ENSAIOS DE MONTAIGNE:
«NÃO JULGAR OUVIR OS OUTROS, ENTENDER OS OUTROS».
Montaigne sobre uma amigo que morreu e com quem trocavam ideias, conversavam sobre tudo.
«Porque ele era eu e eu era ele, depois da sua morte, só me resta definhar».
O QUE ERA A AMIZADE! E O QUE HOJE É? OS SENTIMENTOS PARECEM TODOS TÃO SUPERFICIAIS!
A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»
MARTIN LUTHER KING
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
A ESTRADA QUE NÃO FOI SEGUIDA
A estrada que não foi seguida
Duas estradas separavam-se num bosque amarelo,
Que pena não poder seguir por ambas
Numa só viagem: muito tempo fiquei
Mirando uma até onde enxergava,
Quando se perdia entre os arbustos;
Que pena não poder seguir por ambas
Numa só viagem: muito tempo fiquei
Mirando uma até onde enxergava,
Quando se perdia entre os arbustos;
Depois tomei a outra, igualmente bela
E que teria talvez maior apelo,
Pois era relvada e fora de uso;
Embora na verdade, o trânsito
As tivesse gasto quase o mesmo,
E que teria talvez maior apelo,
Pois era relvada e fora de uso;
Embora na verdade, o trânsito
As tivesse gasto quase o mesmo,
E nessa manhã nas duas houvesse
Folhas que os passos não enegreceram.
Oh, reservei a primeira para outro dia!
Mas sabia como caminhos sucedem a caminhos
E duvidava se alguma vez lá voltaria.
Folhas que os passos não enegreceram.
Oh, reservei a primeira para outro dia!
Mas sabia como caminhos sucedem a caminhos
E duvidava se alguma vez lá voltaria.
É com um suspiro que agora conto isto,
Tanto, tanto tempo já passado:
Duas estradas separavam-se num bosque e eu —
Eu segui pela menos viajada
E isso fez a diferença toda
Tanto, tanto tempo já passado:
Duas estradas separavam-se num bosque e eu —
Eu segui pela menos viajada
E isso fez a diferença toda
Tradução do poeta José Alberto Oliveira, in Rosa do Mundo, 2001 poemas para o futuro.
domingo, 28 de janeiro de 2018
VILA D'ESTE
A Villa d'Este é um palácio situado
em Tivoli, próximo de Roma, na Itália. Classificada pela UNESCO, desde 2001,
como Património Mundial da Humanidade, é uma obra-prima da arquitectura e,
especialmente, do desenho de jardim.
A Villa d'Este foi encomendada pelo
Cardeal Ippolito II d'Este (1509-1572), filho de Afonso I d'Este e de Lucrécia
Bórgia, e neto do Papa Alexandre VI. Ippolito havia sido nomeado Governador de
Tivoli pelo Papa Júlio III, com oferta da villa, a qual ele reconstruiu
inteiramente segundo planos de Pirro Ligorio, sob a direcção do
arquitecto-engenheiro de Ferrara, Alberto Galvani, arquitecto da Corte dos
Este. O pintor chefe da ambiciosa decoração interior foi Livio Agresti, de
Forlì. A partir de 1550 até à sua morte, em 1572, quando a villa estava quase completa,
Ippolito criou um cenário palaciano rodeado por um fabuloso jardim em terraços
ao Estilo renascentista tardio maneirista, o qual tirou total vantagem da
dramática encosta mas requereu inovações para trazer um caudal suficiente de
água, a qual foi empregue em cascatas, tanques de água, canais, lagos, jactos
de água, fontes e giochi d'acqua (jogos de água).
Usando a inspiração no desenho, o
Cardeal criou um elaborado jardim de fantasia, o qual mistura elementos
arquitectónicos com elementos aquáticos.
No século XVIII, a villa e os seus
jardins passaram para a posse da Casa de Habsburgo e foram negligenciados.
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Franz Liszt |
Durante a posse do Cardeal Gustav von
Hohenlohe, houve uma reabilitação o Cardeal hospedou Franz Liszt, o qual evocou
os jardins na sua Les Jeux d'Eaux à la Villa d'Este (Os Jogos de Água na Villa
d'Este) e deu um dos seus últimos concertos na villa. Os poemas de Jean
Garrigue Um passeio de água por Villa d'Este (1959) continuam uma longa
tradição de poesia inspirada pelos jardins. A Villa d'Este tem sido celebrada
na poesia, pintura e música.
