A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




segunda-feira, 2 de abril de 2018

UMA VISITA DE ESTUDO À IGREJA S. JOSÉ DAS TAIPAS!

NESTAS VISITAS . A PERSPECTIVA É SEMPRE MAIS HISTÓRICA E ARTÍSTICA, QUE RELIGIOSA.

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Igreja de S. José das Taipas
O local designado de “Taipas” refere-se aos entaipamentos que por aqui se fizeram no século XVI, por se encontrar esta zona atacada de peste. Os entaipamentos isolavam os doentes e, assim, evitavam o contágio com a restante população.
De estilo neoclássico, a sua construção iniciou-se no ano de 1795 e finalizou no ano de 1878. O templo tem uma só nave em abóbada de berço, suportada por dez arcos. A obra é de Carlos Amarante, arquitecto e engenheiro militar do neoclassicismo, autor de vasta obra no norte de Portugal. Da sua autoria, salientam-se os conhecidos monumentos do Bom Jesus, Igreja do Pópulo e Igreja do Hospital de S. Marcos, localizadas em Braga; a Ponte de São Gonçalo sobre o Rio Tâmega, em Amarante; Ponte das Barcas, no Porto, (hoje desaparecida); Reitoria da Universidade do Porto; igreja da Trindade, no Porto; Palácio da Brejoeira, em Monção.
A igreja de S. José das Taipas encontra-se intimamente ligada aos acontecimentos ocorridos durante as Invasões Napoleónicas e à memória da população da cidade que ainda se ressente das violências praticadas e do terror que invadiu a urbe por esses tempos. Guarda no seu interior uma pintura alusiva ao Desastre da Ponte das Barcas, episódio histórico de grande relevo para a cidade, ocorrido durante as invasões francesas a 29 de Março de 1809. Esta pintura original em cobre encontrava-se na Ribeira e assinalava o local onde a ponte, que ligava Porto e Gaia, construída sobre barcas, ruiu perante a massa populacional em fuga para a margem sul, impelida pela invasão militar francesa. Hoje, a pintura alusiva ao massacre está protegida no interior da igreja e, em sua substituição, foi colocada uma outra peça em bronze do escultor Teixeira Lopes, designa-se de Alminhas da Ponte.
São ainda de salientar no interior da igreja um presépio do séc. XVIII, atribuído à Escola de Machado de Castro; uma pintura da antiga escola alemã, representando a Nossa Senhora da Divina Providência, um Cruzeiro e outras obras que se encontram na área museológica anexa.
Esta igreja tem uma Cripta, por baixo do altar-mor. visitável. Um ossário contendo os restos mortais de c. de 200 vítimas do desastre da Ponte das Barcas recuperadas ao Rio Douro. Também não deve perder a subida à torre sineira, de onde se pode apreciar uma vista fantástica sobre o Porto e sobre a cintura da antiga muralha correspondente à Porta do Olival.
O Retábulo da Capela Mor possui um trono escalonado normalmente tapado por uma tela, de autor desconhecido.
O Sacrário, é o segundo maior da Cidade do Porto.
A Sacristia actual foi a primitiva Capela da Casa dos Pachecos. Tem uma imagem de Nossa Senhora de Vandoma, o único lugar onde ela está representada na Cidade, para além do da Sé Catedral.
No primeiro altar à direita de quem entra na Igreja, existe um altar dedicado a Nossa Senhora da Providência. É uma cópia da pintura existente na Sacristia, esta da escola alemã do séc. XVII de autor desconhecido e à qual foram adicionadas duas coroas em prata.
Muito interessante é o Lanternim. Tem 8 faces, constituídas por 10 janelas gradeadas em arco de volta perfeita sobre painéis entalhados com motivos religiosos e iconografia das Irmandades. Ao centro, uma claraboia elíptica.
à entrada de igrela, como noutras igrejas antigas,existe um apetrecho em ferro de cada lado da entrada, destinava-se a limpar as solas do calçado da lama dos caminhos.

Esta Igreja encontra-se em recuperação, é um projecto que visa recuperar património material e imaterial da cidade e também motivar um turismo cultural de repetição. Tem um orçamento de 1,5 milhões e contempla, além desta igreja, a de S. João Novo, São Nicolau, Santo Ildefonso, São Lourenço dos Grilos e a Capela de Nossa Senhora do Ó. Uma grande parte da despesa vem dos fundos comunitários no âmbito de Portugal 2020. O restante da Câmara Municipal do Porto, da SRU, Porto Editora e entidades bancárias.

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