A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




domingo, 29 de abril de 2018

FLORES!



Com chuva e sol e um constante vento frio é PRIMAVERA!


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
-Cecília Meireles




Vem chuva, vem sol?

Cá andamos nesta incerteza, num mar de incertezas!

segunda-feira, 23 de abril de 2018

DUAS PERSONALIDADES DE ARCOS DE VALDEVEZ!


Em 1904, um português, conhecido como Padre Himalaya, recebia o "Grand Prix" na Exposição Mundial de St. Louis, nos EUA, por um engenho - chamado pireliófero - que utilizava a energia solar para derreter rochas e metais. "Era um defensor do desenvolvimento sustentável ". O pireliófero - que significa "eu trago o fogo do sol" - era uma estrutura de aço de 13 metros de altura e com uma larga superfície de 80 metros quadrados, formada por milhares de pequenos espelhos que reflectiam a luz do Sol num pequeno forno onde se fundiam rochas e metais, a uma temperatura que ascendia aos 3500 graus Celsius.

O seu inventor, Manuel António Gomes, nasceu em 1868, no concelho de Arcos de Valdevez. A alcunha só a receberia anos mais tarde, no seminário, devido à sua elevada estatura.

O nome seria imortalizado ainda numa outra invenção - a himalaíte - um explosivo que rivalizava em eficácia com a dinamite e que terá suscitado o interesse dos EUA. Não terá vendido a patente, segundo ele próprio afirmou numa palestra da Liga Naval, por fidelidade à pátria, já que lhe era exigida a naturalização como cidadão norte-americano.

Mas o Padre Himalaya patenteou muitos outros inventos, desde motores que aproveitavam a força das marés para produzir energia eléctrica até máquinas para tratamento de lixos industriais. Defendeu a arborização do país e a criação de centrais hidroeléctricas por todo o território nacional.

"Não foi apenas um inventor técnico", disse Jacinto Rodrigues, autor do livro "A conspiração solar do Padre Himalaya", lançado em 2002. "Era um precursor do pensamento ecológico", que pensou os problemas do país à luz desta visão. Numa época em que o petróleo começava a ser usado, foi um grande defensor das energias renováveis, que entendia serem úteis para países, como Portugal, com poucos combustíveis fósseis.

Em 1909, apresentou um plano, na Academia de Ciências, onde previa a construção de uma ponte, a apenas 300 metros do actual traçado da ponte Vasco da Gama. Esta ponte suportaria ainda uma maquinaria de turbinas que utilizava a força das águas para produzir energia eléctrica e assim iluminar a cidade de Lisboa.
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Tomaz Xavier de Azevedo Cardoso de Figueiredo (Braga, 6 de Julho de 1902 — Lisboa, 29 de Abril de 1970), escritor. Tem uma biblioteca com o seu nome em Arcos de Valdevez.

Nasceu em Braga, mas passados poucos meses foi, com seus pais, residir em Arcos de Valdevez, para a Casa de Casares, (Hoje Casa-Museu) construída pelo seu avô materno, e onde ainda viviam algumas das suas tias solteiras. A ida tão cedo, para os Arcos, justifica o sentimento que o leva a considerar essa vila como "terra minha pela memória e pelo amor".
Casa de Casares

OBRAS: 

  • A Toca do Lobo, Prémio Eça de Queiroz (1948).
  • Nó Cego e Carta ao Júri do Prémio Eça de Queiroz.
  • Uma Noite na Toca do Lobo.
  • Procissão dos Defuntos.
  • Guitarra, treze romances em verso.
  • Conversa Com o Silêncio.
  • A Gata Borralheira, Prémio Diário de Notícias (1963).
  • 1º volume da "Crónica Heróica" Dom Tanas de Barbatanas – O Doutor Geral.
  • Vida de Cão.
  • 2º volume de Dom Tanas de Barbatanas – O Magnífico Sem Par.
  • 1º volume de Monólogo em Elsenor – Noite das Oliveira', monólogo que se irá espraiar por quatro volumes de uma “prosa poética”, muitas vezes dorida, muitas vezes satírica, mas sempre, como diz Fernanda Botelho, “num estilo vigoroso, trabalhado, ora truculento, ora lírico, sempre encadeado por extremismos de paixão e de barroquismo.” E também, o 1º volume de Teatro, com as peças A Rapariga da Lorena, O Visitador Extraordinário, e A Barba do Menino Jesus.
  • Tiros de Espingarda, Prémio Nacional de Novelística (1966).
  • Viagens No Meu Reino (poesia)
  • 2º volume de Monólogo em Elsenor – A Má Estrela.
  • A Outra Cidade.

