A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




segunda-feira, 23 de abril de 2018

DUAS PERSONALIDADES DE ARCOS DE VALDEVEZ!


Em 1904, um português, conhecido como Padre Himalaya, recebia o "Grand Prix" na Exposição Mundial de St. Louis, nos EUA, por um engenho - chamado pireliófero - que utilizava a energia solar para derreter rochas e metais. "Era um defensor do desenvolvimento sustentável ". O pireliófero - que significa "eu trago o fogo do sol" - era uma estrutura de aço de 13 metros de altura e com uma larga superfície de 80 metros quadrados, formada por milhares de pequenos espelhos que reflectiam a luz do Sol num pequeno forno onde se fundiam rochas e metais, a uma temperatura que ascendia aos 3500 graus Celsius.

O seu inventor, Manuel António Gomes, nasceu em 1868, no concelho de Arcos de Valdevez. A alcunha só a receberia anos mais tarde, no seminário, devido à sua elevada estatura.

O nome seria imortalizado ainda numa outra invenção - a himalaíte - um explosivo que rivalizava em eficácia com a dinamite e que terá suscitado o interesse dos EUA. Não terá vendido a patente, segundo ele próprio afirmou numa palestra da Liga Naval, por fidelidade à pátria, já que lhe era exigida a naturalização como cidadão norte-americano.

Mas o Padre Himalaya patenteou muitos outros inventos, desde motores que aproveitavam a força das marés para produzir energia eléctrica até máquinas para tratamento de lixos industriais. Defendeu a arborização do país e a criação de centrais hidroeléctricas por todo o território nacional.

"Não foi apenas um inventor técnico", disse Jacinto Rodrigues, autor do livro "A conspiração solar do Padre Himalaya", lançado em 2002. "Era um precursor do pensamento ecológico", que pensou os problemas do país à luz desta visão. Numa época em que o petróleo começava a ser usado, foi um grande defensor das energias renováveis, que entendia serem úteis para países, como Portugal, com poucos combustíveis fósseis.

Em 1909, apresentou um plano, na Academia de Ciências, onde previa a construção de uma ponte, a apenas 300 metros do actual traçado da ponte Vasco da Gama. Esta ponte suportaria ainda uma maquinaria de turbinas que utilizava a força das águas para produzir energia eléctrica e assim iluminar a cidade de Lisboa.
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Tomaz Xavier de Azevedo Cardoso de Figueiredo (Braga, 6 de Julho de 1902 — Lisboa, 29 de Abril de 1970), escritor. Tem uma biblioteca com o seu nome em Arcos de Valdevez.

Nasceu em Braga, mas passados poucos meses foi, com seus pais, residir em Arcos de Valdevez, para a Casa de Casares, (Hoje Casa-Museu) construída pelo seu avô materno, e onde ainda viviam algumas das suas tias solteiras. A ida tão cedo, para os Arcos, justifica o sentimento que o leva a considerar essa vila como "terra minha pela memória e pelo amor".
Casa de Casares

OBRAS: 

  • A Toca do Lobo, Prémio Eça de Queiroz (1948).
  • Nó Cego e Carta ao Júri do Prémio Eça de Queiroz.
  • Uma Noite na Toca do Lobo.
  • Procissão dos Defuntos.
  • Guitarra, treze romances em verso.
  • Conversa Com o Silêncio.
  • A Gata Borralheira, Prémio Diário de Notícias (1963).
  • 1º volume da "Crónica Heróica" Dom Tanas de Barbatanas – O Doutor Geral.
  • Vida de Cão.
  • 2º volume de Dom Tanas de Barbatanas – O Magnífico Sem Par.
  • 1º volume de Monólogo em Elsenor – Noite das Oliveira', monólogo que se irá espraiar por quatro volumes de uma “prosa poética”, muitas vezes dorida, muitas vezes satírica, mas sempre, como diz Fernanda Botelho, “num estilo vigoroso, trabalhado, ora truculento, ora lírico, sempre encadeado por extremismos de paixão e de barroquismo.” E também, o 1º volume de Teatro, com as peças A Rapariga da Lorena, O Visitador Extraordinário, e A Barba do Menino Jesus.
  • Tiros de Espingarda, Prémio Nacional de Novelística (1966).
  • Viagens No Meu Reino (poesia)
  • 2º volume de Monólogo em Elsenor – A Má Estrela.
  • A Outra Cidade.

in POESIA I

Sou um archote inútil de Poesia.
Queimo-me, puro fogo, em fogo puro.
Orfeu no Inferno, sou o palinuro
Duma nau que aberrada estrela guia.

E, cruel sempre, esta veloz porfia
de acender versos no luar escuro.
Obsesso da Beleza, o mais abjuro,
fiel lhe sou, matando a Alegria.

Não paro. Por um ano, por vinte anos,
hei-de parir sonetos desumanos
em que me firo como em lanças más.

Nisto, até nisto, e a viver de horror,
sempre me hei-de entregar. Hóstia de Amor,
hei-de morrer poeta e rapaz.




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