Wilhelm Reich, psicólogo revolucionário, defensor da Revolução Sexual, foi também precursor dos movimentos ecológicos, da psiquiatria biosocial e estudioso da cura do cancro e da diminuição dos efeitos negativos da energia nuclear. Durante anos, vários movimentos revolucionários recuperaram parte de sua obra, sobretudo os seus escritos sociopolíticos, seguindo a tese de que não há revolução social, sem revolução sexual. Reich reivindicou a função da sexualidade não como uma mera realização do coito, mas como a fusão com o outro. A vivência plena do amor e da sexualidade era vista por ele como factor indispensável para a satisfação emocional. A sua mais importante contribuição, foi provar que a neurose é produzida socialmente, instalando-se em todo o corpo e não apenas na mente das pessoas. No livro "A Função do Orgasmo", Reich escreve que o orgasmo sexual pleno e satisfatório é o regulador biológico da harmonia vital. Defendia que as neuroses eram provocadas pelos bloqueios à sexualidade e à afectividade, portanto um fenómeno sociopolítico.
Após a Revolução dos Cravos, apareceram os seus livros, alguns filmes e principalmente um livro, que muitos leram, «Escuta, Zé Ninguém».
“Ainda bem que o destino me concedeu até hoje uma vida limpa e sem ambições, que pude acompanhar o crescimento dos meus filhos, ouvir-lhes as primeiras palavras, vê-los mover-se, andar, brincar, fazer perguntas, assistir à sua, alegria; ainda bem que não deixei passar a Primavera sem a sentir, que pude gozar o vento ameno e o rumorejar dos regatos e o canto das aves; que não perdi o meu tempo em mexericos com os vizinhos, que amei a minha companheira e que senti correr no meu corpo o fluxo da vida; ainda bem que, mesmo em tempo de perturbação, não perdi o norte nem o sentido da vida. Pois que me foi possível escutar a voz que murmurava no meu íntimo: ‘Existe apenas uma única coisa que vale a pena: viver bem e alegremente a própria vida. Escuta a voz do teu coração, ainda que tenhas de afastar-te do caminho trilhado pelos timoratos. E não consintas que o sofrimento te torne duro e amargo.’ E assim, na quietude do cair da tarde, quando me sento na erva em frente de minha casa, depois de um dia de trabalho, com a minha mulher e os meus filhos, ouço no pulsar da natureza à minha volta a melodia do futuro: ‘Humanidade inteira, eu te abençoo e abraço.’ E desejaria então que a vida aprendesse a defender os seus direitos, que fosse possível modificar os espíritos duros e os medrosos, que só fazem troar os canhões porque a vida os desapontou. E quando o meu - filho instalado no meu colo me pergunta: ‘Pai, o sol desapareceu, para onde foi, achas que volta depressa?’, respondo-lhe: ‘Sim, filho, há-de voltar amanhã para nos aquecer.’”
1 comentário:
Que lindo! De louco todos nós temos um pouco, mas gênios, pouquíssimos o são...acho que ele se encaixa na segunda categoria...
Que bom que gostou do blog da minha filha...ela é uma figura...leu seu caso sobre a blitz policial?
Aqui no Rio a polícia tem sido bem dura para quem bebe e dirige, o que acho muito boa medida, pois as mortes no trânsito eram incontáveis, principalmente de jovens...Com essa "dura", como falamos aqui, têm diminuído bastante os acidentes...
Beijos minha querida. Bom fim de semana!
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