi apoiado pelo Irão e pela Rússia, para evitar a sua destituição, reprimindo o Exército Síria Livre, formado a partir do Partido da União Democrática, constituído por curdos, que têm o apoio  da Turquia, da Arábia Saudita, dos Estados Unidos e da União Europeia. Pelo meio a população foi submetida ao terror e violência do Estado Islâmico.

Milhões saíram confrontando-se com a resistência que alguns países têm contra os refugiados. Outros permanecem na Síria, onde qualquer coisa pode acontecer.

Recentemente os Estados Unidos, Reino Unido e França bombardearam alvos militares, aumentando a tensão com a Rússia.

A tragédia continua….


sábado, 16 de junho de 2018

AS CLOTILDES QUE PASSAM POR MIM!



Eu talvez conheça a Clotilde, eu vejo-as pelas ruas. Fiquei admirada de ver uma senhora, cheia de sacos no Jardim da Boavista a dar de comer aos pombos, depois disseram-me, que todos os dias ia lá.
Mas vamos à Clotilde. A Clotilde há 30 anos que alimenta gatos abandonados en vários pontos da cidade. São cerca de 100 gatos. «Nem que viesse o Presidente da República deixava de o fazer!»

Ficou sozinha, perdeu marido e filho e os animais são a sua família. Trabalhou como operária têxtil, na hotelaria e depois fazia limpezas. Agora está reformada, tem oitenta anos e puxando um carrinho de rações, passa os dias na rua, todos os dias, não há fins de semana.

Diz que coloca  a comida em sítios escondidos, para manter a rua limpa. E confessa «E com eles que gosto de conviver, as pessoas hoje em dia não prestam.

Gasta aquilo que não pode. «Muitas vezes tenho de tirar a mim para dar aos gatos. Mas não passo fome. Com sopa já fico satisfeita.

PARA REFLECTIR Consequências da longevidade

Roubam produtos alimentares, medicamentos, utensílios, roupas, etc... Não tanto por necessidade financeira, mas porque é a garantia de que vão ficar instaladas na prisão. Esta é a nova e dramática tendência entre as mulheres idosas do Japão.
Num país que tem a população mais idosa do mundo – 27,3% dos japoneses têm 65 anos ou mais , a solidão dos mais velhos é um problema crescente. E muitos destes idosos estão a virar-se para o crime como uma alternativa para poderem usufruir da“estabilidade e da comunidade da prisão”, avança a Bloomberg.
Os números oficiais revelam um surpreendente aumento no “crime sénior”, com uma taxa de crescimento que é especialmente relevante entre as mulheres. As dificuldades financeiras explicam alguns casos, mas em muitas situações é a solidão que motiva estes pequenos roubos que são feitos de forma reincidente. Um inquérito realizado em 2017, em Tóquio, concluiu que mais de metade dos idosos apanhados a roubarem vivem sozinhos, e 40% não têm família ou não mantêm contactos com os familiares.
“A prisão é um oásis para mim”
Uma detida de 74 anos, está neste momento a cumprir a terceira pena de prisão, relata a Bloomberg. Outra detida de 78 anos, também está presa pela terceira vez.
“A prisão é um oásis para mim, um lugar para relaxamento e conforto. Não tenho liberdade, mas não tenho com o que me preocupar. Há muitas pessoas com quem falar. Fornecem-nos refeições nutritivas três vezes ao dia”, conta esta detida de 78 anos.
Gosto mais da minha vida na prisão. Há sempre pessoas à volta e não me sinto sozinha”, refere outra detida de 80 anos. Esta mulher, que também vai na sua terceira pena de prisão, tem marido, dois filhos e seis netos, mas lamenta- se que se senti-a “muito solitária” antes de ser presa.
“O meu marido dava-me muito dinheiro e as pessoas diziam-me sempre como eu era sortuda, mas o dinheiro não era o que eu queria. Não me fazia nada feliz”, diz a idosa de 80 anos, comentando que há 13 anos, quando roubou um romance de bolso e foi interrogada “por um polícia muito doce”, sentiu que “estava a ser ouvida pela primeira vez na vida”.
Para outra detida de 80 anos, igualmente a cumprir a terceira pena de prisão, foi “a ansiedade” que a levou para trás das grades.
“O meu marido teve um enfarte há cinco anos e tem estado acamado desde então. Também tem demência e sofre de delírios e paranóia. Era demasiado cuidar dele, fisicamente e emocionalmente, por causa da minha idade avançada. Mas não podia falar do meu stress com ninguém porque tinha vergonha“, conta.
“Fui presa pela primeira vez, quando tinha 70 anos. Quando roubei na loja, tinha dinheiro na carteira. Mas pensei na minha vida. Não queria voltar para casa, e não tinha mais lado nenhum para onde ir. Ir para a prisão foi a única saída”, constata, concluindo que a sua vida “é muito melhor” agora que está atrás das grades.

