Para quê, caminhos do mundo,
Me atraís? — Se eu sei bem já
Que voltarei donde parto,
Por qualquer lado que vá.
Pra quê? — Se a Terra é redonda;
E, sempre, tem de cumprir-se
A sina daquela onda
Que parece vai sumir-se,
Mas que volta, bem mais débil,
Ao meio do lago, onde
A mãe, gota d'água flébil,
Há muito tempo se esconde.
Pra quê? — Se a folha viçosa
Na Primavera, feliz,
Amanhã será, gostosa,
Alimento da raiz.
Pra quê, caminhos do mundo?
Pra quê, andanças sem Fim?
Se todo o sonho profundo
Deste Mundo e do Outro-Mundo,
Não 'stá neles, mas em mim.
Francisco Bugalho, in "Paisagem"
Me atraís? — Se eu sei bem já
Que voltarei donde parto,
Por qualquer lado que vá.
Pra quê? — Se a Terra é redonda;
E, sempre, tem de cumprir-se
A sina daquela onda
Que parece vai sumir-se,
Mas que volta, bem mais débil,
Ao meio do lago, onde
A mãe, gota d'água flébil,
Há muito tempo se esconde.
Pra quê? — Se a folha viçosa
Na Primavera, feliz,
Amanhã será, gostosa,
Alimento da raiz.
Pra quê, caminhos do mundo?
Pra quê, andanças sem Fim?
Se todo o sonho profundo
Deste Mundo e do Outro-Mundo,
Não 'stá neles, mas em mim.
Francisco Bugalho, in "Paisagem"
2 comentários:
Gostei deste poema e sublinho a última estrofe :
Pra quê, caminhos do mundo?
Pra quê, andanças sem Fim?
Se todo o sonho profundo
Deste Mundo e do Outro-Mundo,
Não 'stá neles, mas em mim.
Precisamos ir ao mundo buscar alimento, fermento do sonho! Beijinho
Esta é uma vida que não pedimos mas que não podemos deixar de viver.
Um bom fim-de-semana.
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