A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»
MARTIN LUTHER KING
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
PARA TODOS OS AMIGOS UM GRANDE ABRAÇO COM UM DESEJO DE SAÚDE E PAZ
![]() |
QUE UMA LUZ SEMPRE POSSA BRILHAR EM NÓS APESAR DE TODAS AS VICISSITUDES! |
Não me digam que é Natal,
não me digam que nesta época tocam os sinos do amor,
somos todos passarinhos às bicadinhas
e o nosso sorriso é distribuído de orelha a orelha!
Não me digam que vamos fazer promessas de sermos melhores,
como isso fosse um fabrico que dependesse totalmente de nós!
Palavras bonitas cansam!
Toda a gente tem boas intenções eu sei, porque eu também!
Há palavras que enjoam,
olha-se em volta e as luzinhas e os papelotes de cores variadas magoam a retina, porque são uma ilusão,
tapando um mundo desconsertado!
Também não vou fazer a apologia do «pobrezinho»!
Não vamos ser no Natal,
aquilo que não somos todo o ano,
o melhor é sermos apenas,
e quem tem coragem e determinação para ser,
é todo o ano!
Como dizia o poeta «Natal é sempre que um homem quiser»*!
*ARY DOS SANTOS
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
NA ESQUINA DO TEMPO...GLÓRIA LEÃO
Tenho relido de quando em quando excertos deste livro, escrito por uma amiga muito especial e que partiu! Nesta altura já tudo estava muito mal e de forma vertiginosa em poucos meses encontrou o fim! Tive uma ligação com ela intensa, como muitos bloguistas por aqui, pela forma incentivadora de muitas blogagens colectivas, sempre com as suas ideias brilhantes e o seu grande entusiasmo. Para mim a blogosfera nunca mais foi a mesma, que me perdoem os outros amigos!
«E
se a terra lhe deu tanto, gostaria de voltar para ela em forma de adubo, em pó,
farinha de ossos.
Que
suas cinzas, um dia, fossem jogadas em volta de uma árvore frondosa. Com galhos
fortes e grossos e que ali, num deles, pendurassem um balanço.
Lá
de cima, da copa verde e do meio das folhas, certamente sentiria o balançar das
cordas e ouviria os risos e brincadeiras de seus netos, bisnetos e de todas as
gerações depois deles.
Enquanto
sua árvore lá estivesse, estaria lá, ela também. Maia faria parte da seiva e do
alimento e se transformaria na árvore mais frondosa do jardim». GLÓRIA LEÃO
É OLHANDO PARA A BELEZA E A SOLIDEZ DE UMA ÁRVORE, QUE TE RECORDO!
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
sou de outras coisas
Sou de outras coisas
pertenço ao tempo que há-de vir sem ser futuro
e sou amante da profunda liberdade
pertenço ao tempo que há-de vir sem ser futuro
e sou amante da profunda liberdade
sou parte inteira de uma vida vagabunda
sou evadido da tristeza e da ansiedade
Sou doutras coisas
fiz o meu barco com guitarras e com folhas
e com o vento fiz a vela que me leva
sou pescador de coisas belas, de emoções
sou a maré que sempre sobe e não sossega
Sou das pessoas que me querem e que eu amo
vivo com elas por saber quanto lhes quero
a minha casa é uma ilha é uma pedra
que me entregaram num abraço tão sincero
Sou doutras coisas
sou de pensar que a grandeza está no homem
porque é o homem o mais lindo continente
tanto me faz que a terra seja longa ou curta
tranco-me aqui por ser humano e por ser gente
Sou doutras coisas
sou de entender a dor alheia que é a minha
sou de quem parte com a mágoa de quem fica
mas também sou de querer sonhar o novo dia
Fernando Tordo
sou evadido da tristeza e da ansiedade
Sou doutras coisas
fiz o meu barco com guitarras e com folhas
e com o vento fiz a vela que me leva
sou pescador de coisas belas, de emoções
sou a maré que sempre sobe e não sossega
Sou das pessoas que me querem e que eu amo
vivo com elas por saber quanto lhes quero
a minha casa é uma ilha é uma pedra
que me entregaram num abraço tão sincero
Sou doutras coisas
sou de pensar que a grandeza está no homem
porque é o homem o mais lindo continente
tanto me faz que a terra seja longa ou curta
tranco-me aqui por ser humano e por ser gente
Sou doutras coisas
sou de entender a dor alheia que é a minha
sou de quem parte com a mágoa de quem fica
mas também sou de querer sonhar o novo dia
Fernando Tordo
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
To be or not to be isn't the question!