Aumento nos gastos preocupa Governo

Estes relatos ajudam a perceber aquele que é um problema cada vez mais dramático, no seio da sociedade japonesa. Para lá das circunstâncias e dos desafios sociais envolvidos, o Governo do país está também preocupado com o aumento dos gastos no sector prisional.


domingo, 29 de abril de 2018

FLORES!



Com chuva e sol e um constante vento frio é PRIMAVERA!


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
-Cecília Meireles




Vem chuva, vem sol?

Cá andamos nesta incerteza, num mar de incertezas!

segunda-feira, 23 de abril de 2018

DUAS PERSONALIDADES DE ARCOS DE VALDEVEZ!


Em 1904, um português, conhecido como Padre Himalaya, recebia o "Grand Prix" na Exposição Mundial de St. Louis, nos EUA, por um engenho - chamado pireliófero - que utilizava a energia solar para derreter rochas e metais. "Era um defensor do desenvolvimento sustentável ". O pireliófero - que significa "eu trago o fogo do sol" - era uma estrutura de aço de 13 metros de altura e com uma larga superfície de 80 metros quadrados, formada por milhares de pequenos espelhos que reflectiam a luz do Sol num pequeno forno onde se fundiam rochas e metais, a uma temperatura que ascendia aos 3500 graus Celsius.

O seu inventor, Manuel António Gomes, nasceu em 1868, no concelho de Arcos de Valdevez. A alcunha só a receberia anos mais tarde, no seminário, devido à sua elevada estatura.

O nome seria imortalizado ainda numa outra invenção - a himalaíte - um explosivo que rivalizava em eficácia com a dinamite e que terá suscitado o interesse dos EUA. Não terá vendido a patente, segundo ele próprio afirmou numa palestra da Liga Naval, por fidelidade à pátria, já que lhe era exigida a naturalização como cidadão norte-americano.

Mas o Padre Himalaya patenteou muitos outros inventos, desde motores que aproveitavam a força das marés para produzir energia eléctrica até máquinas para tratamento de lixos industriais. Defendeu a arborização do país e a criação de centrais hidroeléctricas por todo o território nacional.

"Não foi apenas um inventor técnico", disse Jacinto Rodrigues, autor do livro "A conspiração solar do Padre Himalaya", lançado em 2002. "Era um precursor do pensamento ecológico", que pensou os problemas do país à luz desta visão. Numa época em que o petróleo começava a ser usado, foi um grande defensor das energias renováveis, que entendia serem úteis para países, como Portugal, com poucos combustíveis fósseis.

Em 1909, apresentou um plano, na Academia de Ciências, onde previa a construção de uma ponte, a apenas 300 metros do actual traçado da ponte Vasco da Gama. Esta ponte suportaria ainda uma maquinaria de turbinas que utilizava a força das águas para produzir energia eléctrica e assim iluminar a cidade de Lisboa.
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Tomaz Xavier de Azevedo Cardoso de Figueiredo (Braga, 6 de Julho de 1902 — Lisboa, 29 de Abril de 1970), escritor. Tem uma biblioteca com o seu nome em Arcos de Valdevez.

Nasceu em Braga, mas passados poucos meses foi, com seus pais, residir em Arcos de Valdevez, para a Casa de Casares, (Hoje Casa-Museu) construída pelo seu avô materno, e onde ainda viviam algumas das suas tias solteiras. A ida tão cedo, para os Arcos, justifica o sentimento que o leva a considerar essa vila como "terra minha pela memória e pelo amor".
Casa de Casares

OBRAS: 