VILA ADRIANA
Vila Adriana é um antigo complexo
palaciano construído, no século II, para o Imperador Adriano. Situado na cidade
de Tivoli, a uma trintena de quilómetros de Roma, figura entre os mais ricos
conjuntos monumentais da Antiguidade. A vila, está repartida sobre uma
superfície de 120 hectares, dos quais 40 estão visíveis.
Amante de arte, Adriano era um
apaixonado pela arquitectura, tendo desenhado, ele próprio, edifícios. Também
deu prova de um cuidado particular para escolher o lugar da nova residência
imperial que decidiu construir desviada de Roma: selecionou um planalto situado
sobre os declives dos montes Tiburtinos. A zona compreendia numerosas pedreiras,
para alimentar os trabalhos; era provida de água por quatro aquedutos, elemento
crucial para as termas romanas e para as fontes. O planalto já estava ocupado
por uma vila da época republicana, construída no tempo de Sula e ampliada sob
Júlio César, a qual pertencia à família da esposa de Adriano, Sabina, e seria
integrada no Palácio Imperial.
Depois da morte de Adriano, os seus
sucessores continuaram, sem dúvida, a deslocar-se a Tivoli, como testemunham os
planeamentos do século III, embora de seguida a vila tenha sido
progressivamente abandonada e caído no esquecimento durante a Idade Média.
A partir do Renascimento, o humanista
Flavio Biondo foi o primeiro a pôr um nome sobre as ruínas. A vila passou a ser
frequentada por artistas como Piranesi, arquitectos como Sangalo ou Borromini e
amantes de antiguidades que a pilharam das suas obras artísticas e dos seus
elementos arquitectónicos. Entre o século XVI e o século XIX, a vila foi
explorada e as centenas de obras descobertas partiram para enriquecer as colecções privadas e os grandes museus da Europa.
Em 1870, o domínio regressou à posse
do governo italiano que procedeu a escavações e restauros: estes revelaram a
espantosa arquitectura dos seus edifícios, e por vezes mesmo estuques e
mosaicos. No entanto a maior parte do lugar permanece por explorar.
A Vila Adriana foi incluída, em 1999,
na Lista do Património Mundial da UNESCO.
Com uma dimensão de 1.200 metros no
eixo Norte/Sul e 600 m. no eixo Este/Oeste, o perímetro atual da vila
estende-se por uma superfície de 40 hectares e compreende uma trintena de
edifícios de naturezas diferentes: três complexos termais, edifícios
administrativos, edifícios de lazer (teatro, passeios, etc.).
À parte certos locais com
características facilmente reconhecíveis como as termas, a interpretação de
numerosas construções é problemática e incerta.
CASTEL GANDOLFO - URBANO VIII
Castel Gandolfo, por vezes conhecido
como Castelgandolfo é uma comuna italiana da região do Lácio, província de
Roma. É muito conhecida por ser o
local da residência de Verão do Papa. A residência do Papa é um edifício do século XVII do arquitecto Carlo
Maderno, mandada construir pelo Papa Urbano VIII.
Castel Gandolfo situa-se nas margens
do Lago Albano, um lago vulcânico.
Pertence à rede das Aldeias mais
bonitas de Itália.
Urbano VIII, nascido Maffeo Barberini
(Florença, 1568 — Roma, 1644) foi Papa de 1623 até à data da sua morte.
Nasceu numa família florentina de
grande influência.
O seu longo pontificado cobriu vinte
e um anos da Guerra dos Trinta Anos. Foi marcado por numerosos eventos, sendo
reconhecido mais pelo equilíbrio e jogo político do que por reformas no âmbito
do Cristianismo. Foi o último Papa a estender o território papal. Fortificou diversas
construções, entre as quais se encontra o Castelo de Sant'Angelo, junto ao
Vaticano, onde mandou retirar, para fundir em canhões, as grandes vigas de
bronze que tinham sobrevivido dos tempos do Império Romano, levando ao dito
popular quod non fecerunt barbari, fecerunt Barberini (o que os bárbaros não
fizeram, o Barberini fez). Estabeleceu também um arsenal no Vaticano e uma
fábrica de armas em Tivoli e fortificou o porto de Civitavecchia.
