A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




domingo, 31 de março de 2013

Exposição de Graça Morais – Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva


Uma denúncia e uma reflexão sobre o tempo que vivemos, sob o signo do medo!
A MARCHA DO MUNDO, OS CONFLITOS, AS GUERRAS, A POBREZA, A CRISE ECONÓMICA.

«É preciso pensar o que está a acontecer!
Não posso ficar calada. Como é possível fazer uma pintura decorativa que ignore o que está a acontecer?
As leis que são feitas são de uma grande desumanidade e insensibilidade social, há muitas pessoas a sofrer. Revolta-me que tantos seres humanos sejam desprotegidos e desamparados. Não posso ficar calada! Todos estamos a sofrer uma grande injustiça, que se reflecte no nosso dia-a-dia,. É preciso ver o que se está a passar com tanta gente desempregada, com tantos deprimidos.
As mulheres são sempre as maiores vítimas, particularmente em tempos de crise e numa situação de grande desemprego.
São o elo mais fraco, que sofrem a violência psíquica e física. Basta ler os jornais. Ando mesmo impressionada com o número de mulheres que se suicidam e antes matam os filhos. Desempregadas, desesperadas e abandonadas pela sociedade, sem perspectivas, há uma carga imensa sobre esta espécie de «Medeias», que não querem deixar os seus filhos nesta desgraça. É uma tragédia para a própria Humanidade e é preciso que as pessoas pensem no que está a acontecer».

sexta-feira, 29 de março de 2013

sexta-feira, 22 de março de 2013

Caminhos



Para quê, caminhos do mundo, 
Me atraís? — Se eu sei bem já 
Que voltarei donde parto, 
Por qualquer lado que vá. 

Pra quê? — Se a Terra é redonda; 
E, sempre, tem de cumprir-se 
A sina daquela onda 
Que parece vai sumir-se, 

Mas que volta, bem mais débil, 
Ao meio do lago, onde 
A mãe, gota d'água flébil, 
Há muito tempo se esconde. 

Pra quê? — Se a folha viçosa 
Na Primavera, feliz, 
Amanhã será, gostosa, 
Alimento da raiz. 

Pra quê, caminhos do mundo? 
Pra quê, andanças sem Fim? 
Se todo o sonho profundo 
Deste Mundo e do Outro-Mundo, 
Não 'stá neles, mas em mim. 

Francisco Bugalho, in "Paisagem"

quinta-feira, 21 de março de 2013

SAUDEMOS A PRIMAVERA!



DANZA - BOUCHER
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1
", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

sexta-feira, 8 de março de 2013

8 DE MARÇO...

8 de Março no dia da mulher, que são todos os dias, vem ao meu pensamento as notícias diárias de violência contra as mulheres, violência até num sentido lacto, física e psicológica. É difícil ser mulher e em muitos países é até muito difícil!

"Tesouro, presa, jogo e risco, musa, guia, juiz, mediadora, espelho, a mulher é o Outro em que o sujeito se supera sem ser limitado, que a ele se opõe sem o negar. Ela é o Outro que se deixa anexar sem deixar de ser o Outro. E, desse modo, ela é tão necessária à alegria do homem e ao seu triunfo, que se pode dizer que, se ela não existisse, os homens a teriam inventado."
Simone de Beauvoir in "O segundo sexo"

quarta-feira, 6 de março de 2013

"Um homem desejoso de trabalhar, e que não consegue encontrar trabalho, talvez seja o espectáculo mais triste que a desigualdade ostenta ao cimo da terra." - Carlyle


"Eu sou um homem só, um único inferno." Quasimodo , Salvatore



Quantos de nós não ansiámos deixar de trabalhar, com a ideia que íamos ter mais tempo, para isto e para aquilo! O sabor dessa liberdade pode durar um ano, dois, até mais, mas depois procurarmos fazer coisas, ter horários, dar valor à permanência na vida! Procuramos fazer cursos diversificados, voluntariado, pintamos, escrevemos, enfiamo-nos no ginásio, porque dificilmente se poderá arranjar um trabalho para depois, que nos dê, uma utilidade social, paralela a todos os trabalhos que na nossa área privada temos que despender. A reforma por questões várias, motivadas pelas políticas, colocaram-nos incapazes cedo demais, quando inda nos consideramos muito capazes de fazer alguma coisa! O trabalho é algo intrínseco ao homem, seja ele qual for e os aspectos lúdicos crescem de prazer, quando são um intervalo do trabalho!
Sempre foi falsa e de cariz arbitrário, a ideia, que as pessoas não gostam de trabalhar! Hoje vemos como tanta gente se desespera, porque não consegue encetar a sua vida profissional ou então está no desemprego e anda à deriva, o trabalho seja ele qual for é um enriquecimento de todas as formas, só ele nos pode dar realização, liberdade e independência! Esta é uma opinião pessoal, outros pensarão o contrário, mas fui consultar citações sobre o trabalho, que se coadunam com o que penso.

"O trabalho é desejável, primeiro e antes de tudo como um preventivo contra o aborrecimento, pois o aborrecimento que um homem sente ao executar um trabalho necessário embora monótono, não se compara ao que sente quando nada tem que fazer."- Russell , Bertrand

"O trabalho é a melhor das regularidades e a pior das intermitências." - Hugo  Victor

 "Não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa." - Freud , Sigmund

"Não me lembro de alguma vez me ter cansado a trabalhar, mas o ócio deixa-me completamente exausto." - Doyle , Arthur Conan