in POESIA I

Sou um archote inútil de Poesia.
Queimo-me, puro fogo, em fogo puro.
Orfeu no Inferno, sou o palinuro
Duma nau que aberrada estrela guia.

E, cruel sempre, esta veloz porfia
de acender versos no luar escuro.
Obsesso da Beleza, o mais abjuro,
fiel lhe sou, matando a Alegria.

Não paro. Por um ano, por vinte anos,
hei-de parir sonetos desumanos
em que me firo como em lanças más.

Nisto, até nisto, e a viver de horror,
sempre me hei-de entregar. Hóstia de Amor,
hei-de morrer poeta e rapaz.




UM EXCELENTE PASSEIO ATÉ SISTELO, CONHECIDO COMO O TIBETE PORTUGUÊS. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA CONSIDEROU PELA PRIMEIRA VEZ PATRIMÓNIO NACIONAL, UMA PAISAGEM!

A aldeia de Sistelo situa-se no concelho de Arcos de Valdevez, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gêres, junto à nascente do rio Vez. Famosa pelas suas paisagens em socalcos, onde se cultiva o milho e pasta o gado, a aldeia encontra-se muito bem preservada, tendo sido recuperadas as casas típicas de granito, os espigueiros e os lavadouros públicos.
O Castelo de Sistelo, ex-líbris da aldeia, merece uma cuidadosa visita: trata-se de um palácio de finais do século XIX onde viveu o Visconde de Sistelo. Agradável deambular pelas ruelas de Sistelo e apreciar a Igreja Paroquial, a Casa do Visconde de Sistelo, a Ponte Romana e o Moinho, a ponte de Sistelo de jusante, a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as Capelas de Santo António, de São João Evangelista, da Senhora dos Remédios e da Senhora do Carmo.
Para quem é apreciador de caminhadas na natureza, pode percorrer o Trilho das Brandas de Sistelo (10 km), que tem início na aldeia, ficando a conhecer as brandas de Rio Covo, em Sistelo, do Alhal, no Padrão, e da Cerradinha, terrenos que, durante o verão, serviam de apoio à pastorícia.


ARCOS DE VALDEVEZ

Arcos de Valdevez é uma vila raiana portuguesa no Distrito de Viana do Castelo, região Norte e sub-região do Minho-Lima.
O chamado Torneio de Arcos de Valdevez também conhecido por "Recontro de Valdevez", foi um importante e decisivo episódio da História de Portugal ligado aos primeiros tempos da nacionalidade, sendo o antecedente da celebração do Tratado de Zamora em 1143.
No ano de 1662, durante a Guerra da Restauração, a vila foi incendiada pelo general governador de armas de Castela D. Baltazar Rojas Pantoja, que estabeleceu o seu quartel-general no Paço de Giela, numa enérgica ofensiva sobre o Minho.

«Arcos de Valdevez Onde Portugal se Fez» é o slogan deste histórico Concelho que contribuiu para a fundação da nacionalidade.


quarta-feira, 18 de abril de 2018

TOMÁS ANTÓNIO GONZAGA


Tomás António Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de Agosto de 1744 — Ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu.



