A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

WALTER BENJAMIN E «ANGELO NOVUS» DE PAUL KLEE


Em 1940, ano da sua morte, ao fugir do nazismo, Benjamin escreve aquela que seria a derradeira obra, considerada por muitos como o mais importante texto sobre o materialismo histórico desde Marx; para outros, a antiga ortodoxia, um retrocesso no pensamento benjaminiano: são as “Teses Sobre o Conceito de História”.

Adorno, referindo-se àquele de quem foi o único discípulo, Benjamin apesar de não ser poeta pensava poeticamente inclusive questões tão concretas como o materialismo histórico. Seu expressar-se é quase sempre metafórico, na própria acepção grega de “metaphorien”, do transporte que estabelece conexões sensorialmente percebidas, dispensando muitas interpretações.
O sentido da importância do progresso material, por exemplo, é por Benjamin cotejado com a excelente metáfora do Anjo da História:
Paul Klee desenhou o “Angelus Novus”. “Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O Anjo da História deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruínas sobre ruínas e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.”

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