A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




sexta-feira, 31 de maio de 2013

CASA E QUINTA DA PRELADA



Foi mandada construir em 1754, segundo o risco de Nicolau Nasoni, tendo o projecto ficado incompleto. Pertenceu à família Noronha e Menezes. O portão de acesso à quinta é mais antigo, dos fins do século XVII, sendo notável pela riqueza decorativa do brasão de família e de suas sereias. Em 1904, foi doada D. Francisco Noronha Menezes à Casa da Misericórdia do Porto, devido à morte do único filho da família, num acidente de cavalo. Esta doação teve o objectivo de que todo o espaço, funcionasse como local de assistência social. Assim foi Hospital de Convalescentes, em interligação e na dependência do Hospital de Santo António (1906-1960); Centro de Recuperação de Diminuídos Físicos (1961-1973); e, finalmente, Lar da Terceira Idade (1974-2003). Numa parte dos seus terrenos foi construído o Hospital da Prelada. Presentemente a casa foi reabilitada e aberta ao público, como novo espaço cultural, com uma área verde de razoável amplitude, o que faz da mesma um novo parque da cidade.

terça-feira, 28 de maio de 2013

«A NAÇÃO É DE TODOS, A NAÇÃO TEM QUE SER IGUAL PARA TODOS. SE NÃO É IGUAL PARA TODOS, É QUE OS DIRIGENTES QUE SE CHAMAM ESTADO, SE TORNARAM QUADRILHA» (QUANDO OS LOBOS UIVAM)

Aquilino Gomes Ribeiro (Sernancelhe, Carregal, 13 de Setembro de 1885 — Lisboa, 27 de Maio de 1963).
Os restos mortais de Aquilino Ribeiro, encontram-se no Panteão Nacional, foi um vulto grande do pensamento social, anarquista militante em várias fases da sua vida, para além de um enorme escritor e intelectual.

“A jornada foi longa e muitos dos que tinham rompido
marcha comigo ficaram no percurso, alma em pena e
clamorosa. Alguns, vítimas pela liberdade (...) Adiante
e consideremos que para chegar a bom termo da viagem
é preciso ser livre” !

Aquilino Ribeiro, 1958
(Quando os lobos uivam)


"O pior dos crimes é produzir vinho mau, engarrafá-lo e servi-lo aos amigos"
"Aldeia: terra, gente e bichos" - Aquilino Ribeiro

« Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que a doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer» PRÉMIO CAMÕES 2013: MIA COUTO



O Amor, Meu Amor
Nosso amor é impuro 
como impura é a luz e a água 
e tudo quanto nasce 
e vive além do tempo. 

Minhas pernas são água, 
as tuas são luz 
e dão a volta ao universo 
quando se enlaçam 
até se tornarem deserto e escuro. 
E eu sofro de te abraçar 
depois de te abraçar para não sofrer. 

E toco-te 
para deixares de ter corpo 
e o meu corpo nasce 
quando se extingue no teu. 

E respiro em ti 
para me sufocar 
e espreito em tua claridade 
para me cegar, 
meu Sol vertido em Lua, 
minha noite alvorecida. 

Tu me bebes 
e eu me converto na tua sede. 
Meus lábios mordem, 
meus dentes beijam, 
minha pele te veste 
e ficas ainda mais despida. 

Pudesse eu ser tu 
E em tua saudade ser a minha própria espera. 

Mas eu deito-me em teu leito 
Quando apenas queria dormir em ti. 

E sonho-te 
Quando ansiava ser um sonho teu. 

E levito, voo de semente, 
para em mim mesmo te plantar 
menos que flor: simples perfume, 
lembrança de pétala sem chão onde tombar. 

Teus olhos inundando os meus 
e a minha vida, já sem leito, 
vai galgando margens 
até tudo ser mar. 
Esse mar que só há depois do mar. 