A homossexualidade é um não assunto? Uma relação amorosa que tem
34 anos é um assunto? Falar do casamento entre pessoas do mesmo sexo, num país
que o permite, continua a ser importante? E num tempo em que começa a ser feio
ser preconceituoso, os exemplos são importantes para quem? Estas foram algumas
das questões que foram levantadas por Alexandre Quintanilha, físico e Richard
Zimler, jornalista e professor norte-americano.
Mantém, desde 1978, uma relação amorosa. O casal, residente no Porto desde 1990, foi um dos primeiros formados por figuras
públicas a casar-se, pela nova lei do casamento civil.
Autor de obras como “Goa ou o Guardião da
Aurora”, “A Sétima Porta”, “O Último Cabalista de Lisboa”, best-seller em
11 países, incluindo os Estados Unidos da América, Inglaterra, Itália e Brasil,
ou “Os Anagramas de Varsóvia”, considerado o livro do ano de 2009 pela revista
Ler, Richard Zimler, galardoado com vários prémios literários, tem os seus
livros traduzidos em mais de 16 países.
Para
Richard Zimler a sua identidade não está muito ligada aos
rótulos mais óbvios, ou seja, americano, com dupla nacionalidade portuguesa,
escritor, residente no Porto, etc…. A sua identidade está mais ligada a
factores pessoais, por exemplo, a relação que tinha com a mãe, a relação com
Alexandre Quintanilha, as recordações de milhares de momentos que, reunidos,
constituem a sua identidade.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
"Uma paisagem qualquer é um estado de alma. " - Henri Amiel
Solidão
A solidão é
como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.
Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:
então, a solidão vai com os rios...
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.
Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:
então, a solidão vai com os rios...
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
JOSÉ SARAMAGO
A 16 de Novembro de 1922, nasce, em Azinhaga (Ribatejo), José de Sousa Saramago, escritor português galardoado, em 1998, com o Nobel da Literatura.
O Nobel da Literatura José Saramago, que morreu em junho de 2010, vai ser homenageado no Por
O Nobel da Literatura José Saramago, que morreu em junho de 2010, vai ser homenageado no Por
to, na Casa da Música, a 24 de novembro, iniciativa integrada nas comemorações dos 90 anos sobre o nascimento do escritor.
A homenagem a José Saramago surge no âmbito da 12.ª edição do "Porto de Encontro", uma iniciativa do jornalista Sérgio Almeida promovida pela Porto Editora.
"A conversa, moderada pelo jornalista Sérgio Almeida, contará com as participações de Pilar del Río, Álvaro Siza Vieira, Mário Cláudio, Pedro Abrunhosa e Valter Hugo Mãe".
Quando se comemora 90 anos sobre o nascimento do escritor, para esta homenagem estão ainda previstas "leituras por Manuela Azevedo, Emília Silvestre, Filipa Leal, Ana Celeste Ferreira e José Carlos Tinoco, bem como performances de Pedro Abrunhosa, do Coral de Letras da Universidade do Porto e de O Andaime".
A homenagem a José Saramago surge no âmbito da 12.ª edição do "Porto de Encontro", uma iniciativa do jornalista Sérgio Almeida promovida pela Porto Editora.
"A conversa, moderada pelo jornalista Sérgio Almeida, contará com as participações de Pilar del Río, Álvaro Siza Vieira, Mário Cláudio, Pedro Abrunhosa e Valter Hugo Mãe".
Quando se comemora 90 anos sobre o nascimento do escritor, para esta homenagem estão ainda previstas "leituras por Manuela Azevedo, Emília Silvestre, Filipa Leal, Ana Celeste Ferreira e José Carlos Tinoco, bem como performances de Pedro Abrunhosa, do Coral de Letras da Universidade do Porto e de O Andaime".
Arte de Amar
Metidos nesta pele que nos refuta,
Dois somos, o mesmo que inimigos.
Grande coisa, afinal, é o suor
(Assim já o diziam os antigos):
Sem ele, a vida não seria luta,
Aprendamos, Amor
Aprendamos, amor, com estes montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.
Façamos o que é certo e de direito:
Metidos nesta pele que nos refuta,
Dois somos, o mesmo que inimigos.
