Richard Zenith, escritor e curador da exposição na Fundação Gulbenkian, sobre Fernando Pessoa, disse:
«Há mais de vinte anos tirei uma fotocópia da frase ««Sê plural como o Universo», quando pesquisava a mítica arca de Pessoa. Vi a frase isolada no topo de uma folha, seguida de muito espaço em branco, como se o autor tivesse começado com a ideia de encher a página, mas, tendo escrito cinco palavras e um ponto de exclamação, compreendesse que o texto estava completo. Percebi, que assim é como tudo no mundo, segundo Pessoa. O fingimento, «o drama em gente», as «ficções do interlúdio», o «Não sou nada», o «Deus sou eu», o «Navegar é preciso» e todos os outros conceitos e frases emblemáticas do escritor. Ele não achava, suponho eu, que deveriamos todos ter heterónimos, mas instava a que não ficássemos mental ou espiritualmente parados, que fossemos outro constantemente, que nos confrontássemos com a nossa condição de ser plural, muitos, em permanente viagem por mundos tão vastos que, por mais que os conheça, quase não os conhece ainda».