Foi durante o pontificado de Urbano
VIII que Galileu Galilei foi chamado a Roma para se retratar das afirmações
científicas que havia produzido, em 1633 . Empregou Bernini para a
construção de diversas obras na cidade. Foi o último a praticar em grande
escala o nepotismo: vários membros da sua família foram amplamente enriquecidos
graças a si, no que se assemelhava a uma dinastia Barberini de influência e
poder. Procedeu a numerosas canonizações, entre as quais as da Rainha Santa
Isabel de Portugal, São Francisco Xavier, São Luís de Gonzaga e São Filipe de
Neri.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
DES APARIÇÕES
Ouve,
E entende: tudo é veste.
Sem as máscaras e os mantos somos nós
ainda, intactos.
Sem as auroras e os vidros o que não
tem nome permanece,
Sem as amadas e os cachorros, o
labirinto e as folhagens, ele é
O instante
Que nos limita, nossa cadeia eterna,
Nosso brasão glorioso.
Tudo é veste
O nosso rosto, o nosso nome
Tudo é veste
A mão materna nas manhãs, o elevador
parado
Tudo é veste (…)
DES APARIÇÕES - Alexei Bueno
Alexei Bueno é um poeta que nem em
registo satírico se compraz com a expressão de sentimentos ou emoções à flor da
pele. Poeta invulgarmente culto, poeta que gosta de pensar e em que não raro
encontramos formulações densas e sapienciais, para ele "Só os desesperados
e os ascetas / São dignos de respeito", e só é possível sobreviver pela
cultura e pela arte. Isso o levou a homenagear escritores como Fernando Pessoa (Álvaro de Campos),
Ariano Suassuna, Herberto Helder e Ivan Junqueira, cineastas como Glauber
Rocha, pintores como Goya, e músicos como Brahms, Beethoven, que nos restitui a
alegria de estarmos vivos, e Schubert, que nos dá "um sol maior do que o
que engendra o mundo".
PORTA DO INFERNO - AUGUSTE RODIN
A Porta do Inferno é sem dúvida uma das obras mais importantes e mais conhecidas de Auguste Rodin. O escultor francês dedicou anos de sua carreira (37) e a obra ficou inacabada.
Foi a primeira encomenda oficial feita pelo Estado à Rodin, em 1880. A obra seria exposta no Musée des Arts Décoratifs de Paris e foi o próprio Rodin quem escolheu o tema: O Inferno de Dante Alighieri.
Ao esculpir a Porta do Inferno, Rodin não ilustra os episódios descritos por Dante, faz uma reflexão sobre a condição humana. Rodin coloca em cena os excessos humanos, os homens que perderam o próprio controle. Em vez de representar os personagens com roupas medievais, Rodin esculpe seus personagens nus e isso dá à obra um carácter intemporal e universal.
Diversas figuras criadas por Rodin para a Porta do Inferno foram, mais tarde, reproduzidas individualmente e num tamanho maior. Entre elas O Pensador e O Beijo.
O Beijo, foi originalmente esculpido para A porta do Inferno, mas o casal foi posteriormente removido e substituído por outro casal de namorados. O Beijo foi inspirado nas personagens da Divina Comédia: Paolo e Francesca. Os amantes foram mortos pelo marido de Francesca, que os surpreendeu na troca de um beijo. O casal, por ter cometido o crime da luxúria, foi condenado a vagar eternamente pelo inferno.
A Porta do Inferno, apesar de inacabada, é uma obra decisiva para a história da Escultura Moderna. Mais que uma porta, Rodin queria mostrar uma versão espectacular do inferno.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
VIRGINIA WOOLF, UMA DAS MINHAS ESCRITORAS PREFERIDAS
Adeline Virginia Woolf, nascida Adeline Virginia Stephen
(Kensington, Middlesex, 25 de janeiro de 1882 — Lewes, Sussex, 28 de março de
1941), escritora, ensaísta e editora, conhecida como uma das
mais proeminentes figuras do modernismo
Woolf foi membro do Grupo de Bloomsbury e desempenhou um
papel de grande relevo dentro da sociedade literária londrina durante o período
entre guerras.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
ANTÓNIO FRAGOSO
António de Lima Fragoso (Pocariça, Cantanhede, 1897 — 1918).
Cedo se revelou a sua extraordinária
vocação, para a música. Depois da sua formação, aos 16 anos publicou e deu a
primeira audição da sua primeira composição "Toadas da minha aldeia",
a que a crítica musical deu os maiores aplausos. Aos 17 anos, entrou no
Conservatório Nacional de Música, em Lisboa, estudou harmonia, e piano,
concluindo o curso de piano com a classificação máxima.
