Persona - filme de Ingmar Bergman
«Erramos sobre as pessoas antes de as encontrarmos, enquanto antecipamos o encontro; erramos enquanto estamos com elas; e depois vamos para casa e contamos a alguém como foi o encontro e erramos de novo. Como o mesmo sucede com outras pessoas em relação a nós, a coisa acaba por ser uma deslumbrante ilustração vazia de qualquer sentido, uma espantosa farsa de mal-entendidos. E que havemos nós de fazer quanto a este terrivelmente significante assunto que são as outras pessoas, assim esvaziadas do significado que achámos que tinham e parecendo-nos antes caricato, tão incompletamente incapazes somos de penetrar nos íntimos desejos uns dos outros? Será que temos todos que desaparecer e trancar a porta e sentarmo-nos isolados como os escritores solitários, numa cela insonorizada, convocando pessoas através da escrita e fazendo de conta que essas pessoas são feitas de palavras, são mais reais do que as pessoas verdadeiras que desfiguramos com a nossa ignorância todos os dias? A verdade é que a vida não é acertar no que as pessoas são. Viver é errar sobre as pessoas, errar, errar, errar e depois, voltando a pensar cuidadosamente sobre o assunto errar outra vez. É assim que sabemos que estamos vivos: erramos. Talvez o melhor fosse esquecer isto de acertar ou errar no que às pessoas diz respeito e limitarmo-nos a deixar-nos ir. Mas, claro, é sortudo o que conseguir fazer isso.»
Conhecer uma pessoa e ficar com a ideia que se conhece mesmo e que ela nos conhece, é uma pura ilusão! Confiamos. Pomos tudo no fogo, sabendo que pode ser um erro, mas pomos, esperando que não seja um erro ou até mesmo que o seja. O mais certo é errar, quando sobre nós mesmos erramos. Pensamos até, que sabemos o que pensam, com uma certeza e incerteza com o que pensamos para nós próprios, nos nossos solilóquios!
Podemos desistir de nos enganar, quando o desencanto, vence a curiosidade! Ficamos no silêncio, no seguro dos ferrolhos fechados, mas também ficamos mortos!
Podemos desistir de nos enganar, quando o desencanto, vence a curiosidade! Ficamos no silêncio, no seguro dos ferrolhos fechados, mas também ficamos mortos!
Concordo com o que diz o escritor Philip Roth:
«Erramos sobre as pessoas antes de as encontrarmos, enquanto antecipamos o encontro; erramos enquanto estamos com elas; e depois vamos para casa e contamos a alguém como foi o encontro e erramos de novo. Como o mesmo sucede com outras pessoas em relação a nós, a coisa acaba por ser uma deslumbrante ilustração vazia de qualquer sentido, uma espantosa farsa de mal-entendidos. E que havemos nós de fazer quanto a este terrivelmente significante assunto que são as outras pessoas, assim esvaziadas do significado que achámos que tinham e parecendo-nos antes caricato, tão incompletamente incapazes somos de penetrar nos íntimos desejos uns dos outros? Será que temos todos que desaparecer e trancar a porta e sentarmo-nos isolados como os escritores solitários, numa cela insonorizada, convocando pessoas através da escrita e fazendo de conta que essas pessoas são feitas de palavras, são mais reais do que as pessoas verdadeiras que desfiguramos com a nossa ignorância todos os dias? A verdade é que a vida não é acertar no que as pessoas são. Viver é errar sobre as pessoas, errar, errar, errar e depois, voltando a pensar cuidadosamente sobre o assunto errar outra vez. É assim que sabemos que estamos vivos: erramos. Talvez o melhor fosse esquecer isto de acertar ou errar no que às pessoas diz respeito e limitarmo-nos a deixar-nos ir. Mas, claro, é sortudo o que conseguir fazer isso.»
16 comentários:
Perfeito Manu!
Estou passando por um momento assim: sem saber se conheço mesmo.
Vou copiar o texto e levar.
Bom dia
Xeros!
Nossa... esse escritor me parece solitário e tão egocêntrico...!!!
Não é ... no meu ponto de vista !!!! uma questão só de errar...errar...e errar...
mas sim respeitar e aceitar as pessoas como são ...
sem tirar nem por!!!!
e principalmente amando cada pela sua maneira !!!!
Eu vivo assim...rsrs
e quer saber??? sou feliz...rsrs
bjs
Oi, Manu
Acho que o amor e a compreensão vencem qualquer obstáculo que seja.
Nossa vida é cheia de altos e baixos, mas sempre temos uma coisa melhor pela frente.
Bjs no coração!
Nilce
Oi Manuela, acredito que um grande defeito nosso é a que criamos em torno das pessoas. Elas são como são e cabe a nós decidirmos se queremos conviver com alguém assim ou assado.
O grande desafio é conviver com as diferencás e não tentar trasformá-las.
Perfeito texto.
Um beijinho
Nossa Manu, gostei muito desse texto, pois ontem acabei de descobrir que não conhecia uma pessoa que achava que conhecia há 07 anos.
Sabe aquele momento que você se decepciona, pois é...ontem ocorreu isso comigo. Eu nem conseguir dormir direito.
abraços
de luz e paz
Hugo
Oi Manu, lindo o texto, estou lendo o livro "O Efeito Sombra"e tem tudo haver.
Obrigada pelo carinho, adorei, beijos!!
Como é complicada a vida e principalmente as pessoas!
Pois eu nem me conheço direito, quanto mais os outros.
Compartilho da idéia de que temos que ter aceitação, afinal cada um é um ser genuíno e com suas aflições, expectativas, alegrias, tristezas ...
um beijinho carioca
Nunca confio em ninguém na integra, sempre deixo um pézinho atrás. Só cautela, para não me decepcionar.
BeijooO*
É complicado, já aconteceu comigo de achar que conhecia a pessoa e daí veio a decepção, parece que qto mais vivemos menos conhecemos certas pessoas.
Obrigada pela sua visita Manu.
beijooo.
Adorei este filme, apesar de me ter desconcertado e feito pensar. A inquietante verdade que está tantas vezes debaixo dos nossos olhos...
babette
Vive é errar muitas vezes, com certeza, mas não me pesam os erros que tive, desde que todos eles fossem buscando acertar. Um dia a gente encontra, gente que vale a pena.
beijos minha amiga
Excelente texto.
Beijo querida amiga.
Penso, Manu, que a questao que surge, tem muito a ver com as nossas expectativas, idealizações.
Conhecer o outro é observar que é diferente e respeitá-lo aceitando o diferente.
O conhecimento de si mesmo e do outro é um processo infinito,,,,,
bjs
Oi Manu! Pois é, o Rumo está longo ali, no clicar do mouse! Sempre que sentir vontade, visite, será muito bem vinda!
Seu texto me fez pensar e, em parte, concordar. Erramos, sim, isso é certo, e a sucessão de erros nos leva, eventualmente, a um acerto! A esperança de que encontraremos alguém com quem compartilhar os fatos do dia, da vida, da lama, com quem troquemos gentilezas, afetos, é a mola para que erremos, muito, em busca de, um dia, acertarmos. Mas acertar não significa ignorarmos os erros (nossos ou do outro). E aí, volto a concordar, mais uma vez com o texto. Acertar significa conviver bem com os erros, sublimá-los, em nome de um bem estar maior.
Excelente texto! Provocou muitas reflexões, parabéns! Um beijo, Deia
Grande verdade minha amiga.
Gosto muito deste texto.
Bjs.
Na vida há sempre desilusões, às vezes algumas magoam muito porque vêm donde menos se conta.
Beijinho e não penses em coisas que te incomodam.
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