Grande coisa, afinal, é o suor
(Assim já o diziam os antigos):
Sem ele, a vida não seria luta,
Nem o amor amor.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis" Aprendamos, Amor
Aprendamos, amor, com estes montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.
Façamos o que é certo e de direito:
Dos desejos ocultos outras fontes
E desçamos ao mar do nosso leito.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
E desçamos ao mar do nosso leito.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
U.E. – A GRANDE UTOPIA
U.E. foi a melhor e a mais atraente utopia política, um «magnificent
concept», para muitos. Este processo de integração europeia, começou a ser
construído na ressaca da II Guerra Mundial, inspirando-se na Paz, mas as
lideranças atuais são tacanhas, fechadas, medíocres, sem a determinação
fundadora de um Adenauer, Schuman, De Gasperi ou de estadistas como Helmut
Kohl, Mitterrand, Delors, Willy Brandt, Schmidt.
As causas da crise, iniciaram-se com a crise económica global da falência
do banco de investimento americano Lehman Brothers e o seu efeito dominó em
outras instituições bancárias, mas outro aspeto há a considerar: o endividamento
público elevado de certos países, casos de: Grécia, Portugal, Espanha, Itália e
Irlanda. A União Europeia, não soube coordenar, nem resolver essa situação e as
consequências são evidentes: fuga de capitais de investidores, escassez de
crédito, aumento do desemprego, descontentamento popular com as medidas de
redução de gastos, como forma de conter a crise, diminuição nos «ratings», dos
países e bancos mais envolvidos na crise,
queda ou baixo crescimento do PIB, contaminação para países fora do
bloco, que mantêm relações com a União Europeia.
A crise pode, de acordo com alguns economistas, causar
recessão económica mundial.
A Europa caminhou para
preocupações medíocres, falta de visão democrática, liderança pedante, muito
longe do processo inicial de integração europeia, indo beber dos mesmos males
de que sempre padeceu o Continente: egoísmo e divisão e esta situação pode bem levar
a outra guerra.
Não se pode negar de todo a possibilidade desse risco, pensemos no caso da
Jugoslávia, uma federação supranacional que se desagregou, cujos povos viviam
em comum e que se mataram uns aos outros!
Num continente que viveu em guerra permanente até à 70 anos, a U.E., quis
trazer paz e prosperidade, assim como democracia a vários países. A ideia
baseava-se numa igualdade, apesar dos países não terem a mesma situação
económica, mas igualdade de direitos políticos. Atualmente um país dita as
regras do jogo, a Alemanha e Merkel diz: os países que estão a ser assistidos
ou aceitam as regras do jogo que eu vou ditar ou acabou-se a assistência. Essas
regras, referindo por exemplo a situação em Portugal, levam a que o orçamento
de estado seja aprovado primeiro em Berlim e depois na Assembleia da Republica
portuguesa. Merkel tem revelado egoísmo e tomado medidas fracas e retardadas,
quando se espera uma atitude corajosa, ousada e empreendedora, reconstruindo a
esperança de uma EUROPA/CASA COMUM.
A situação está complicada com a ditadura dos mercados, seria necessária
uma vontade política forte para que os países se consertassem e fosse possível
controlar os mercados. A ditadura dos mercados consiste em criar um círculo
vicioso, criando medidas de austeridade, que levam os países à recessão e
depois juros mais altos e mais crise! Um caminho para o abismo!
Toda a gente antevê o fim da União Europeia e ninguém faz nada! Para muitos
a Europa, união de países a 27 tem os seus dias contados. A ideia de uma Europa
Unida acabou e salve-se quem puder!
Portugal, pequeno país
periférico, sempre tão dependente, irá sobreviver à crise e às medidas
draconianas da Troika
(Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário
Internacional (FMI))? O futuro parece bastante negro, com políticos fracos e sem qualidades,
plenamente subservientes à Srª Merkel. As
manifestações proliferam, a contestação aumenta dia a dia, Portugal que futuro?
m.s.
sábado, 27 de outubro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
MANUEL ANTÓNIO PINA um amigo e uma voz íntegra que partiu!
Algumas Coisas
A morte e a vida morrem
e sob a sua eternidade fica
só a memória do esquecimento de tudo;
também o silêncio de aquele que fala se calará.
Quem fala de estas
coisas e de falar de elas
foge para o puro esquecimento
fora da cabeça e de si.
O que existe falta
sob a eternidade;
saber é esquecer, e
esta é a sabedoria e o esquecimento.
