Um Pouco Mais de Nós
Podes dar uma centelha de lua,
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem tecto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem factura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.
E, afinal, tudo isso quanto vale ?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem tecto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem factura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.
E, afinal, tudo isso quanto vale ?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.
José Jorge Letria
Moulin Galette - Renoir
8 comentários:
DIVINO, Manuela!
"Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total."
Primeiro quero te agradecer pela escolha desta poesia, profunda filosofia. Pois está nos dando um pouco do TUDO que tu és!
O poema pode não ser nosso, mas a escolha define quem o colocou!
Segundo: qualquer ato , palavra, pensamento nosso , por menorzinho que seja , se fou impregnado do nosso amor, já está iluminando os ares do paneta, já está ajudando comoo flecha-pensamento a alguém que sintoniza , mesmo anónimos, com nossas idéis e atos.
De ponto em ponto, mesmo não snedo santos ou deuses, melhoramos o Mundo!
Beijos no teu cora~ção!
Hoje poemamos, Manu.
É tudo isso e ainda mais...
Beijoca
Ana
Em gênero, número e grau...
e claro, as telas são lindas.
5 bjs
Sem dúvida! Gosto muito de JJL.
Beijinho, Manuela.
E não custa nada doar-se. Faz bem a quem recebe, e não fica por menos, faz um bem danado para quem dá. Beijus,
Belo poema!
Muito boa escolha,
Sempre um prazer voltar aqui e ver coisas novas.
Beijo
Lindas as telas e o poema.
Amanhã vou postar seu relato em Perdas.
bjs
Querida Manuela:
Quando nos doamos com esse jeito descompromissado, como lindamente diz o poema, ficamos com a alma em festa, à semelhança do quadro de Renoir, pleno de luz.
Beijos
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