A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




domingo, 8 de abril de 2018

UM DIA TRISTE PARA A HISTÓRIA DE PORTUGAL!

A manhã gelada em que Portugal perdeu a guerra

Na madrugada de 9 de Abril de há 100 anos, o frágil Exército português teve de enfrentar uma poderosa ofensiva dos alemães nos campos húmidos e gelados da Flandres francesa. Em poucas horas, o destino dos 20 mil soldados que defendiam uma linha de dez quilómetros dividia-se entre a morte, a prisão ou a fuga. Foi um desastre que o caos da República e a incúria do Exército ajudam a explicar.
in Público

PARA QUEM QUISER SABER A HISTÓRIA DO MATA-MILHÕES! 

Aníbal Augusto Milhais (1895-1970), mais conhecido por "Mata-Milhões", foi o soldado português mais condecorado da Primeira Guerra Mundial, e o único soldado português premiado com a mais alta honraria nacional: a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
O Soldado Milhões tornou-se um herói durante a Primeira Guerra Mundial ao enfrentar sozinho uma ofensiva alemã, e a sua história faz parte da aldeia de Valongo de Milhais, perto de Murça, em Trás-os-Montes.
Na sua terra natal, no concelho de Murça, distrito de Vila Real, todos conhecem a história do jovem analfabeto e pobre, um franzino com pouco mais de metro e meio de altura, que desobedeceu às ordens de retirada e ficou para trás, sozinho e abrigado numa trincheira, a disparar contra o inimigo.
A história começa na madrugada de 9 de Abril de 1918, quando dezenas de divisões alemãs irromperam pelo sector português da frente, defendida pela segunda divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP). Em poucas horas, os portugueses perdem 7500 homens entre desaparecidos, mortos, feridos e prisioneiros, naquela que ficaria conhecida pela Batalha La Lys.
Augusto Milhais pertencia a uma secção de metralhadoras do Batalhão de Infantaria 15 (BI15). Especialidade: "atirador especial".
Já em França, Aníbal Milhais especializa-se em metralhadoras Lewis. Foi com a sua metralhadora Lewis, conhecida entre os portugueses por "Luísa", que enfrentou sozinho na trincheira os soldados alemães.
Aníbal Milhais corria entre os vários abrigos, disparando de diferentes posições e criando a ilusão, nas tropas alemãs, de que a posição estava a ser guardada por vários militares. À quarta ofensiva, os soldados alemães decidiram contornar aquele ponto e deixaram o português para trás das linhas inimigas, onde sobreviveu durante uns dias, com uns amendoins no bolso, até ser encontrado por um oficial escocês que o ajudou a encontrar o batalhão português.
Devido à sua coragem de ter enfrentado sozinho as colunas alemãs que se atravessaram no seu caminho, permitiu dar tempo para a retirada de vários soldados portugueses e escoceses para as posições defensivas da retaguarda.
Após a guerra e a condecoração, em 1919 Milhais regressou à sua terra natal. Tornou-se agricultor, casou e teve 10 filhos, ainda chegou a emigrar para o Brasil.
Em 1928, no Brasil, Milhais teria trabalho numa fábrica do Rio de Janeiro, mas os compatriotas de Murça não aceitaram a vergonha de um herói emigrante. Fizeram uma colecta de forma a pagarem-lhe a viagem de regresso, dizendo-lhe que um herói da pátria não deveria emigrar, mas sim estar no seu país, como símbolo, como reserva de um conjunto de valores. A sua história foi resgatada pelo jornal "Diário de Lisboa" que em 1924, o transformou numa espécie de símbolo nacional que passou a ser usado pela propaganda dos governos da primeira República e pelo Estado Novo. Frequentemente é convocado para ser mostrado em cerimónias do regime, sempre que era preciso enaltecer a nação e exaltar os valores da raça.
O Soldado Milhões era um soldado raso, que recebeu a Ordem da Torre e Espada, normalmente reservada para as altas patentes militares, e o regime aproveitava-se disso para efeitos de propaganda. Além disso, era um homem do povo, humilde, que se identificava com a identidade do povo português da época.
Mas Milhais nunca terá tido consciência desse aproveitamento; e tal como muitos soldados portugueses, combateu numa guerra defendendo a pátria, sem nunca conhecer os verdadeiros motivos da presença portuguesa nessa guerra. Para Milhais, bastava comparecer na cerimónia militar fardado e com as medalhas ao peito, situação a que era obrigado.
As medalhas conquistadas foram doadas ao Museu Militar do Porto, e também ao Museu do Regimento de Infantaria 13, em Vila Real. Aníbal Augusto Milhais morreu no dia 3 de Junho de 1970, aos 75 anos, em Valongo, a aldeia que adoptou o nome de Milhais em sua homenagem, que deu ainda o nome "Herói Milhões" a uma rua.

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