Nasceu em Miragaia, freguesia do Porto, em prédio devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa (de ascendência inglesa, Tomásia Isabel Clarque) e pai brasileiro, nordestino (João Bernardo Gonzaga). Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro para Pernambuco em 1751 depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, sediada na atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente, de apenas dezasseis anos, Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília numa das possíveis interpretações dos seus poemas, que teria sido imortalizada na sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que os poemas foram escritos.
EXCERTO
Irás a divertir-te na floresta,
sustentada, Marília, no meu braço;
aqui descansarei a quente sesta,
dormindo um leve sono em teu regaço;
enquanto a luta jogam os pastores,
e emparelhados correm nas campinas,
touca rei teus cabelos de boninas,
nos troncos gravarei os teus louvores.
    Graças, Marília bela,
    graças à minha estrela!


Durante a sua permanência em Minas Gerais, escreveu Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolveu pedir em casamento Maria Doroteia dois anos depois. O casamento foi marcado para o final do mês de Maio de 1789. Como era menos rico que ela e era funcionário público, portanto poderia ser transferido para a capital, Salvador, sofreu grande oposição por parte dos pais de Maria Doroteia.
Pelo seu papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira revolta pró-independência de Minas Gerais), trabalhando junto de outros personagens dessa revolta, é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo uma pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo os seus bens confiscados. Foi, portanto, separado da sua amada, Maria Doroteia. Permaneceu em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das suas poesias. Em 1792, a sua pena foi comutada em degredo, a pedido pessoal de D. Maria I e o poeta foi enviado para a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos.
No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (até hoje não se sabe quem teria feito, provavelmente irmãos da maçonaria). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a casar em 1793 com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"),com quem teve dois filhos: Ana e Alexandre, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810. Ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas. Foi patrono da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.
As suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (colecção de poesias líricas). É considerado um dos melhores escritores da época.



terça-feira, 17 de abril de 2018

sábado, 14 de abril de 2018

ATENEU COMERCIAL DO PORTO!

Edifício e entrada: Salas de Estar, de Exposições, Bar e Salão de Jogos

O Ateneu passa por tempos difíceis, com todas as mudanças sociais, que foram ocorrendo, no entanto está em mãos empenhadas e luta para não encerrar. Os sócios diminuíram bastante, a casa exige uma manutenção constante, a biblioteca está em risco, numa cave sem ventilação e sem as atenções necessárias. A rentabilidade tem sido feita, através do aluguer dos seus espaços, para eventos.

Piso Inferior: Sala da Direcção, Sala de Leitura, Biblioteca, Salão de Bilhar
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Piso superior: grande escadaria, grande foyer, Sala D. Luís, Sala D. Maria e Salão Nobre
*Algumas dependências não se podem visitar, porque estão encerradas: restaurante, sala de bilhar e biblioteca na cave.
O Ateneu Comercial do Porto, Associação de Cultura, Instrução e Recreio, foi fundado em 29 de Agosto de 1869 e resultou da fusão de outras instituições congéneres que não vingaram, fundadas por burgueses.
Por divisa escolheu "Inter Folia Fructus", que retracta o seu propósito de "... promover e cimentar relações de benevolência e boa sociedade entre os associados e proporcionar-lhes um passatempo honesto e civilizador por meio de reuniões ordinárias, dança e leitura, conversação e jogo lícito".
A Associação, com cariz de clube privado, é dotado de magníficas instalações, dispõe de um salão nobre, polivalente, biblioteca, bufete, bar, barbearia, sala de visitas, salas de jogos, salões de bilhar e sala de leitura.
Desde as suas origens de sociedade recreativa, até às extravagâncias de clube burguês, não esquecendo a tradição dos bailes, saraus e tertúlias, onde sempre contou com a presença da velha e nova aristocracia, nunca deixou de se identificar com o Porto e os seus movimentos cívicos e culturais.
A sua peculiar identidade, permitiu-lhe acolher todas as elites, de distintas sensibilidades, poderes e contra-poderes, nunca assumindo conotações marcadas com qualquer grupo, sobrevivendo desta forma às vicissitudes do desenrolar da história. 
É riquíssimo o historial desta Instituição, os eventos de projecção nacional e internacional realizados ao longo de mais de 148 anos de vida e por onde passaram figuras de grande prestígio nacional e internacional, no domínio das letras, artes plásticas e cénicas, música, política e ciência.
Não menosprezando o seu valioso património artístico em quadros a óleo, escultura e faiança, bem como colecções de cariz numismático e medalhístico, a sua "jóia da coroa" é a Biblioteca, considerada uma das melhores bibliotecas privadas da Península Ibérica. O seu recheio bibliográfico é de grande valia, possuindo um espólio superior a 40.000 títulos e 80.000 volumes, destacando-se, de entre muitas raridades, uma primeira edição de "Os Lusíadas", uma edição da Bíblia datada de 1500 e alguns escritos de Fernão Lopes.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

