A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




sexta-feira, 20 de maio de 2011

NAS ESQUINAS DA RUA SANTA CATARINA...

É conhecido, que nas esquinas da Rua Santa Catarina, frente a frente se encontram os bustos de Camões e de Dinamene, não encontro comprovações para que assim seja...até porque a suposta Dinamene seria chinesa o que não corresponde ao busto da mulher...



Boa parte das informações sobre a biografia de Camões suscitam dúvidas e, provavelmente, muito do que sobre ele circula não é mais do que o típico folclore que se forma em torno de uma figura célebre. São documentadas apenas umas poucas datas que balizam a sua trajectória.


A decantada Dinamene também parece ser uma imagem poética antes do que uma pessoa real.


Identificada, segundo uma tradição biográfica de contornos mais lendários do que históricos, com uma jovem chinesa que teria perecido num naufrágio, no rio Mecom, são várias as interpretações que têm sido levantadas quanto à identidade deste nome, inclusivamente a de que corresponderia ao nome de uma das ninfas do mar, a que se referem vários escritores da Antiguidade. No âmbito da lírica camoniana, as composições em memória de Dinamene integram um ciclo de sonetos onde a expressão do amante exilado, pela morte no mar da mulher amada, é o ponto de partida para a exploração pungente das dialécticas temáticas amor/morte e ausência/presença.


Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!

Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!

Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?

*
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís de Camões

7 comentários:

chica disse...

Linda poesia e fotos.

Sempre se aprende por aqui...

beijos,ótimo fds,chica

Sandra Gonçalves disse...

Olá querida amiga...Que lindos versos.
Amo Camões, sempre lia quando estudava.
Lindo final de semana pra ti viu?
Beijos achocolatados

Nilce disse...

Oi Manu

Por muitas vezes me vi andando por estas ruas e observando estas figuras, que estão em minha mente desde os tempos da Faculdade, quando conheci melhor a obra de Camões.
Delicioso passeio pelas esquinas da Rua Sta Catarina e os poemas dele.
Agradecida.

Bjs no coração!

Nilce

Maria Luisa Adães disse...

Bravo "Camões" e a sua

Alma minha gentil...e as dúvidas sobre sua vida e seus amores.
Verdadeiros, metafóricos? Quem sabe
do hommem que junto com os

Descobrimentos dos Portugueses
escreveu "Os Lusíadas"

e ambos, foram os maiores do
"Renascimento"...

Onde estão esses portugueses que
herdaram "Tamanho Património" e
deram ao Mundo Novos Mundos?

Onde estão?...

Parabéns, Senhora minha!

Maria Luísa

p.s. escrevo poesia

Misturação - Ana Karla disse...

Assim fico conhecendo a história e apreciando a linda poesia.
Xeros

Glorinha L de Lion disse...

Manu, vir aqui é sempre ter certeza de que se aprende algo, pois teu blog é pura cultura! Beijos meus, minha amiga, bom domingo!

jurisdrops disse...

Manuela:
Interessante visualizar o Amor com rosto e busto, esse Amor que existiu sempre no pensamento como abstração (verdadeira) misteriosa.
Beijos