ABRIL…sempre gostei de Abril…e muito mais quando os cravos gritaram nas armas e eu senti o sangue nas veias correndo de emoções diversas…tempos que sempre estarão presentes em mim…se fizesse uma lista dos acontecimentos importantes da minha vida esse Abril lá estava, num lugar destacado…mas esse Abril passou…e hoje Abril, que se traduz num renascimento…em cores e cheiros de uma Primavera desejada…não deixa de trazer sombras…e nas sombras ruídos, muitos ruídos atonais…que ouço com irritação…
Apetecia-me o silêncio…se o silêncio pudesse existir!...
Mesmo tapando os ouvidos ainda subsiste um zumbido revoltado…que vem das minhas entranhas…
Não há silêncio…nem em mim…nem fora de mim…apetece-me dizer CALEM-SE…
Será que é possível encontrar o silêncio?
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
Silêncio
Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli
NAS ASAS DA SAUDADE - CARLOS PAREDES
MOVIMENTO PERPÉTUO
16 comentários:
Que post encantador, minha querida Manuela!
Aril...
Você nos presenteia com um tesouro!
Abraço.
Olá, Manu!
Que belo poema! Penso que o silêncio interior, mas que o exterior, nos concede harmonia, paz, e possibilidade de conhecimento de nós mesmos.
Grande abraço
Socorro Melo
Oi Manu
Linda sua postagem e trata de um tema vital. Eu concordo com o Socorro quando se refere ao silência interno e a possibilidade de paz e harmonia.
bjs
As vezes acho que o silêncio é barulho, só nos falta condição de codificá-lo.
Homeopatas dos Pés Descalços.
Maravilha e de silêncio precisamos sempre...dentro e fora de nós...beijos,chica
Amiga Manú!
Tem dias que o silêncio urge, precisamos dele para voltarmos ao centro de nós mesmos.
Infelizmente, ou felizmente, nem sei, mas morar em grandes centro é quase impossível, por isso refugio-me nos finais de semana bem longe daqui.
À minha volta um grande canteiro de obras, são 3 enormes prédios sendo construídos e máquinas pra lá e pra cá. Mesmo no 11o. andar ouve-se um pouco de ruído, mas o jeito é fechar tudo, ligar o ar condicionado e ouvir Mozart.
um beijo grande, carioca
Que lindo amiga...No silencio de tuas palavras, compus uma linda melodia
beijos achocolatados
Quantas vezes me apetece dizer calem-se. Será que eles se calariam? Não a fome do poder não os deixa ouvir.
Lindo este teu post e cheio de saudades de pessoas que eram interventivas. O que falta hoje.
Beijinhos
Também vibrei com esse Abril longínquo, cheio de promessas de primavera após um longo inverno de 48 anos...Tal como tu, também gosto muito da chegada da Primavera, mas o meu mês é o de Maio que já não tem tantas chuvas. Mas até o tempo anda ao contrário! Este ano o Abril ainda não trouxe águas mil e tem trazido demasiado calor para a época...
Agora quanto ao silêncio, ele pode ser um refúgio interior, um retemperador de forças, um calmante natural. Mas sabes? Desde que tive a surdez súbita, nunca mais consegui ficar em silêncio, porque há um ruído constante na minha cabeça, como se ela estivesse dentro de um avião a jacto. Só a dormir é que estou em silêncio...Bjs. Bombom
Deixamos aqui um pouco da nossa alegria,
http://cozinhadosvurdons.blogspot.com/2011/04/projeto-kalinka-uma-receita-de-sucesso.html
AMSK/BRASIL
Manuela:
O silêncio parece que costura os fragmentos do que somos. Lindo post.
Beijos,
Eu aprecio o silencio, é nele que me ouço. Muito bom viu! Montão de bjs e abraços
Também sempre gostei de Abril... e este post é riquissímo. Adorei.
Beijinho, Manuela, e um bom fim de semana.
Tem razão, Manuela. Abril devia ser o mês de todas as esperanças, mesmo que renovadas todos os anos.
Infelizmente há muita gente que apanhou a boleia dum Abril, cheio de cravos e de papoilas, vermelhas. Com o tempo, sentaram-se à sombra da bananeira ou, pior, à espera do coco a cair, apanhá-lo só para eles, que não dá para repartir por todos!?...
E à medida que os cocos começaram a rarear, então começaram a fazer muito barulho, que alguém os andou a gamar, à socapa.
Em que ficamos? Tudo ralha, com muito ruído, barulho ensurdecedor, louça a partir...
Como sabia bem o silêncio! O que houver a fazer - e há, muito - que se faça, como é mister, com método, criteriosamente, sem sofismas!
Como a poesia nos pode ajudar a viver!...
Um grande abraço
António
as vozes e os ruídos
confundem-se muitas vezes
a História, leva muito tempo a construir-se e nós temos sempre pressa
um beijo
manuela
Sim è possivel encontrar um pouco de silêncio...eu encontrei-o pelo menos durante uma semana...
Bjs
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