Em 1918 morreu, na Pocariça, vitima
da gripe pneumónica. Deixou mais de cem composições musicais, de reconhecido
valor, já nesse tempo apreciadas nos centros musicais da Europa.
CASTELO DE DUÍNO EM TRIESTE.
A construção do Castelo de Duíno, em Trieste, someçou
em 1389 sobre ruinas de um posto romano, e desde 2003 ele está aberto para visitas,
tendo sido consagrado pelo poeta Rainer Maria Rilke, que passou dez anos (entre
idas e vindas) no castelo escrevendo o que viria a ser conhecido com “Elegias
de Duíno”:
“Se eu gritar, quem poderá ouvir-me, nas
hierarquias dos Anjos? E, se até algum Anjo de súbito me levasse para junto do
seu coração: eu sucumbiria perante a sua natureza mais potente. Pois o belo
apenas é o começo do terrível, que só a custo podemos suportar, e se tanto o
admiramos é porque ele, impassível, desdenha destruir-nos. Todo o anjo é
terrível.” (trecho da primeira das dez elegias que compõe o livro).
O castelo está em
excelentes condições, e impressiona como a família Della Torre, dona da
edificação há 420 anos, era extremamente musical, com dezenas de
violinos, violoncelos e pianos expostos pela casa (um deles de Franz Listz),
que recebeu, entre outros, o arquiduque Franz Ferdinand, Johann Strauss, Paul
Valery e Gabriele d’Annunzio. A vista do Adriático e os jardins do palácio são
impressionantes.
QUAL O MELHOR LIVRO?
Se ocasionalmente me perguntassem qual era o livro mais
importante que existe, eu diria sem hesitações que era a Bíblia, seja porque prisma
possa ser analisada, eu que até estou no rol dos agnósticos.
Não tenho lido grande coisa da Bíblia, aqui uma coisa, ali
outra, na íntegra li o Apocalipse, para trabalhos de faculdade, mais
concretamente as esculturas da era românica. Gostava de estar num sítio, onde não
houvesse mais nada para ler a não ser a Bíblia, para que me pudesse só
concentrar nessa leitura. Não que eu tivesse como objectivo compreender o divino,
ser possuída pelo transcendente, isso seria muito difícil. Gostava mais de ler
numa perspetiva histórica, sociológica,
antropológica. Como se lê a Odisseis e Ulisses de Homero ou a Ilíada de Vergílio.
A Bíblia (do grego βιβλία, "rolo" ou
"livro", diminutivo de "byblos", “papiro egípcio”,
provavelmente do nome da cidade de onde esse material era exportado para a
Grécia, Biblos, actual Jbeil, no Líbano) é uma colecção de textos religiosos, em
que se narram interpretações religiosas do motivo da existência do homem na
Terra.
Segundo a tradição aceite, a Bíblia foi escrita por 40
autores, entre 1 500 a.C. e 450 a.C. (livros do Antigo Testamento) e entre 45
d.C. e 90 d.C. (livros do Novo Testamento), totalizando um período de quase
1600 anos. A maioria dos historiadores considera que a data dos primeiros
escritos acreditados como sagrados é bem mais recente: por exemplo, enquanto a
tradição cristã coloca Moisés como o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia
(Pentateuco), muitos estudiosos aceitam que foram compilados pela primeira vez
apenas após o exílio babilónico, a partir de outros textos datados entre o
décimo e o quarto século antes de Cristo. Muitos estudiosos também afirmam que foi
escrita por dezenas de pessoas oriundas de diferentes regiões e nações.
A Bíblia de Gutenberg é o primeiro livro impresso no
Ocidente usando a técnica conhecida como “de caracteres móveis”. Elaborada por Lutero em
Magonza, por volta do ano 1455, a obra em alemão foi um dos alicerces da
Reforma Protestante, que originou o movimento evangélico.
A Biblía é um livro denso, complexo, pode ter variadas
leituras, por isso é perene, porque está sempre actualizada, o mistério existe
e existirá. Lê-se e não se percebe e é preciso voltar a ler uma vez mais, e
continua a não se perceber, a resilência é necessária.
Não perceber é o mais importante porque desperta emoção e questionamento,
é como a poesia, cheia de metáforas impenetráveis.
Gosto das coisas herméticas, do que não consigo perceber, da
opacidade do incompreensível, tudo é mais belo e gera ideias, espaços,
procuras, meditações.
Há sempre o que fica por compreender, o que nunca poderá ser
compreendido o que poderá sempre ser posto em causa
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