A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

OS NOVOS POBRES...

Houve uma época em que muito se falava dos novos-ricos, a situação inverteu-se hoje o que está em questão são os novos pobres. Outro dia, falava com uma amiga a propósito do que é ser rico, gozando com a situação da pessoa mais rica de Portugal dizer que não era rica, mas sim um trabalhador! E essa minha amiga, a uma outra escala dizia que também não era rica, apesar de usufruir de um nível de vida muito bom, atingido pelo seu trabalho limpo. Ficamos a pensar no que era ser rico, obviamente que eu tinha a minha concepção de rico e ela tinha a sua. Mas fica sempre aquele questionamento, quais os parâmetros que definem uma situação de riqueza?
Sejam eles quais forem, são uma minoria, relativamente à classe média, os então ditos burgueses, que noutros tempos eram vistos a fugir da pobreza, comendo todos os sapos, para ascender! Mas os tempos mudam e passou a ser a classe que constitui a força estruturante, de mudança e modernização e que agora está a transformar-se nos novos pobres. Sem trabalho e sem recursos, reclamam os direitos básicos de cidadania: casa, trabalho, cuidados de saúde, escola para os filhos. São dois milhões de portugueses carenciados, um quarto da nossa população que está abaixo dos níveis aceitáveis: sem trabalho, sem perspectivas, dependentes de organizações de solidariedade social. Estão a ficar sem esperança, vendo que as soluções que estão a ser tomadas, mais afunilam o túnel em que se encontram!
Um dos grandes objectivos da Zona Euro era a solidariedade activa e o desenvolvimento para todos os cidadãos, mas a grave crise que atravessa está a banir completamente esse ideal e depois de tantos erros cometidos a ideia que passa é de um «salve-se quem puder», quando são necessárias medidas socioeconómicas amplas e urgentes.
A situação que se está a viver, exige um apelo pelos direitos de cidadania e de respeito pela dignidade humana, que nos estão a ser gradativamente roubados ou sacrificados a prioridades arbitrárias na aplicação do erário público. Qual o interesse de mostrar obra, prática feita durante anos de regabofe, quando há outras prioridades a necessitar de um olhar mais atento!
Vivemos numa (dita) democracia, numa (dita) liberdade, mas a falta de condições de vida para um número cada vez maior de pessoas constitui uma intolerável traição aos mais elementares direitos democráticos.
Nesta problemática situação penso que os menos atingidos pela crise, devem ter uma acção de intervenção activa, não se acomodando a uma situação que de momento ainda lhes é favorável, mas com toda a carga de incerteza que passou a ser o pensamento mais sombrio para a grande maioria.