DOIS POEMAS DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora José?
(...)
No meio do caminho tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
* * *
7 comentários:
Sou fã de Drummond, portanto suspeita pra falar, pois adoro tudo o que ele escreveu...beijinhos amiga,
Sem comentários Manuela. Até hoje indagamos E agora José?
Esta é a nossa vida, que ele soube como poucos retratar.
bjs com admiração
Drummond é brilhante!
E agora José???
São dois dos mais famosos e comentados poemas de Drummond, presentes em livros didáticos, objetos de muitas análises.
Drummond é um dos "patrimônios" preciosos do Brasil.
Beijo e boa semana!
Manu, do gosto sempre pelo que é bom e belo. bjs
Oi, Manu!
Gosto, especialmente, do primeiro poema. Das indagações, infindas, da vida...
Abração
Socorro Melo
Círculo vicioso da vida: sempre no meio do caminho, uma pedra, sempre o esforço para tirá-la dali, para entender o significado de ela estar onde está. Sempre Drummond.
Beijos
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