A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 18 de abril de 2018

TOMÁS ANTÓNIO GONZAGA


Tomás António Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de Agosto de 1744 — Ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu.



Nasceu em Miragaia, freguesia do Porto, em prédio devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa (de ascendência inglesa, Tomásia Isabel Clarque) e pai brasileiro, nordestino (João Bernardo Gonzaga). Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro para Pernambuco em 1751 depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, sediada na atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente, de apenas dezasseis anos, Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília numa das possíveis interpretações dos seus poemas, que teria sido imortalizada na sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que os poemas foram escritos.
EXCERTO
Irás a divertir-te na floresta,
sustentada, Marília, no meu braço;
aqui descansarei a quente sesta,
dormindo um leve sono em teu regaço;
enquanto a luta jogam os pastores,
e emparelhados correm nas campinas,
touca rei teus cabelos de boninas,
nos troncos gravarei os teus louvores.
    Graças, Marília bela,
    graças à minha estrela!


Durante a sua permanência em Minas Gerais, escreveu Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolveu pedir em casamento Maria Doroteia dois anos depois. O casamento foi marcado para o final do mês de Maio de 1789. Como era menos rico que ela e era funcionário público, portanto poderia ser transferido para a capital, Salvador, sofreu grande oposição por parte dos pais de Maria Doroteia.
Pelo seu papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira revolta pró-independência de Minas Gerais), trabalhando junto de outros personagens dessa revolta, é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo uma pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo os seus bens confiscados. Foi, portanto, separado da sua amada, Maria Doroteia. Permaneceu em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das suas poesias. Em 1792, a sua pena foi comutada em degredo, a pedido pessoal de D. Maria I e o poeta foi enviado para a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos.
No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (até hoje não se sabe quem teria feito, provavelmente irmãos da maçonaria). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a casar em 1793 com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"),com quem teve dois filhos: Ana e Alexandre, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810. Ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas. Foi patrono da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.
As suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (colecção de poesias líricas). É considerado um dos melhores escritores da época.



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