A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

INCONTORNÁVEL A MORTE DE MALANGATANA

Sempre considerei extraordinário, os casos de talento instintivo, as pessoas que começaram lá de baixo, como Malangatana, que foi pastor, caçador de ratos com azagaia, aprendiz de curandeiro (tinha uma tia curandeira) e mainato (empregado doméstico).



Filho de gente humilde, a mãe bordava cabaças e afiava os dentes das jovens locais (uma moda da altura), o pai era mineiro na África do Sul.


Com a mãe doente e um pai ausente, Malangatana foi viver com um tio paterno e estudou até à terceira classe. Aos 11 anos começou a trabalhar porque já era «adulto» e podia fazer tudo, desde cuidador de meninos a apanha-bolas no clube de ténis.


Foi no clube de ténis, que Malangatana conheceu o biólogo, Augusto Cabral, que disse numa entrevista: «Um apanha-bolas nas partidas de ténis era um tal Malangatana Ngwenya, que, no fim de uma tarde de desporto, se acercou de mim para me pedir se, por acaso, eu não teria em casa um par de sapatilhas velhas que lhe desse».O pintor nasceu nessa noite, Malangatana foi a casa de Augusto Cabral e viu-o a pintar um painel. «Ensine-me a pintar»,pediu. E Augusto Cabral deu-lhe tintas, pincéis e placas de contraplacado. No pincel tinha Matalana, localidade onde nasceu e onde conheceu a opressão colonial e a guerra civil.


Em pouco tempo começou a expor, depois estudou na Escola Industrial de Maputo e foi bolseiro da Fundação Gulbenkian.


Malangantana, além de pintar, fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, actor, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizador do Núcleo de Arte, colaborador da UNICEF e arquitecto de um sonho antigo, que levou para a frente, a criação de um Centro Cultural na sua Matalana. Recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Évora.


Expôs em vários países, tem obras suas em vários museus, galerias e colecções privadas.

http://www.instituto-camoes.pt/noticias-ic-portugal/morreu-o-pintor-mocambicano-malangatana.html


 





8 comentários:

Unknown disse...

Acabei de ouvir agora em relação á sua morte, que a vida não acaba muda-se.

Beijinho.

Unknown disse...

Gostei de ler esta biografia .
Sentimos pena quando os artistas partem, mas ficam as suas obras e o seu testemunho.

anamar disse...

Belo post, Manuela! Aprendi mais qualquer coisa, e, como disse "lá em casa", "os deuses estavam aprecisar de côr"...
Beijinho

Unknown disse...

Boa noite Manuela,
É como diz Luís Coelho, os artistas partem, mas ficam nas suas obras um pouco deles, ninguém morre enquanto viver no coração de alguém. Malangatana viverá para sempre no coração da sua gente, e em todos quantos amam a arte.

Beijinho e Feliz Ano Novo,
Ana Martins

AFRICA EM POESIA disse...

MANELA
minha amiga
Logo que pare de chover diz alguma coisa . quero mesmo tomar um bom caféeeeeeeeeeeee

OBRIGADA PELA LINDA MENSAGEM... adoreiiiiiiiiiii

Nilce disse...

Também gostei de ler a biografia dele Manu.
Foi uma enorme perda, mas ele deixou muitas obras maravilhosas e foi um exemplo de vida.
Parabéns pelo post.

Bjs no coração!

Nilce

Tati disse...

Oi Manu, incrível como não conhecemos grande parte dos talentos que nos cercam. Eu nunca tinha ouvido falar sobre ele, mas gostei de conhecer suas obras, e sua história, aqui no light. Você sempre nos informando! Admiro sua cultura!
Que bom que ele conseguiu escrever, sobre um "destino quase certo", uma nova história, de sucesso e superação.
Que linda a história do Augusto Cabral, ele pode mudar o rumo da história de alguém!
Um beijo.
Um grande beijo.

Luma Rosa disse...

Imagino a comoção que está em seu país, sendo ele o maior pintor moçambicano de todos os tempos.
Foi um valente e exemplo de humildade que será lembrado com muita honra.
O homem morre mas suas obras ficam!
Beijus,