VISITA GUIADA - PAULA MOURA PINHEIRO (UM PROGRAMA INTERESSANTE ONDE SE VAI DESCOBRINDO O BELO DE PORTUGAL)


CASA DE SEZIM (PERTO DE GUIMARÃES)
Conforme um pergaminho existente no arquivo da casa, o imóvel entrou para a família dos actuais proprietários em 1376, por doação que Maria Mendes Serrazinha fez a Afonso Martins, descendente de D. João Freitas (companheiro de D. Afonso Henriques), em atenção "às boas obras que dele recebeu e espera receber e por crença que lhe fez".
D.Antónia Genoveva da Silva Souto e Freitas (1773-1802) filha de um rico comerciante, no Brasil, de Tabaco e Engenhos de Açúcar, herdou a Casa de Sezim e casou-se com José de Freitas do Amaral (1748-1813). Deixaram a casa ao filho Manuel Freitas do Amaral (1797-1856) por ser o filho varão. E foi Manuel que continuou as obras de restauro, novas construções como a Capela e o Portal de entrada, e sua decoração de interiores, iniciadas pelo pai.
A beleza da Casa, a harmonia das suas linhas, a monumentalidade da sua fachada e a colecção de papéis panorâmicos da primeira metade do século XIX que abriga nos seus salões, têm sido, nos últimos anos, motivo de curiosidade internacional.
Sobre o portão de entrada pode-se ver um brasão com as armas dos Freitas do Amaral. O interior, com paredes revestidas a papel de parede com estampas muito raras, são invulgares e de beleza única. Foram produzidos pela Manufactura Zuber & Cia- Rixheim- Alsácia - França, criadas por Jean Zuber (1773-1852), foram aplicados na casa em 1834- 1840, sob as ordens do pintor Auguste Roquemont, criador do projecto de decoração da casa. Tudo indica que será de Auguste Roquemont a pintura " As aventuras de D. Quixote" em uma das salas. A casa alberga alguns móveis do século XVII.
O solar foi herdado pelo ex- embaixador Pinto de Mesquita, que com a mulher têm conservado e explorado as mais valias da propriedade, entre outras criando uma marca própria de vinho verde e disponibilizando uma parte da casa para alojamento turístico.
E A PROPÓSITO DE AUGUSTE ROQUEMONT ( 1806 -1852)


Augusto Roquemont, filho de Frederico Augusto de Hesse-Darmstadt, nasceu em Genebra.
Estudou em Paris num colégio interno e, entre 1818 e 1827, realizou a sua formação artística nas cidades italianas de Roma, Bolonha, Florença e Veneza. Foi-lhe atribuído o 1.º prémio numa prova de exame na Academia de Belas Artes de Veneza (1820).
O seu pai, que servira em vários exércitos europeus e veio a apoiar a causa de D. Miguel, encontrava-se em Braga no verão de 1828, marcando presença em paradas militares, quando chamou o filho para junto de si. Roquemont embarcou em Génova em 1828.
Encantado com o país e as suas gentes, Roquemont fixou-se no norte de Portugal. Esteve hospedado em Guimarães, na casa do miguelista conde de Azenha. Fez algumas estadias pontuais em Lisboa e, a partir de 1847, fixou residência no Porto.


