A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

NATALIE CLIFFORD BARNEY


Natalie Clifford Barney (Dayton, 31 de Outubro de 1876 — Paris, 2 de Fevereiro de 1972), dramaturga, poetisa e romancista, que viveu em Paris.


Natalie Barney nasceu no seio de uma família de grandes posses, o pai era filho de um rico fabricante de vagões de comboio. Como muitas meninas da sua época, Natalie Barney teve uma educação casual. Mais tarde, ela e sua irmã mais nova, Laura Clifford Barney, frequentaram o internato de Les Ruches, em Fontainebleau, fundado pela feminista Marie Souvestre e frequentado também por Eleanor Roosevelt.

Barney declarou mais tarde ter conhecimento de que era lésbica desde os 12 anos de idade e estava determinada a "viver abertamente, sem esconder nada".  "O que há para as mulheres que sentem a paixão para a acção quando o destino impiedoso as prende em correntes? O destino nos fez mulheres num tempo em que a lei dos homens é a única lei que é reconhecida". "Minha homossexualidade", "não é um vício, não é deliberada, e não prejudica ninguém".

Barney começou a publicar poemas de amor endereçados a outras mulheres em 1900, já que considerava o escândalo a "melhor maneira de se livrar do incómodo" (no caso, pretendentes homens). Nos seus escritos, apoiava o feminismo e o pacifismo, opondo-se à monogamia. Inicialmente teve problemas com a família, o pai impedia todas as suas publicações.


Barney teve muitos relacionamentos simultâneos, incluindo romances com a poetisa Renée Vivien e com a dançarina Armen Ohanian, além de um relacionamento de 50 anos com a pintora Romaine Brooks. A sua vida serviu de inspiração para muitos romances, como o best-seller francês Idylle Saphique, de Liane de Pougy, e The Well of Loneliness, de Radclyffe Hall, sem dúvida o romance lésbico mais famoso do século XX.

O salão literário de Barney, realizado na sua residência na margem esquerda de Paris por mais de sessenta anos, reuniu escritores e artistas de todo o mundo, incluindo figuras de destaque na literatura francesa, assim como modernistas americanos e britânicos da geração perdida.  Trabalhou para promover as escritoras, criando uma Academia Feminina, em resposta à predominância de figuras masculinas na Academia Francesa, mas também ajudava muitos escritores, que se iniciavam. 

O salão de Barney em Paris foi frequentado por:  André Gide, Anatole France, Max Jacob, Louis Aragon, Jean Cocteau, Ford Madox Ford, W. Somerset Maugham, F. Scott Fitzgerald, Sinclair Lewis, Sherwood Anderson, Thornton Wilder, T.S. Eliot e William Carlos Williams, Rainer Maria Rilke, Rabindranath Tagore, o diplomata romeno Matila Ghyka, a jornalista Janet Flanner (que definiria o estilo da The New Yorker), a activista, jornalista e editora Nancy Cunard, os editores Caresse e Harry Crosby, a coleccionadora de arte e mecenas Peggy Guggenheim, as pintores Tamara de Lempicka e Marie Laurencin e a dançarina Isadora Duncan.

Dos famosos escritores modernistas que passaram um tempo em Paris, Ernest Hemingway nunca fez uma aparição no salão de Barney. James Joyce apareceu uma ou duas vezes, mas não lhe deu muita importância.

Barney tornou-se mais conhecida pelos seus muitos relacionamentos do que por sua escrita ou do que por seu salão literário. Certa vez,  escreveu uma lista, dividida em três categorias: ligações, semi-ligações, e aventuras. Colette era uma semi-ligação, enquanto a artista e designer de móveis Eyre de Lanux, com quem ela teve um caso ininterrupto por anos, foi listada como uma aventura. Entre as ligações—relações que considerava mais importantes—estavam Olive Custance, Renée Vivien, Elisabeth de Gramont, Romaine Brooks e Dolly Wilde (sobrinha de Oscar Wilde). Destes, os três relacionamentos mais longos foram com Gramont, Brooks e Wilde, a partir de 1927, esteve envolvida com todas as três simultaneamente, uma situação que só terminaria com a morte de Wilde.


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