Óleo de Mário Dionísio |
De louvar a doação do espólio de Carlos de OLiveira, cerca de 9 000 documentos, ao Museu do Neo-Realismo.
Romancista, poeta e cronista marcante, com trabalhos como, «Uma abelha na Chuva», que teve uma adaptação ao cinema, «Finisterra» ou o livro de poesia «Sobre o Lado Esquerdo, o Lado do Coração»...tem uma obra vasta, que merece ser lida ou relida.Acusam-me de Mágoa e Desalento
Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.
Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.
Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.
A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
Carlos de Oliveira, in 'Mãe Pobre'
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.
Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.
Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.
A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
Carlos de Oliveira, in 'Mãe Pobre'