A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

UMA AVENTURA AMOROSA - ÁLVARO DE CAMPOS


Não costumo pôr à arte a canga da sexualidade. Confesso, contudo, que devo a uma obra minha, mas de maneira indirecta, uma aventura amorosa. Foi em Barrow-in-Furness que é um porto na costa ocidental da Inglaterra. Ali, certo dia, depois de um trabalho de arqueação, estava eu sentado sobre uma barrica, num cais abandonado. Acabava de escrever um soneto - elo de uma cadeia de vários - em que o facto de estar sentado nessa barrica era um elemento de construção. Aproximou-se de mim uma rapariga, por assim dizer, - aluna, segundo depois soube, do liceu (High-School) local -, e entrou em conversa comigo. Viu que estava a escrever versos e perguntou-me, como nestas ocasiões se costuma perguntar, se eu escrevia versos. Respondi, como nestes casos se responde, que não. A tarde, segundo a sua obrigação tradicional, caía lenta e suave. Deixei-a cair. É conhecida a índole portuguesa e o carácter propício das horas, independentemente das índoles e dos portugueses. Foi isto uma aventura amorosa? Não chegarei a dizê-lo. Foi uma tarde, num cais longe da Pátria; e hoje é, decerto, uma recordação a ouro fosco. Assim diríamos no «Orpheu»; assim não deixarei d e o dizer agora.
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A vida é extremamente complexa, e os acasos, são, por vezes, necessários. O conto não tem nome, desde o principio. O ouro fosco ficou húmido e a tarde caiu definitivamente.

Álvaro de Campos - Engenheiro Naval e Poeta do «Orpheu» - 1926


[Retirado do livro: ALMAS E ESTRELAS - HORAS ESPIRITUAIS -Arte & Cultura - Porto
Obra composta e impressa na Livraria Editora «Pax», Ldª. na cidade de Braga sob a orientação gráfica e literária de Petrus ]
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Neste livro, que comprei há anos num alfarrabista, pode ainda ler-se:
-A ROSA DE SEDA (FÁBULA) - Fernando Pessoa - 1915
-O BANQUEIRO ANARQUISTA - Fernando Pessoa - 1922
-O MARINHEIRO - drama estático em um quadro - Fernando Pessoa - 1913
-O CONTO DO VIGÁRIO - Narração exacta e comovida do que é o conto do vigário - Fernando Pessoa - 1926
-HISTÓRIA DO MENINO JESUS VERDADEIRO - Alberto Caeiro (1931)
-A PINTURA DO AUTOMÓVEL - Fernando Pessoa
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POSSUO AINDA EDIÇÕES ANTIGAS DE:

-REGRESSO AO SEBASTIANISMO - FERNANDO PESSOA- sem mencionar editora e data, apenas tem como número de tiragem - 156

-APRECIAÇÕES LITERÁRIAS -Bosquejos e Esquemas Críticos - Selecção e notas de Petrus - Colecção Arcádia - Editorial Cultura - Porto

-ENSAIOS POLÍTICOS - Ideias para a Reforma da Política Portuguesa - Edições «Acrópole» - C.E.P.

-ANTOLOGIA A MAÇONARIA, vista por Fernando Pessoa e Norton de Matos - Almagráfica -Porto


(AOS PESSOANOS, SE ASSIM PUDER SER, PEÇO QUE SE CONHECEREM, ME DÊEM INFORMAÇÕES SOBRE ESTES LIVROS, POIS NUNCA OS VI EM MAIS NENHUM LADO!!!!!)

5 comentários:

c.a. (n.c.) disse...

Uma delícia! Não conhecia.
Abraço

Maria disse...

Não conhecia.
Mas quero mesmo é agradecer-te a alteração que fizeste na caixa de comentários. Agora já posso escrever aqui e deixar-te

Um abraço

Ana Paula Sena disse...

O texto é fantástico, como tudo de Pessoa e heterónimos.

Quanto aos livros, Manuela, o que posso dizer é que constituem um conjunto de obras de Pessoa invejável :)

Muitos parabéns por tão excelentes aquisições!

[Alguns livros conheço, outros, não]

Um abraço

Teresa Santos disse...

Manuela,

Como também ando sempre a "farejar" Pessoa compreendo o teu interesse por essas obras.
Antes de entrar na blogosferas estive a ver (ou por outra, REVER pela enésima vez) uma fotobiografia de F. P. da autoria de Maria José de Lancastre. É muito interessante.
Porque não entras no site do blog da casa Fernando Pessoa? Talvez te saibam dar uma pista.
Caso não tenhas, aqui fica o link.

http://mundopessoa.blogs.sapo.pt/156421.html

Abraço.

G I L B E R T O disse...

Minha amiga Manuela

Tens verdadeiro tesouros em tua casa!

Nossa, fiquei sem fôlego por aqui...

Amo livros demais... demais da conta!

Beijos minha amiga!