Nesta cidade foi mestre dos pintores João António Correia e Francisco José Resende. Ocupou o cargo de director da Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto. Com um ordenado anual de 600 réis terá exercido funções entre Abril e Julho de 1832, mês em que abandonou a cidade, com a chegada das tropas liberais.
Depois do triunfo liberal, Roquemont refugiou-se em Guimarães, dedicando-se à produção de retratos particulares e de miniaturas, de projectos de arquitetura e decorações de igrejas, e a pintar bandeiras de irmandades.
Além da técnica da pintura a óleo, usada nos seus famosos retratos da nobreza e da alta burguesia nortenhas e nos costumes populares, também produziu trabalhos a lápis, carvão e esfuminho e fez retrato-miniatura.
Ensinou outros artistas como António José de Sousa Azevedo (1830-1864) e Caetano Moreira da Costa Lima (1835-1898) e marcou fortemente a primeira geração de pintores românticos portugueses, sobretudo Tomás da Anunciação (1818-1879). A sua obra está representada no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, no Museu Grão Vasco, em Viseu, e na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa.


domingo, 8 de abril de 2018

UM DIA TRISTE PARA A HISTÓRIA DE PORTUGAL!

A manhã gelada em que Portugal perdeu a guerra

Na madrugada de 9 de Abril de há 100 anos, o frágil Exército português teve de enfrentar uma poderosa ofensiva dos alemães nos campos húmidos e gelados da Flandres francesa. Em poucas horas, o destino dos 20 mil soldados que defendiam uma linha de dez quilómetros dividia-se entre a morte, a prisão ou a fuga. Foi um desastre que o caos da República e a incúria do Exército ajudam a explicar.
in Público

PARA QUEM QUISER SABER A HISTÓRIA DO MATA-MILHÕES! 

Aníbal Augusto Milhais (1895-1970), mais conhecido por "Mata-Milhões", foi o soldado português mais condecorado da Primeira Guerra Mundial, e o único soldado português premiado com a mais alta honraria nacional: a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
O Soldado Milhões tornou-se um herói durante a Primeira Guerra Mundial ao enfrentar sozinho uma ofensiva alemã, e a sua história faz parte da aldeia de Valongo de Milhais, perto de Murça, em Trás-os-Montes.
Na sua terra natal, no concelho de Murça, distrito de Vila Real, todos conhecem a história do jovem analfabeto e pobre, um franzino com pouco mais de metro e meio de altura, que desobedeceu às ordens de retirada e ficou para trás, sozinho e abrigado numa trincheira, a disparar contra o inimigo.
A história começa na madrugada de 9 de Abril de 1918, quando dezenas de divisões alemãs irromperam pelo sector português da frente, defendida pela segunda divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP). Em poucas horas, os portugueses perdem 7500 homens entre desaparecidos, mortos, feridos e prisioneiros, naquela que ficaria conhecida pela Batalha La Lys.
Augusto Milhais pertencia a uma secção de metralhadoras do Batalhão de Infantaria 15 (BI15). Especialidade: "atirador especial".
Já em França, Aníbal Milhais especializa-se em metralhadoras Lewis. Foi com a sua metralhadora Lewis, conhecida entre os portugueses por "Luísa", que enfrentou sozinho na trincheira os soldados alemães.
Aníbal Milhais corria entre os vários abrigos, disparando de diferentes posições e criando a ilusão, nas tropas alemãs, de que a posição estava a ser guardada por vários militares. À quarta ofensiva, os soldados alemães decidiram contornar aquele ponto e deixaram o português para trás das linhas inimigas, onde sobreviveu durante uns dias, com uns amendoins no bolso, até ser encontrado por um oficial escocês que o ajudou a encontrar o batalhão português.
Devido à sua coragem de ter enfrentado sozinho as colunas alemãs que se atravessaram no seu caminho, permitiu dar tempo para a retirada de vários soldados portugueses e escoceses para as posições defensivas da retaguarda.
Após a guerra e a condecoração, em 1919 Milhais regressou à sua terra natal. Tornou-se agricultor, casou e teve 10 filhos, ainda chegou a emigrar para o Brasil.
Em 1928, no Brasil, Milhais teria trabalho numa fábrica do Rio de Janeiro, mas os compatriotas de Murça não aceitaram a vergonha de um herói emigrante. Fizeram uma colecta de forma a pagarem-lhe a viagem de regresso, dizendo-lhe que um herói da pátria não deveria emigrar, mas sim estar no seu país, como símbolo, como reserva de um conjunto de valores. A sua história foi resgatada pelo jornal "Diário de Lisboa" que em 1924, o transformou numa espécie de símbolo nacional que passou a ser usado pela propaganda dos governos da primeira República e pelo Estado Novo. Frequentemente é convocado para ser mostrado em cerimónias do regime, sempre que era preciso enaltecer a nação e exaltar os valores da raça.
O Soldado Milhões era um soldado raso, que recebeu a Ordem da Torre e Espada, normalmente reservada para as altas patentes militares, e o regime aproveitava-se disso para efeitos de propaganda. Além disso, era um homem do povo, humilde, que se identificava com a identidade do povo português da época.
Mas Milhais nunca terá tido consciência desse aproveitamento; e tal como muitos soldados portugueses, combateu numa guerra defendendo a pátria, sem nunca conhecer os verdadeiros motivos da presença portuguesa nessa guerra. Para Milhais, bastava comparecer na cerimónia militar fardado e com as medalhas ao peito, situação a que era obrigado.
As medalhas conquistadas foram doadas ao Museu Militar do Porto, e também ao Museu do Regimento de Infantaria 13, em Vila Real. Aníbal Augusto Milhais morreu no dia 3 de Junho de 1970, aos 75 anos, em Valongo, a aldeia que adoptou o nome de Milhais em sua homenagem, que deu ainda o nome "Herói Milhões" a uma rua.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