Mia Couto, in "idades cidades divindades"

sábado, 25 de maio de 2013

LER É ESPERAR O MELHOR – Valter Hugo Mãe

CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO

«As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem está a ponto de partir…./…Os livros são família directa dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e, como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se entrassem para dentro do próprio ar, a ver o que existe dentro do ar que não se vê.
As bibliotecas são como festas ou batalhas contínuas e soam trombetas a cada instante e há sempre quem discuta com fervor o futuro, quem seja merecedor da nossa confiança e da nossa fé.
Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das palavras e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro do livro tem assuntos importantes a tratar. Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar despacho. Sim, compete-nos pôr mãos ao trabalho». VALTER HUGO MÃE

quarta-feira, 22 de maio de 2013

PADRE ANTÓNIO VIEIRA


UM ACONTECIMENTO DA MAIOR RELEVÂNCIA CULTURAL E NACIONAL

O «Círculo dos Leitores, vai publicar a obra completa de Padre António Vieira em 30 volumes, simultaneamente em Portugal e no Brasil. Acabaram de sair três volumes. O principal responsável pelo projecto é José Eduardo Mendonça. 
Fernando Pessoa, considerava o Padre António Vieira « o imperador da língua portuguesa», no entanto em Portugal não se tem dado grande relevo à sua genialidade e universalidade, não há qualquer monumento a lembrá-lo, nem tão pouco dá o nome a qualquer avenida, contrariamente ao que acontece no Brasil, onde existem muitas estátuas e é estudado nas universidades, como uma referência da Literatura e dos Direitos Humanos. JL

«A maior parte do que sabemos, é a menor do que ignoramos. Não se achou varão tão perfeito no Mundo, que conhecesse o que tinha de sábio, senão sabendo o que lhe faltava para perfeito. Não se viu ninguém tanto nos últimos remates da perfeição, em quem não bruxoleassem sempre alguns desaires de humano. (...) Não necessitando de nada os grandes, só de verdades necessitam; porque, como custam caro, todo o cabedal da fortuna é preço limitado para elas; por isso nos grandes são mais avultados os erros, porque erram com grandeza e ignoram com presunção. Mais gravemente enferma o que logra melhor disposição, que o que nunca deixou de ter achaques: e a razão é porque a enfermidade que pôde vencer disposição tão boa, teve muito de poderosa; ignorância a que não alumiou o discurso mais desperto, tirou as esperanças ao remédio».

Padre António Vieira, in "As Sete Propriedades da Alma"

terça-feira, 14 de maio de 2013

terça-feira, 7 de maio de 2013

A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA - STRAVISNKI


Sagração da Primavera de Igor Stravinsky, é de facto uma obra arrasadora, tive o privilégio de a ouvir há bem pouco tempo na Casa da Música, mas esta obra é realmente uma peça que já ouvi muitas vezes e que posso ouvir a qualquer momento em casa.
De destacar, pelo interesse, comoção e revelação que me suscitou , o trabalho, com direcção artística de Sam Mason e Tim Steiner, interpretado por um grupo de reclusas do estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo, trabalho que vinha a ser elaborado desde Janeiro, inspirado na «Sagração da Primavera».  A sua entrega e a sua alegria, representou uma partilha de emoções fortes!
O responsável, da Casa da Música, Jorge Prendas, diz e eu subscrevo completamente: «As prisões não devem ser uma casa de penitência mas sim de renovação. É um espaço dedicado às oportunidades».

Um pequeno excerto de «Sagração da Primavera», Pela Companhia de Olga Roriz, porque se trata realmente de um bailado escrito por Stravinsky, por encomenda de Sergei Diaguilev, para os   «Ballets Russes». 


quarta-feira, 1 de maio de 2013

ROSALINA MARSHALL (4 POEMAS)



VELOZ FAÚLHA ATMOSFÉRICA

atrás dos comboios que passam
não fica nada
o ar que lá estava
lá fica
porta invisível
eternamente chiando
***
CALOTES SUSPENSAS

numa cama
enquanto lá fora chilreavam pássaros
coloquei os dedos na jugular
precipício
sobre um jardim
onde nunca mais
se teme a morte
***
NA SENSAÇÃO DE ESTAR POLINDO AS MINHAS UNHAS

sei que morrerei no dia do aniversário da minha morte
ainda há coisas certas na vida
o dia do aniversário da minha morte apresenta tamanha discrição
que nem dou por ele
portanto não mudarei de roupa
talvez passe o dia deitada
no displicente descanso
de não atender telefones
nem me levantarei para ir ver o correio
e se alguém se lembrar de me acender
as inconsequentes velinhas
deixarei que derretam e estraguem o bolo
no dia do aniversário da minha morte
nem me penteio
***
DAS BANCADAS

muito bem
serei a barata tonta
não quero dum-dum
ao menos matem-me
com pancadas de molière

ROSALINA MARSHALL
[in Manucure, Companhia das Ilhas, 2013]