Esta Gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"
15 comentários:
bela e actual a poesia de Sophia!
venho aqui muitas vezes
leio
comentar, nem sempre...
a actualidade das coisas não se comenta, vive-se!
um abraço
manuela
Obrigada Manuela por ter publicado issa poesia, um poema de verdadeiro "realismo", que lembra-me algunos films de Roberto Rossellini.
Bye&besos & buona domenica.
Uma autora cuja poética é plena de claridade de luz e de entendimento de um mundo imperceptível feito de sombras e desencantos.
Obrigada!
Um beijo
Manuela,
Só mesmo Sophia para iluminar o dia...
Beijo :)
Estou a torcer por ambos...na esperança de que o fundamentalismo não aproveite e distorça a vontade de liberdade que está na rua...
Sophia...
Beijos
É sempre bom relembrá-la...
O rastilho foi acesso a ver vamos aonde vai parar.Paciência dos pobres, quem te conseguirá esgotar algum dia?
Beijo minha querida Manú.
Um lindo e triste peoma para uma cruel realidade.
Manu, infelizmente sempre haverá o oprimido e o opressor.
É da natureza humana!
Beijo, cara amiga!
PARECE INACREDITÁVEL COMO ESSE POEMA CORRESPONDE À ACTUAL SITUAÇÃO ...QUER NO PAÍS QUER FORA DELE...HÁ TANTOS POVOS AINDA OPRIMIDOS...
BEIJINHOS
muito bem. admiravel poema!
muito oportuno
beijos
Apesar de ter sito uma pessoa de confortável situação econômica, Sophia era uma socialista humanitária, de fato, não somente em palavras, como Otto Niemayer, que fala fumando um ‘charuto cubano’ em uma de suas mãos.
Pelo que pesquisei sobre a poetisa, logo que uma conterrânea sua, Ana do “Encosta do mar” me presenteou, postando um dos poemas de Sophia de Mello. Alias a ‘amiga’ Ana é um lugar que muito me dá prazer de visitar. Em uma palavra, qualidade, como tem por aqui em sua casa.
Bem mesmo não estando assídua em comentário.
Manuela, sou grata por seu carinho comigo em atenção, a coisas que não ocupam espaço e se leva sempre no coração.
Obrigada e uma semana em SolMaior a vc
É a estupidez do ser humano atravessando o limite do absurdo! espero dias melhores p/ o oriente médio...
Linda poeta!
Bela Poesia!
Uma semana luz p/ você.
Beijooooo
Lindíssimo poema. Estou lendo seu livro divino: Poemas Escolhidos...Sabes que aqui no Brasil é uma dificuldade encontrar os livros dela?...custei a achar esse que meu filho deu-me de Natal.
Amo. Atualíssimo nos tempos conturbados que vivem os países do Oriente Médio, muito oportu7no, brijos minha querida,
Depois de algum tempo sem fazer-lhe uma visita, do que peço desculpa, sabia que vinha encontrar algo com qualidade, neste caso um poema com o qual me identifico, Manuela.
Um abraço.
Belo poema, verdadeiro e aparentemente simples...
Fez muito bem em recordá-la! Não sabia que o espólio estava já na B.N.
Ainda bem!
Claro que vou buscar o "selinho": eu, nestas coisas, sou muito infantil e gosto muito de tudo o que seja "prendas": dar e receber...
Abraço!
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