A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»
MARTIN LUTHER KING
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
SE A LÍNGUA NOS UNE O QUE É QUE NOS SEPARA?
Passou na Televisão uma série de programas, que tinha por objectivo fazer uma ponte entre portugueses e brasileiros. Uma das frases citadas era exactamente essa: «SE A LÍNGUA NOS UNE O QUE É QUE NOS SEPARA»?
Para mim nada me separa, como não me sinto separada de qualquer outra pessoa seja qual for a sua nacionalidade, só que com os povos brasileiros e africanos também há uma vantagem, percebemo-nos sem grande esforço.
Evidentemente que determinadas pessoas alimentam sempre preconceitos de xenofobia. De cá deste lado, a alegria exuberante é confundida em alguns espíritos com ideias como: futilidade e alienação!.. Do lado daqui passa uma imagem de um certo conservadorismo, pessoas sisudas, mulheres de preto e de bigode e a mania de…
Nem Portugal, nem o Brasil são assim, há pessoas e pessoas…
Quantos portugueses já não foram ao Brasil e outros sonham ir e vice-versa relativamente aos brasileiros, temos tanto a ligar-nos!
Claro, os portugueses foram os execráveis colonialistas, abusaram dos indígenas, exploraram as matérias-primas, fizeram o tráfico negro…enfim era o contexto da época, outros países o fizeram, mas isso já foi, para quê alimentar «chagas» passadas? O Brasil sofreu o contexto da época, pior foi relativamente aos africanos, que fora do contexto e por uma questão de teimosia de um ditador, se teimou pelas armas numa presença colonizadora.
Pessoalmente, tive pessoas de família que foram para o Brasil e por lá ficaram e nesta leva de brasileiros que há poucos anos vieram para Portugal, tenho uma sobrinha brasileira. Gosto muito de me relacionar com brasileiros e os que estão mais perto de mim são os professores do ginásio, que nos transmitem muita alegria com o seu jeitinho doce de falar!
Relativamente à cultura, desde cedo que li bastante literatura brasileira, o escritor que mais li foi Jorge Amado, que tão bem se sentia em Portugal com a sua mulher Zélia Gatai, mas li também Erico Veríssimo, Lígia Fagundes-Telles, João Ubaldo Ribeiro, Guimarães Rosa, Gibran Lemos, Machado de Assis, Quintana, Drummond, Cecília Meirelles, Clarice…e outros! A este nível os brasileiros também têm um conhecimento vasto da nossa literatura, até mesmo da contemporânea, o que não é tão frequente aqui, por opções editoriais.
A outros níveis sempre fui uma grande admiradora da música brasileira e tenho muita música brasileira, seria fastidiosa estar a referir nomes, mas a atracção foi iniciada com: Tom Jobim, Gilberto Gil, Vinicius, Milton, Chico, Elis…e outros, muitos outros! Num género de música mais erudita, também gosto de Heitor Villa-Lobos.
Relativamente ao cinema, também já vi filmes brasileiros muito bons e coloco em relevo Glauber Rocha e Ruy Guerra e lembro filmes como Pixote, Cidade de Deus, Tropa de Elite, Central do Brasil…claro que aqui também há os interesses comerciais e o cinema americano é dominante.
Já vi companhias de teatro brasileiro e as vossas telenovelas que tiveram o seu período de glória, com o aparecimento por cá de «Gabriela, Cravo e Canela», com um leque de excelentes artistas e técnicos, foram um exemplo para uma escola de telenovela portuguesa que foi aparecendo. Ao princípio ainda vi alguma telenovela, mas depois cansei-me, é um género que não me agrada, nem brasileira nem portuguesa!
Eu não sei mesmo o que nos separa? Desfasamentos linguísticos? Facto e fato? Refrigerador e frigorífico? Telemóvel e celular? A evolução da língua portuguesa nos vários países onde é falada, teve aquisições e influências diferentes, sou contra acordos ortográficos e defendo a língua viva com a sua cor local, sempre nos iremos compreender e achar muita piada aos termos diversos que as pessoas utilizam. Dentro do próprio país isso acontece! Há um falar à alentejano, à puerto, à lisboeta, a Cascais ali tão perto de Lisboa, a Viseu, sei lá…nuns sítios temos o chapéu-de-chuva, noutros o guarda chuva, as vagens e o feijão verde, o congro e o safio…
Podem dizer, mas o português escrito é outra coisa, obviamente que sim, mas as regras podem ser flexíveis, alguma vez os Estados Unidos e a Inglaterra fizeram um acordo ortográfico? E a Espanha e os países da América do Sul? E a França e as suas ex-colónias? Que eu saiba não! Se alguém souber que me diga, até porque expondo ideias estou sempre à espera de contestação e aprender mais é o meu lema! Relativamente a escrever respeitarei a ortografia que me ensinaram, embora com os contágios!.. Aliás este problema já vem de criança, do tempo dos Patinhas e Pateta, quando os livros distribuídos por cá vinham em versão brasileira! Termos africanos e brasileiros já foram introduzidos por cá e assim a língua falada ganha outro colorido.»
