A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




segunda-feira, 18 de julho de 2011

QUEM TEM MEDO DA ESTUPIDEZ?

Falar da estupidez pressupõe subtrair-se a ela, reivindicar um lugar exterior ao seu campo de acção, em suma, julgar-se inteligente. Ora este julgamento sobre si próprio é geralmente considerado um sinal de estupidez.


Cada inteligência tem a sua estupidez, e a própria psicologia animal pôde descobrir, nos seus testes de inteligência, que cada tipo de «performance» é um outro tipo de estupidez.

Se a estupidez não se assemelhasse extraordinariamente à inteligência, se não se confundisse com o progresso, o génio, a esperança, o aperfeiçoamento, ninguém quereria ser estúpido e a estupidez não existiria, ou pelo menos, seria muito fácil combatê-la. Porém, ela tem qualquer coisa de singularmente simpático e natural (…) não existe uma única ideia importante de que a estupidez não tenha sabido servir-se. 

Excerto do Ensaio de Robert Musil Teorias da Estupidez

 Até uma época recente o modernismo significava uma revolta não conformista contra os lugares comuns e o «kitsch». Hoje a modernidade confunde-se com a imensa vitalidade «mass-media» e ser moderno significa um esforço para estar em dia, estar conforme, estar ainda mais conforme dos que os mais conformes. A modernidade vestiu-se com a indumentaria «kitsch».


Quem pode dizer que nunca foi estúpido e como é difícil não cair na estupidez, num mundo cada vez mais estúpido?

«A estupidez tem o nome glorioso de lugar-comum». Flaubert


«O kitsch é a tradução da estupidez dos lugares comuns na linguagem da beleza e da emoção. » (Milan Kundera)





Barthes revela uma aversão à estupidez que não é apenas ética, mas também estética. Dela dará uma definição que vale por um tratado: «A estupidez é a euforia do lugar». Isto significa que a estupidez consiste em toda a forma de adesão (espontânea, eufórica) a um lugar já constituído – a um lugar comum. Ela triunfa sempre que se ocupa o espaço arrogante da certeza: é o «être-lá» em todo o seu esplendor, como uma verdade morta, inamovível, obscena na sua resistência « o estereótipo» é essa nauseabunda incapacidade de morrer».





5 comentários:

www.amsk.org.br disse...

"o estereótipo» é essa nauseabunda incapacidade de morrer».

Tem alguma outra forma de aprender, senão errando? sendo esquecido e passando por tola? agindo por impulso, pura estupidez no amor?

Acho que ainda serei estúpida algumas vezes.

E.

Homeopatas dos Pés Descalços

anamar disse...

Estou de acordo .... E, quem seria eu para contrariar tais cabeças?
:)) Bejoca minha em férias..
Ana

jurisdrops disse...

Estupidez também pressupõe certa agressividade, não é? Afronta o que é entendido como verdade absoluta por aqueles que se entendem nada estúpidos (quanta presunção!). Gostei muitíssimo da reflexão, Manuela.
Beijos

Tati disse...

Manú, na minha estupidez (da qual não me eximo), li e reli seu post.
Não sei em Portugal, mas por aqui, atualmente a "arte" volta-se ao que, para mim, sempre foi o estúpido e grosseiro. A exaltação do erro de português *inclusive em gramáticas) a título de inclusão. O funk ovacionado como estilo musical, poemas que mais me parecem uma grande proclamação de impropérios, com rimas ou não rimas feitas de palavras que eram ditas de baixo calão... Sei lá, sinto-me extremamente estúpida em não entender esta nova ordem nacional (será mundial?).
Beijos querida!

Brown Eyes disse...

Manu ser estúpido é matar o eu que cada um tem dentro de si e seguir a multidão. Foi assim que sempre pensei, nunca temi seguir o meu caminho, nem que fosse só. Cada vez mais as pessoas seguem a multidão e temem demonstrar o que são. Nunca fui assim e nunca temi mostrar a minha ignorância. É assim que vejo a estupidez.
Beijinhos