A festa de S. João do Porto, é considerada única no mundo, para mim é porque não conheço outra… Esta festa leva-me para boas recordações da minha infância e adolescência, porque agora já fico muito pela periferia! A festa foi se modernizando com os tempos, mas continua a ser uma festa popular.
Todos os bairros participam neste evento, colocando ornamentações, iluminações e palco para a música, assim como as barraquinhas de comes e bebes e as fogueiras. De festa em festa o Porto torna-se uma grande festa!
Em 1911, o dia de S. João, 24 de Junho, foi considerado como o dia de festa da cidade e feriado municipal.
As pessoas começam por jantar e o dia tem pratos populares específicos: o caldo verde com a rodela de chouriço e a fatia de broa de Avintes, a sardinha assada com batata cozida e pimentos e o carneiro ou anho assado.
Depois é andar pelas ruas a bater na cabeça uns dos outros, com o alho-porro, o mais tradicional, ou outras variantes, que foram aparecendo.
Outros ficarão no seu bairro, dançando, saltando à fogueira, petiscando…até de madrugada. E as «orvalhadas» acabam sempre por aparecer!
Muitos no final vão até à praia tomar um banho e por lá ficam deitados!
Para mim o mais interessante é saber o porquê das tradições. Há na cidade do Porto duas pessoas que se tornaram «autoridades», pelas pesquisas históricas feitas à cidade, o que depois tem motivado, passeios de estudo, aulas, conferências e livros sobre o Porto, são eles: o Dr. Helder Pacheco e o ex-jornalista Germano Silva. É precisamente um texto de Germano Silva que vou colocar aqui, que aborda as tradições mais antigas desta festa popular.
Quem saltar a fogueira na noite de S. João, em número ímpar de saltos e no mínimo três vezes, fica por todo o ano protegido de todos os males. Diz a tradição que as cinzas de uma fogueira de S. João curam certas doenças de pele. Para certos males, são benéficos os banhos que se tomem na manhã do dia de S. João, mas antes de o sol nascer. No Porto, os que se tomavam nas praias do rio Douro ou nos areais da Foz valiam por nove...
As orvalhadas têm a ver com a fecundidade. Uma mulher que se rebole de madrugada sobre a erva húmida dos campos fica apta para conceber. Segundo um conceito antigo, as orvalhadas eram entendidas como o suor ou a saliva dos deuses da fertilidade. Uma outra velha tradição assegura que os namoros arranjados pelo S. João são muito mais duradouros do que os que se formam pelo Carnaval, “que não vêem chegar o Natal..."
Um antigo costume são-joanino consiste em fazer subir balões confeccionados com papéis de várias cores. Sobem ao ar como sóis iluminados sob o impulso do fumo e o calor de uma chama que consome uma mecha de petróleo ou resina. Estas práticas são velhos resquícios de um antigo culto ao Sol.
S. João é também casamenteiro. Ao toque da meia-noite a menina casadoira atira um cravo para a rua. Se for apanhado por um rapaz, em breve ela casará. O mês de Junho passa célere por entre o canto fruste das cigarras e a risada vermelha das papoilas. Mas a folha da oliveira também entra no sortilégio das cantigas de amores: “Ó meu S. João Baptista / ouvi-me que eu sou solteira / destinai o meu marido / nestas folhas de oliveira...” Havia no Porto, ainda há relativamente pouco tempo, o costume de se erguerem arcos de madeira com que se enfeitavam determinadas ruas para a grande festa. O cimo desses arcos terminava em triângulo, que era a forma ou o símbolo do Sol para certas religiões antigas.
O cristianismo soube, de forma inteligente, reconheça-se, cristianizar as festas pagãs em geral e o S. João em particular. O nome do santo precursor passou, depois disso, a dominar e a proclamar uma festa que no Porto se celebra na noite de 23 para 24 de Junho com desfiles de marchas, arraiais nos quatro cantos da cidade e bailaricos. O S. João do Porto é o povo na rua, a multidão que transborda de avenidas, praças e ruas, desemboca de vielas e azinhagas, de alho porro na mão ou brandindo o martelinho, (É com ele que se bate na cabeça de quem passa, a manter a tradição do desejo ritual de boa sorte e de fortuna. Desde os anos sessenta com o martelinho de plástico colorido a substituir a tradição da planta sagrada, que muitos, felizmente, teimam em levar à festa, no desejo de conservar a antiga praxe .) mas sempre com um chiste travesso na boca, a descambarsolidariedade. (...)
Germano Silva, in Porto Turismo
11 comentários:
Hummmm..... um destes dias apareço. Sempre quis ir fazer o S. João ao Porto!!
Beijos
Boas festas,boa diversão.
Beijo meu.
Querida Manú!
Na cidade de minha infância (Camaquã, aqui no Rio Grande do Sul) também o padroeiro é São João e no dia 24 de junho comemoram com festa ,tendas e fogueiras imensas.
Doces recordações que através de teu texto me levaste a viajar por minha infância!
Muito legal mesmo!!!
Um beijo
Gostei muito de saber sobre o São João dai!
Bjs.
Pareceu-me tão mais divertido aí!! Todo o mistério das fogueiras, dos balões, das comidas típicas e das orvalhadas são encantamentos que mexem com esse nosso lado fantasioso, que libera energia e aguça todos os sentidos. Adorei o post.
Beijos
Desejo-te uma boa festa de São João. Um abraço, Yayá.
Bom São João pra todos nós e curta, porque nessa festa tudo é bom, a comida é boa, a dança é divertida e pular fogueira tem um segredo: "pra não fazer xixi na cama depois, joga um pouquinho de sal na fogueira antes de pular e pede pra Santa Barbara ajudar, Santo Antõnio esconder e são Pedro não enredar, só assim com são jõao eu posso brincar."
Pelo ao menos a uns 40 anos atrás dava certo ... beijos Manuela e bom São João pra você.
Homeopatas dos Pés Descalços
Muito interessante isto post pois é. Se Lisboa tem S. Antònio, o Porto tem S. João e acho tem que ser mt bom!
Diverte-te pra mim tbm e buon S. João.
Bye&besos
Boas memórias tenho do S. João na minha terra com um toque especial a Minho...
Também é o padroeiri da Figueira e é feriado municipal...
Agora quando lá vou, é só às tasquinhas gastronómicas pós s. João...
Boa festa, Manu.
beijo
Ana
Em criança cheguei a passar aí uns dias lembro-me ainda muito bem do encanto que me proporcionou toda essa azáfama. Bom S.João diverte-te.
Bjs
É como aqui em Braga, e vê lá tu; nem fui ouvir os Bombos na Avenida que é pertinho a pé...
E a sardinha tão caraaaaaaaaaaaa, jasus, mas lá se vai comendo.
Um beijito pra ti.
laura
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