Cultura
É um fenómeno eterno: a ávida vontade vai sempre encontrar
um meio de fixar as suas criaturas na vida através de uma ilusão espalhada
sobre as coisas, forçando-as a continuar a viver. Este vê-se amarrado pelo
prazer socrático do conhecimento e pela ilusão de poder, através do mesmo,
curar a eterna ferida da existência; aquele vê-se envolvido pedo véu sedutor da
arte ondeando diante dos seus olhos; aquele, por seu turno, pela consolação
metafísica de que sob o remoinho dos fenómenos continua a fluir, impreturbável,
a vida eterna: para não falar das ilusões mais comuns, e talvez mais vigorosas,
que a vontade tem preparadas em qualquer instante.
Aqueles três níveis de ilusão destinam-se apenas às naturezas mais nobremente apetrechadas, nas quais a carga e o peso da existência são em geral sentidos com um desagrado mais profundo e que podem ser ilusoriamente desviadas desse desagrado através de estimulantes seleccionados. É nestes estimulantes que consiste tudo o que chamamos cultura.
Friedrich Nietzsche, in 'O Nascimento da Tragédia'
Aqueles três níveis de ilusão destinam-se apenas às naturezas mais nobremente apetrechadas, nas quais a carga e o peso da existência são em geral sentidos com um desagrado mais profundo e que podem ser ilusoriamente desviadas desse desagrado através de estimulantes seleccionados. É nestes estimulantes que consiste tudo o que chamamos cultura.
Friedrich Nietzsche, in 'O Nascimento da Tragédia'
Ecce Homo
Sim, sei de onde venho!
Insatisfeito com a labareda
Ardo para me consumir.
Aquilo em que toco torna-se luz,
Carvão aquilo que abandono:
Sou certamente labareda.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
Insatisfeito com a labareda
Ardo para me consumir.
Aquilo em que toco torna-se luz,
Carvão aquilo que abandono:
Sou certamente labareda.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
Sabedoria do Mundo
Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
O Solitário
Detesto seguir alguém assim como detesto conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Quem não se mete medo não consegue metê-lo a
ninguém,
E só aquele que o inspira pode comandar.
Já detesto guiar-me a mim próprio!
Gosto, como os animais das florestas e dos mares,
De me perder durante um grande pedaço,
Acocorar-me a sonhar num deserto encantador,
E forçar-me a regressar de longe aos meus penates,
Atrair-me a mim próprio... para mim.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Quem não se mete medo não consegue metê-lo a
ninguém,
E só aquele que o inspira pode comandar.
Já detesto guiar-me a mim próprio!
Gosto, como os animais das florestas e dos mares,
De me perder durante um grande pedaço,
Acocorar-me a sonhar num deserto encantador,
E forçar-me a regressar de longe aos meus penates,
Atrair-me a mim próprio... para mim.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
1 comentário:
Detesto seguir alguém assim como detesto conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Penso o mesmo. Detesto seguir alguém tanto como mandar ou conduzir. Cada um deve saber o seu caminho e o que deve fazer e quando assim não é paciência, problema deles. Por isto faço tudo para ser independente e não precisar do serviço de ninguém para, caso não o saibam fazer, não me aborrecer. Beijinhos
Enviar um comentário