  • A Toca do Lobo, Prémio Eça de Queiroz (1948).
  • Nó Cego e Carta ao Júri do Prémio Eça de Queiroz.
  • Uma Noite na Toca do Lobo.
  • Procissão dos Defuntos.
  • Guitarra, treze romances em verso.
  • Conversa Com o Silêncio.
  • A Gata Borralheira, Prémio Diário de Notícias (1963).
  • 1º volume da "Crónica Heróica" Dom Tanas de Barbatanas – O Doutor Geral.
  • Vida de Cão.
  • 2º volume de Dom Tanas de Barbatanas – O Magnífico Sem Par.
  • 1º volume de Monólogo em Elsenor – Noite das Oliveira', monólogo que se irá espraiar por quatro volumes de uma “prosa poética”, muitas vezes dorida, muitas vezes satírica, mas sempre, como diz Fernanda Botelho, “num estilo vigoroso, trabalhado, ora truculento, ora lírico, sempre encadeado por extremismos de paixão e de barroquismo.” E também, o 1º volume de Teatro, com as peças A Rapariga da Lorena, O Visitador Extraordinário, e A Barba do Menino Jesus.
  • Tiros de Espingarda, Prémio Nacional de Novelística (1966).
  • Viagens No Meu Reino (poesia)
  • 2º volume de Monólogo em Elsenor – A Má Estrela.
  • A Outra Cidade.

in POESIA I

Sou um archote inútil de Poesia.
Queimo-me, puro fogo, em fogo puro.
Orfeu no Inferno, sou o palinuro
Duma nau que aberrada estrela guia.

E, cruel sempre, esta veloz porfia
de acender versos no luar escuro.
Obsesso da Beleza, o mais abjuro,
fiel lhe sou, matando a Alegria.

Não paro. Por um ano, por vinte anos,
hei-de parir sonetos desumanos
em que me firo como em lanças más.

Nisto, até nisto, e a viver de horror,
sempre me hei-de entregar. Hóstia de Amor,
hei-de morrer poeta e rapaz.




UM EXCELENTE PASSEIO ATÉ SISTELO, CONHECIDO COMO O TIBETE PORTUGUÊS. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA CONSIDEROU PELA PRIMEIRA VEZ PATRIMÓNIO NACIONAL, UMA PAISAGEM!

A aldeia de Sistelo situa-se no concelho de Arcos de Valdevez, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gêres, junto à nascente do rio Vez. Famosa pelas suas paisagens em socalcos, onde se cultiva o milho e pasta o gado, a aldeia encontra-se muito bem preservada, tendo sido recuperadas as casas típicas de granito, os espigueiros e os lavadouros públicos.
O Castelo de Sistelo, ex-líbris da aldeia, merece uma cuidadosa visita: trata-se de um palácio de finais do século XIX onde viveu o Visconde de Sistelo. Agradável deambular pelas ruelas de Sistelo e apreciar a Igreja Paroquial, a Casa do Visconde de Sistelo, a Ponte Romana e o Moinho, a ponte de Sistelo de jusante, a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as Capelas de Santo António, de São João Evangelista, da Senhora dos Remédios e da Senhora do Carmo.
Para quem é apreciador de caminhadas na natureza, pode percorrer o Trilho das Brandas de Sistelo (10 km), que tem início na aldeia, ficando a conhecer as brandas de Rio Covo, em Sistelo, do Alhal, no Padrão, e da Cerradinha, terrenos que, durante o verão, serviam de apoio à pastorícia.


ARCOS DE VALDEVEZ

Arcos de Valdevez é uma vila raiana portuguesa no Distrito de Viana do Castelo, região Norte e sub-região do Minho-Lima.
O chamado Torneio de Arcos de Valdevez também conhecido por "Recontro de Valdevez", foi um importante e decisivo episódio da História de Portugal ligado aos primeiros tempos da nacionalidade, sendo o antecedente da celebração do Tratado de Zamora em 1143.
No ano de 1662, durante a Guerra da Restauração, a vila foi incendiada pelo general governador de armas de Castela D. Baltazar Rojas Pantoja, que estabeleceu o seu quartel-general no Paço de Giela, numa enérgica ofensiva sobre o Minho.

«Arcos de Valdevez Onde Portugal se Fez» é o slogan deste histórico Concelho que contribuiu para a fundação da nacionalidade.


quarta-feira, 18 de abril de 2018

TOMÁS ANTÓNIO GONZAGA


Tomás António Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de Agosto de 1744 — Ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu.



Nasceu em Miragaia, freguesia do Porto, em prédio devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa (de ascendência inglesa, Tomásia Isabel Clarque) e pai brasileiro, nordestino (João Bernardo Gonzaga). Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro para Pernambuco em 1751 depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, sediada na atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente, de apenas dezasseis anos, Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília numa das possíveis interpretações dos seus poemas, que teria sido imortalizada na sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que os poemas foram escritos.
EXCERTO
Irás a divertir-te na floresta,
sustentada, Marília, no meu braço;
aqui descansarei a quente sesta,
dormindo um leve sono em teu regaço;
enquanto a luta jogam os pastores,
e emparelhados correm nas campinas,
touca rei teus cabelos de boninas,
nos troncos gravarei os teus louvores.
    Graças, Marília bela,
    graças à minha estrela!