O ANTES E O AGORA!

PRAÇA D. JOÃO I

(HOJE COM UM INTENSÍSSIMO TRÂNSITO)


Aqui também existiu o Café Rialto, de boas memórias para mim e que hoje pertence ao Banco Millenium. (Última fotografia).


Tinha amplas e modernas instalações, constituído por dois pavimentos ligados por uma imponente escadaria em mármore. No pavimento superior existia um desenho-mural a carvão, da autoria de Abel Salazar. Junto á escadaria, um baixo relevo - cerâmica policromada do escultor João Fragoso, sobre o Douro , da sua nascente à foz. Este artista assina também outro baixo-relevo, que tem por motivo o café.




No salão inferior, vêem-se três pinturas murais, a fresco: a central, da autoria do pintor Guilherme Camarinha , e as laterais, do mestre da Escola de Belas Artes, Dordio Gomes. Ao lado, no salão de chá, quatro painéis pintados em contraplacado, igualmente da autoria de Guilherme Camarinha, tendo por motivo as quatro estações do ano. Os dois salões - ligados por uma e mesma harmonia de conjunto, a que um enorme painel formado por 44 espelhos, com 72 metros quadrados, dava unidade visual. A imponência deste estabelecimento era aumentada por mármores de Leiria, de ricas e raras tonalidades. O «café», com ar condicionado, tinha capacidade para 130 mesas e a cozinha, completamente electrificada, possuía, e pela primeira vez em Portugal, aparelhagem para esterilização de chávenas, capaz de esterilizar 600 em quinze minutos. Cada salão possuia o seu balcão-frigorífico privativo, ligado por um elevador. (O Século – 28/11/1944)

O Café Rialto, foi inaugurado em 1944, no rés do chão do chamado “arranha-céus” projetado por Rogério de Azevedo, o café Rialto foi concebido por Artur Andrade, o arquitecto do cinema Batalha. Era frequentado por gente da cultura, da literatura e da arte. Nas décadas de 1950-60, foi local de reunião de uma geração de poetas contestatária do Estado Novo – António Rebordão Navarro, Egito Gonçalves, Daniel Filipe, José Augusto Seabra, Luís Veiga Leitão e Papiniano Carlos – responsável pela edição da revista de poesia “Notícias do Bloqueio”.