Manuel António Pina, in "Aquele que Quer Morrer"
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
LEIA!!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
ERIK RAVELO FAZ CAMPANHA PARA BENETON INSPIRADO NO KAMA SUTRA
O designer Erik Ravelo inovou na sua nova campanha para a Benetton. A marca conhecida por condenar o preconceito e acreditar no poder do amor para unir as pessoas e ultrapassar barreiras, uniu-se ao artista cubano, que também divide os mesmos ideais para criar a campanha Lana Sutra.
sábado, 6 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
TOADA DE PORTALEGRE - JOSÉ RÉGIO
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Morei numa casa velha,
À qual quis como se fora
Feita para eu Morar nela...
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- Quis-lhe bem como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego.
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De montes e de oliveiras
Ao vento suão queimada
(Lá vem o vento suão!,
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão...)
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem fôr,
Na tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela,
Tinha, então,
Por única diversão,
Uma pequena varanda
Diante de uma janela
Toda aberta ao sol que abrasa,
Ao frio que tosse e gela
E ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda
Derredor da minha casa,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos e sobreiros
Era uma bela varanda,
Naquela bela janela!
Serras deitadas nas nuvens,
Vagas e azuis da distância,
Azuis, cinzentas, lilases,
Já roxas quando mais perto,
Campos verdes e Amarelos,
Salpicados de Oliveiras,
E que o frio, ao vir, despia,
Rasava, unia
Num mesmo ar de deserto
Ou de longínquas geleiras,
Céus que lá em cima, estrelados,
Boiando em lua, ou fechados
Nos seus turbilhões de trevas,
Pareciam engolir-me
Quando, fitando-os suspenso
Daquele silêncio imenso,
Sentia o chão a fugir-me,
- Se abriam diante dela
Daquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Na casa em que morei, velha,
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
À qual quis como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego...
Ora agora,
?Que havia o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Que havia o vento suão
De se lembrar de fazer?
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
?Que havia o vento suão
De fazer,
Senão trazer
Àquela
Minha
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
O documento maior
De que Deus
É protector
Dos seus
Que mais faz sofrer?
Lá num craveiro, que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Poisou qualquer sementinha
Que o vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Achara no ar perdida,
Errando entre terra e céus...,
E, louvado seja Deus!,
Eis que uma folha miudinha
Rompeu, cresceu, recortada,
Furando a cepa cansada
Que dava cravos sem vida
Naquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
Á qual quis como se fora
Feita para eu morar nela...
Como é que o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Me trouxe a mim que, dizia,
Em Portalegre sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Me trouxe a mim essa esmola,
Esse pedido de paz
Dum Deus que fere... e consola
Com o próprio mal que faz?
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for
Me davam então tal vida
Em Portalegre; cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Me davam então tal vida
- Não vivida!, sim morrida
No tédio e no desespero,
No espanto e na solidão,
Que a corda dos derradeiros
Desejos dos desgraçados
Por noites do tal suão
Já varias vezes tentara
Meus dedos verdes suados...
Senão quando o amor de Deus
Ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Confia uma sementinha
Perdida entre terra e céus,
E o vento a trás à varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tôsca e bela
À qual quis como se fôra
Feita para eu morar nela!
Lá no craveiro que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Nasceu essa acàciazinha
Que depois foi transplantada
E cresceu; dom do meu Deus!,
Aos pés lá da estranha casa
Do largo do cemitério,
Frente aos ciprestes que em frente
Mostram os céus,
Como dedos apontados
De gigantes enterrados...
Quem desespera dos homens,
Se a alma lhe não secou,
A tudo transfere a esperança
Que a humanidade frustrou:
E é capaz de amar as plantas,
De esperar nos animais,
De humanizar coisas brutas,
E ter criancices tais,
Tais e tantas!,
Que será bom ter pudor
De as contar seja a quem for!
O amor, a amizade, e quantos
Mais sonhos de oiro eu sonhara,
Bens deste mundo!, que o mundo
Me levara,
De tal maneira me tinham,
Ao fugir-me, Deixando só, nulo, vácuos, A mim que tanto esperava
Ser fiel,
E forte,
E firme,
Que não era mais que morte
A vida que então vivia,
Auto-cadáver...
E era então que sucedia
Que em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos pés lá da casa velha
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casa que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- A minha acácia crescia.
Vento suão!, obrigado...
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado
Sem eu sonhar, me chegara!
E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
ou se um filho me nascera
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