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17 comentários:
O que nos separa, acho que é só o Oceano. Sou a favor do acordo ortográfico, sem ele a língua portuguesa correria o risco de se perder, como aconteceu com o latim.
BeijooO*
Olá, Manuela.
O que nos separa, na realidade, é somente uma questão de espaço. A questão linguística tem que ser deixada livre, para que possa seguir seu próprio curso. como você tão bem citou, dentro de Portugal, você tem variações num curto espaço, imagine então entre países que utilizam uma base linguística, mas que são autônomos? Jamais se conseguirá algo uniforme ou homogêneo. Também sou extremamente contra as reformas ortográficas.
Temos, hoje, um instrumento muito bom para aproximação das culturas portuguesas espalhadas pelo mundo, que é a web. A interação entre os povos de língua portuguesa cresceu muito, e foi dado ao povo a chance de se "conhecer" mutuamente, sem a intervenção dos meios de comunicação ou qualquer outro formador de opinião. conversamos diretamente, sem ninguém tentar influenciar nas questões de como devemos enxergar um ao outro.
Perdão pelo comentário alongado, mas o tema é excelente e muito propício.
Abraços e uma ótima semana.
Marcio
Olá Manuela,
Desculpe não comentar o seu post, mas tenho numa grande ronda a fazer por mais de 30 blogues, para informar que a pergunta que fez à nossa amiga Astrid Annabelle, do 'Navegante do Infinito', já está respondida e temos tudo preparado para publicarmos um post, enorme e magnífico, que é toda uma experiência de vida, no próximo dia 16 de Dezembro, às 7:30 (Portugal) - 5:30 (Brasil), no 'Cova do Urso'.
Em nome da Astrid e no meu próprio, estamos aqui para agradecer a sua colaboração nesta entrevista.
Saudações amistosas,
António
P.S.: também creio que nada nos separa.
Manu, concordo com absolutamente tudo o que dissestes. E tb parafraseando o amigo Marcio, somente a distância nos separa. Acho um verdadeiro absurdo esse tal acordo ortográfico, principalmente para os portugueses, visto que a ortografia daí será bem mais atingida do que a nossa. Não concordo absolutamente. Acho que Saramago fazia muito bem em dizer que não iria adotá-la e continuaria a escrever como antes, como sempre fez.
Quanto ao passado, acho bom que ele sirva de exemplo só para que não incorramos nos mesmos erros, mas ficar esmiuçando e querendo remexer no que aconteceu há tantos anos atrás é perda de tempo e de dinheiro...Aqui tb andam a fazer isso e com certeza alguém leva vantagens econômicas nisto tudo.
Grande beijo, excelente post!
Que beleza de post Manú!
Concordo com você. Não existe diferença.
Aqui no Brasil igualmente às vezes temos dificuldade de compreensão em relação a alguns termos regionais. Porém, somos todos Um.
Olhe, eu li e reli. Adorei!
Parabéns.
Um beijo grande querida.
Astrid Annabelle
P.S. estive mais ausente por falta de sinal da net.
Nada nos separa...
O coração nos une em sentimentos em emoções...Somos todos iguais.
Bjos achocolatados
Concordo com a Veléria: apenas o Oceano...O resto, somos amigos e irmãos! beijos,linda semana,chica
A Valéria Sorohan disse tudo.
Excelenete texto ,os meus parabéns Manú.
Beijnho.
"A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio
de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida"
Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz,
Amor, Saúde e Amizade.
Bjs
Com avô brasileiro, separa-me muito pouco...
Bjs
Cara Manú, que "post" excelente para nos fazer pensar ou repensar no que é que afinal nos separa!
Também já me pus essa questão e não encontrei muitas respostas, no entanto acho que uma delas é o preconceito. Somos muito dados a ideias feitas! Mas quando estive no Brasil, senti o mesmo da parte de muitas pessoas com quem contactei. Inclusivamente, acusavam-nos de termos sido colonizadores e responsáveis por todos os males, esquecendo que bem cedo ficaram independentes...
Outra das razões é o desconhecimento da História de cada um dos países e essa não se aprende na Escola. Temos de ir à procura dela nas Bibliotecas e nas Livrarias. Eu tenho lido alguns muito interessantes sobre este assunto. Estou a lembrar-me de um que fala dos Primeiros 30 anos da História do Brasil, que se calhar nem os brasileiros conhecem! (A propósito, não sou formada em História, mas gostava muito de ser. Sou só Professora de Instrução Primária com um vasto currículo em Psicologia Infantil mas sem canudos, he,he)! Em relação ao Novo Acordo Ortográfico, quem o fez e quem o autorizou, devia ter vergonha na cara, mas isso é coisa que os nossos polítiqueiros não têm. O grande mal é o de nivelarmos tudo por baixo! Em vez de reunirmos e rectificarmos "o que se foi extraviando", passamos a aceitar "caridosamente" os erros que os outros foram criando na sua linguagem e declaramo-los como certos!