Durante a sua permanência em Minas Gerais, escreveu Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolveu pedir em casamento Maria Doroteia dois anos depois. O casamento foi marcado para o final do mês de Maio de 1789. Como era menos rico que ela e era funcionário público, portanto poderia ser transferido para a capital, Salvador, sofreu grande oposição por parte dos pais de Maria Doroteia.
Pelo seu papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira revolta pró-independência de Minas Gerais), trabalhando junto de outros personagens dessa revolta, é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo uma pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo os seus bens confiscados. Foi, portanto, separado da sua amada, Maria Doroteia. Permaneceu em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das suas poesias. Em 1792, a sua pena foi comutada em degredo, a pedido pessoal de D. Maria I e o poeta foi enviado para a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos.
No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (até hoje não se sabe quem teria feito, provavelmente irmãos da maçonaria). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a casar em 1793 com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"),com quem teve dois filhos: Ana e Alexandre, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810. Ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas. Foi patrono da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.
As suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (colecção de poesias líricas). É considerado um dos melhores escritores da época.



terça-feira, 17 de abril de 2018

sábado, 14 de abril de 2018

ATENEU COMERCIAL DO PORTO!

Edifício e entrada: Salas de Estar, de Exposições, Bar e Salão de Jogos

O Ateneu passa por tempos difíceis, com todas as mudanças sociais, que foram ocorrendo, no entanto está em mãos empenhadas e luta para não encerrar. Os sócios diminuíram bastante, a casa exige uma manutenção constante, a biblioteca está em risco, numa cave sem ventilação e sem as atenções necessárias. A rentabilidade tem sido feita, através do aluguer dos seus espaços, para eventos.

Piso Inferior: Sala da Direcção, Sala de Leitura, Biblioteca, Salão de Bilhar
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Piso superior: grande escadaria, grande foyer, Sala D. Luís, Sala D. Maria e Salão Nobre
*Algumas dependências não se podem visitar, porque estão encerradas: restaurante, sala de bilhar e biblioteca na cave.
O Ateneu Comercial do Porto, Associação de Cultura, Instrução e Recreio, foi fundado em 29 de Agosto de 1869 e resultou da fusão de outras instituições congéneres que não vingaram, fundadas por burgueses.
Por divisa escolheu "Inter Folia Fructus", que retracta o seu propósito de "... promover e cimentar relações de benevolência e boa sociedade entre os associados e proporcionar-lhes um passatempo honesto e civilizador por meio de reuniões ordinárias, dança e leitura, conversação e jogo lícito".
A Associação, com cariz de clube privado, é dotado de magníficas instalações, dispõe de um salão nobre, polivalente, biblioteca, bufete, bar, barbearia, sala de visitas, salas de jogos, salões de bilhar e sala de leitura.
Desde as suas origens de sociedade recreativa, até às extravagâncias de clube burguês, não esquecendo a tradição dos bailes, saraus e tertúlias, onde sempre contou com a presença da velha e nova aristocracia, nunca deixou de se identificar com o Porto e os seus movimentos cívicos e culturais.
A sua peculiar identidade, permitiu-lhe acolher todas as elites, de distintas sensibilidades, poderes e contra-poderes, nunca assumindo conotações marcadas com qualquer grupo, sobrevivendo desta forma às vicissitudes do desenrolar da história. 
É riquíssimo o historial desta Instituição, os eventos de projecção nacional e internacional realizados ao longo de mais de 148 anos de vida e por onde passaram figuras de grande prestígio nacional e internacional, no domínio das letras, artes plásticas e cénicas, música, política e ciência.
Não menosprezando o seu valioso património artístico em quadros a óleo, escultura e faiança, bem como colecções de cariz numismático e medalhístico, a sua "jóia da coroa" é a Biblioteca, considerada uma das melhores bibliotecas privadas da Península Ibérica. O seu recheio bibliográfico é de grande valia, possuindo um espólio superior a 40.000 títulos e 80.000 volumes, destacando-se, de entre muitas raridades, uma primeira edição de "Os Lusíadas", uma edição da Bíblia datada de 1500 e alguns escritos de Fernão Lopes.