Que o vão observador que frente ao mudo
Vidro do espelho segue o mais agudo
Reflexo ou o corpo do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
Que a única vingança ou o perdão
É o esquecimento. Um deus quis dar então
Ao ódio humano essa curiosa chave.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Do tempo, que é de um só e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada
Na guerra. Um esquecimento, um eco, um nada.
Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"
Jorge Luis
Borges
A sua obra abrange o "caos que
governa o mundo e o caráter de irrealidade em toda a literatura". Seus livros mais famosos, Ficciones (1944) e O Aleph (1949),
são coletâneas de histórias curtas interligadas por temas comuns: sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores
fictícios e livros fictícios, religião, Deus. Seus trabalhos têm contribuído significativamente para o gênero
da literatura fantástica. Estudiosos notaram que a progressiva cegueira de Borges
ajudou-o a criar novos símbolos literários através da imaginação, já que
"os poetas, como os cegos, podem ver no escuro". Os poemas de seu último período dialogam com
vultos culturais como Spinoza, Luís de Camões e Virgílio.
Sua fama internacional foi
consolidada na década de 1960. Para
homenagear Borges, em O Nome da
Rosa, romance
de Umberto
Eco, há o personagem Jorge de
Burgos, que além da semelhança no nome é cego. Além da personagem, a
biblioteca que serve como plano de fundo do livro é inspirada no conto de
Borges A Biblioteca de Babel (uma biblioteca universal e infinita que
abrange todos os livros do mundo).
"A democracia é um erro estatístico,
porque na democracia decide a maioria e a maioria é formada de imbecis"
"Sempre imaginei que o paraíso será uma
espécie de biblioteca"
"Parece-me fácil viver sem ódio. Sem
amor, acho impossível."
"De todos os instrumentos do homem, o
mais surpreendente é, sem dúvida nenhuma, o livro."
"A única coisa sem mistério é a felicidade porque ela se justifica por si só."
"Não acumules ouro na Terra, porque o
ouro é pai do ócio, e este, da tristeza e do tédio."
"Eu não sei se tem alguém do outro lado
da linha, mas ser um agnóstico significa que todas as coisas são possíveis,
mesmo Deus. Este mundo é tão estranho, tudo pode acontecer, ou não acontecer.
Ser um agnóstico permite-me viver num mundo mais amplo, num tipo mais
futurístico de mundo. Faz-me mais tolerante."
PESQUISA: INTERNET
1 comentário:
Ando a ler vários livros. Também acabei de escrever uma biografia-monografia (Acácio de Paiva- 1863-1944).
Não é meia noite quem quer (estou todo baralhado...) e Obra Poética (Vol. 19) de Jorge Luis Borges. Um poeta de encantar...
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