HELEN LEVITT - FOTOGRAFIA DE RUA

Helen Levitt (1913 -  2009), era um fotógrafa americana. Era particularmente conhecida por se ter dedicado especificamente à "fotografia de rua" em Nova York, e tem sido chamada de "a mais famosa e menos conhecida fotógrafa de seu tempo" .
[Fotografia de rua, é para mim a mais interessante e a mais difícil, se o que se pretende é fotografar pessoas e muito especialmente crianças.


quarta-feira, 4 de abril de 2018

OUTRO EMPRENDIMENTO, A ABRIR JÁ ESTE ANO É O «GARDEN ARTES»


Palacete Pinto Leite

O Palacete Pinto Leite, originalmente conhecido como Casa do Campo Pequeno, era uma residência burguesa do século XIX, mandada construir por Joaquim Pinto Leite, da abastada família portuense Pinto Leite, em meados do século XIX. Em 1966, o palacete foi adquirido aos herdeiros pela Câmara Municipal do Porto, para se instalar o Conservatório de Música, o que só veio a acontecer em 1975.
Devoluto desde a saída do Conservatório de Música do Porto em 2008, o palacete foi vendido em 2016 por 1,643 milhões de euros a uma empresa de António Oliveira e António Moutinho Cardoso, coleccionador de arte que promete ali criar um "ex-libris" cultural "aberto à cidade".

A família Pinto Leite foi uma das mais influentes do Porto, e do país, em meados do século XIX. A sua visibilidade social era muito forte no Porto da época.
 Alguns dos membros desta família ocuparam um espaço central na sociedade portuense e nacional em diferentes épocas. Estavam ligados a grandes negócios e à alta finança.
O local onde se situa o Palacete foi inicialmente conhecido como Campo Pequeno, ficando paredes-meias com a Maternidade Júlio Dinis. Local residencial de Ingleses, bem referidos por Júlio Dinis no romance «Uma Família Inglesa», estando então rodeado por terrenos agrícolas e quintas, a propriedade do Campo Pequeno foi adquirida por Joaquim Pinto Leite em 1854.
Desconhece-se o autor do projecto, mas pelo estilo neopalladiano presume-se que tenha tido influências inglesas, contrário ao gosto da arquitectura portuense do século XIX, e também com influência das belas-artes francesas. Os azulejos que recobrem o edifício são originários de uma fábrica inglesa, a Minton, Hollings & Company, de Stoke-on-Trent.
Presume-se que Joaquim Pinto Leite pretendesse uma casa relativamente grande, onde toda a família pudesse hospedar-se, incluindo alguns dos irmãos que não residissem habitualmente no Porto. Pretendia também uma casa que seguisse modelos ingleses, tendo encarreguado os irmãos, que ali se tinham estabelecido de fazer uma prospecção de alguns exemplos que pudessem servir de modelo. Segundo a tradição familiar, Joaquim Pinto Leite esteve para comprar o Palácio dos Carrancas, o que não se concretizou provavelmente devido à vontade do rei D. Pedro V em adquiri-lo para residência real na cidade, alegando posteriormente ser demasiado grande.
Há notícia de que, em 1866, celebrou-se no palacete o casamento entre Orísia Pinto Leite e Arsénio Pinto Leite, primos e ambos moradores no dito palacete. Não é demais sublinhar que, nesta família, o casamento entre primos foi comum. A impressa da época elogia a casa, sóbria mas elegantíssima, comparando-a a uma rica moradia no melhor bairro de Londres.









O edifício possuía quartos de banhos principescamente luxuosos e tecnicamente inovadores, contando com torneiras banhadas a ouro e sanitários em porcelana de Sèvres. No exterior, ainda existe um pavilhão ou casa de fresco, espaço de lazer, também conhecido como casa das bonecas e uma estufa de floricultura.
 [Tive oportunidade de visitar este palacete antes das obras que estão em curso e espero que não sejam feitas obras que adulterem este belo edifício.]