Quando o meu filho esteve na Suiça (é Investigador)a minha nétinha aprendeu a língua francesa nos primeiros anos de Jardim Infantil. Nas vezes que os visitei, apercebi-me de que anualmente, as Entidades Escolares de França reúnem com as da Suíça, para normalizarem a linguagem e não permitirem desvios. Era isto que eu gostava que se fizesse com a Língua Portugues. Então, sim, seria verdade "que a minha Pátria é a Língua Portuguesa".
Perdoa-me a extensão deste comentário. Bjs. Bombom
Eu te amo meu Brásiu
Eu te amo meu brásiu.
sempre sempre amarei um povo que me transmite paz e alegria. Somos todos iguais, eles têm seu jeitinho mais meiguinho de falar, eles há de tudo como aqui...bom é amar a todos e sentir que todos somos Irmãos...
Li o Meu pá de laranja lima em miuda, vi a Gabriela cravo e Canela alugada em cassete naquele tempo na África do Sul e ainda gosto de novelas ainda não enjoei...
beijinhos a todos minha gente, já conheço o brásiu e amei lá estar.
ji da laura
Oi Manu
Para mim é só o Atlântico mesmo que nos separa e minha falta de dinheiro para chegar até aí. rsrsrs
Por aqui há tanta diferença no falar que até dentro de um Estado fica difícil de se entender direito e custa-nos acostumar.
Moro na divisa do Paraná e Santa Catarina aqui no Sul, onde a população recebe influência dos Catarinenses, e vindo do centro-leste do Paraná, quando cheguei por aqui era muito difícil entendê-los e muitas vezes ríamos uns dos outros.
Acostuma-se com tudo nesta vida e com a língua falada mais ainda.
Agora se tratando da escrita, também sou a favor de uma língua única: A Portuguesa.
Há que haver algumas diferanças, mas não se pode deixá-la perder-se.
Bjs no coração!
Nilce
Separará (alguns de nós), eventualmente, o mesmo que os separa a eles, entre si: a incapacidade de mudar preconceitos pessoais. Creio seja tão simples quanto isto. Enraizados preconceitos conduzem à intolerância que é nefasta a todos. É pena.
Manú, queridíssima!
Nada nos separa, apenas o imenso Oceano Atlântico que os valentes desbravadores navegantes atravessaram na Idade Média. Como não valorizar homens como aqueles? E no final fez-nos juntos, conhecermos uns dos outros, mesmo sem nunca ter pisado em terra brasillis como tu mesma.
Eu já estive por aí, afinal era imprescindível ver de perto esta terra que é de meus antepassados e dos que fizeram o meu país.
Sou suspeita para falar de portugueses porque minha relação com este povo, vem desde a meninice.
Tenho amigos portugueses de infância e são mesmo muito amados, como se fossem meus primos.
Gosto tanto que costumo ler os comentários teus ou de qualquer outro amigo portuga, com o sotaque lusitano, adoro!
Procuro, inclusive, escrever ao jeitinho que falam, nem utilizo mais o "vocês", dando ênfase ao "vós" que é o usual aí em Portugal.
Sou contra, portanto, a esta reforma ortográfica, pois nos entendemos muito bem assim até hoje.
Quanto ao que quer dizer 'beija flor' é o pássaro também conhecido por 'colibri', pássaro com coloração reluzente, brilhosa, alguns verde esmeralda e com bico longo e muito fino e que entram no centro das flores à procura do néctar adocicado. São originários daqui da América do Sul e Central e lá nas montanhas tem em excesso.
Veja no link abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Beija-flor
um super mega beijo carioca
Manu,
Amei esse texto. Eu penso do mesmo jeito. Não acrescentaria uma vírgula, sequer.
Ah, descobri que temos muito em comum, gosto dos autores brasileiros citados por você, e dos cantores de MPB.
Da literatura portuguesa, conheço mais a clássica.
E acho que essa diversidade é o que enriquece a língua, não é?
Um abração
Socorro Melo
CONCORDO EM ABSOLUTO COM O QUE DESCREVES NO TEU TEXTO. O QUE NOS SEPARA? SOMOS DIFERENTES E AINDA BEM QUE SOMOS...GRAÇAS A DEUS... CASO CONTRÁRIO NÃO SERIA PORTUGAL E BRASIL. GENTE DESONESTA EXISTE EM PORTUGAL E NO BRASIL. E BOA GENTE IGUALMENTE EM PORTUGAL E NO BRASIL...PORTANTO DEIXEMO-NOS DE PRECONCEITOS TOLOS...
BEIJINHOS PARA TI MANUELA
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