A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




domingo, 15 de agosto de 2010

INVEJA

Blogagem colectiva sobre sentimentos.Proposta por Glorinha L. de Lion (Blog Café com Bolo).Tema «INVEJA»

A inveja, Sebastián de Covarrubias, gravura século XVI

Desde miúda que as primeiras histórias contadas ou lidas, referenciavam a inveja!
ERA UMA VEZ
A Branca de Neve, (Irmãos Grimm) sofreu porque era mais bela que a Rainha madrasta: Quem é mais bonita do que eu? A resposta era sempre a mesma e a madrasta resolveu envenenar a Branca de Neve com uma maça!

















A Cinderela, outra menina muito bonita (Charles Perrault), coitada, sofreu bastante do mal da inveja, com aquelas «irmãs» horrorosas e a madrasta, que a escravizava de trabalho.

A Bela Adormecida, (Charles Perrault), conta que um Rei e uma Rainha, há muito desejavam ter filhos. Quando isso aconteceu, decidiram celebrar o acontecimento com uma grande festa. Foram convidadas 7 fadas e cada uma delas concedeu uma prenda especial: o dom de ser a mais bela do mundo; que ela fosse espirituosa como um anjo; que ela fosse graciosa em tudo o que fizesse; que ela dançasse melhor que ninguém; que ela cantasse lindamente; que ela tocasse perfeitamente qualquer instrumento musical. Isto causaria muita inveja! Subitamente, irrompeu na sala uma velha fada, que não fora convidada e fez a terrível profecia de que a princesa, ao completar 16 anos, se picaria num fuso e morreria.
Estas histórias de fadas boas e más, são paradigmáticas da inveja e não só, mas sempre tinham um fim consolador, vinham uns lindíssimos príncipes que ressuscitavam as meninas adormecidas com um beijo e depois eram felizes para sempre!.. Os males de inveja podem ser muito cruéis e até mesmo chegar à morte!

*
A inveja, faz parte da natureza humana, mas como todas as coisas, uns deixam-se possuir mais por ela do que outros. Segundo Evágrio do Ponto de acordo com o livro Sacred Origins of Profound Things (Origens Sagradas de Coisas Profundas), de Charles Panati, a teóloga e monge grego Beatrice G. e Fernando T. (345 – 399) teria escrito uma lista de oito crimes e "paixões" humanas, em ordem crescente de importância (ou gravidade). Depois No final do século VI o Papa Gregório I reduziu a lista a sete itens, juntando "vaidade" e "orgulho" (ou "soberba") e trocando "acídia" e "melancolia" por "inveja". Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e fizeram mais uma lista. No século XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago – por "preguiça", incluindo-a nos sete pecados capitais.
Consulta: aqui

Os Sete Pecados Mortais - BOCH

Fui educada dentro da religião católica, absorvi isso, mas excluí, mais tarde, essa ideia castradora do pecado, optando pela racionalização.
Invejas, quem as não tem?!.. Normal é pensar, «gostava de ter o que X ou W têm», o pior é quando,
«porque X ou W, têm e eu não tenho, o que ele precisava é que lhe desse uma valente diarreia (exemplo rídiculo)!»...

Invejas excessivas paralisam a vida, a quem inveja e a quem é invejado. Quase sempre o invejoso tem lentes de aumento nos olhos e o invejado até tem problemas visão! Enfim é sempre a nossa mente e as suas dioptrias, que produzem efeitos agudos.
Dizia Balzac:

É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja.

Interessante é o poema da inveja de Mário Quintana: DA OBSERVAÇÃO/Não te irrites, por mais que te fizerem.../Estuda, a frio, o coração alheio./Farás, assim, do mal que eles te querem,Teu mais amável e subtil recreio...

Sofrer males de inveja, quem os não sofre, sentir uma invejazinha, que não seja exacerbada quem a não sente?

A inveja, a maldosa inveja, existe e muito: por dinheiro, por beleza, por talento, por inteligência, até mesmo por uma postura pessoal que se tem na vida, este poema da Marquesa de Alorna, parece-me muito elucidativo:

O PIRILAMPO E O SAPO

Lustroso um astro volante
Rompera as humildes relvas:
Com seu voo rutilante
Alegrava à noite as selvas.
*
Mas de vizinho terreno
Saiu de uma cova um sapo,
E despediu-lhe um sopapo
Que o ensopou em veneno.
*
Ao morrer exclama o triste:
- Que tens tu de que me acuses?
Que crime em meu seio existe?
Respondeu-lhe: – Porque luzes?
*

15 comentários:

Isadora disse...

Manuela, desde pequenos que nos deparamos com histórias, onde a inveja causa malefícios e tristeza, pois a tudo custo se quer ter o que não tem, o que o outro tem, e não se pode ter.
Inveja, todos nós temos é inevitável, a questão é como identificarmos e transmutarmos o sentimento e não desejar mal nunca e sim, arregaçar as mangas e conquistar o que desejamos.
Um beijinho

chica disse...

Que maravilha de postagem, até nas histórias lembraste da inveja. E compo ela faz mal aos que sentem, muito mais do que aos invejados,não? Linda e bem elaborada!beijos,ótimo domingo,chica, num frio de matar por aqui!

Nilce disse...

Parabéns, Manu!

A história dos contos descrita muito bem. Achei sensacional.
Quem não possui um pouco que seja de inveja? É memo inevitável. Podemos tentar canalizá-la para que esse sentimento não seja destruidor, como vc mesma cita.

Excelente post!

Bjs no coração!

Nilce

Unknown disse...

É assim a inveja nasce connosco.
Post muito bom.

Beijo Manú.

Anónimo disse...

Oi Manuela,
Que post legal esse menina! Muito boa essa relação da inveja com os temas dos contos infantis. Aliás esses contos infantis se prestam a muitas reflexões, não é? Adorei a narrativa. E aquela imagem dos pecados mortais, fazia um tempãoooo que eu não via. Ih, até nem lembrava mais. Ótima lembrança a tua. Bjssssss

Laura disse...

Minha querida, é bom que não sinta inveja, de nada a tenho, sei aceitar a vida como ela é, logo, todos somos como somos e quando melhor soubermos viver, melhor para todos...
Não invejo ninguém, nada, tenho os meus sonhos que um dia verão a luz do dia e até lá vivo na esperança de os realizar...mas que conheço muitos com essa terrivel palavra a viver neles, lá isso conheço..é mau, é feio, mas, eles lá sabem..

Um beijinho da laura..

Anónimo disse...

Oi Manu!
Como sempre já stás nos acostumando, ótimo texto!

Penso que os indivíduos disputam poder, riquezas e status, aqueles que possuem tais atributos sofrem do sentimento da inveja alheia dos que não possuem, que almejariam ter tais atributos. Isso em psicologia é denominado formação reativa: que é um mecanismo de defesa dos mais "fracos" contra os mais "fortes".

Um beijo e ótima semana!

Unknown disse...

E quantas vezes não somos nós os pirilampos na vida, que brilhamos sem nem perceber, e com esse nosso brilho inocente a tantos enchemos de incômodo...e algumas vezes, contra os venenos que contra nós são lançados não existe antídoto...um perigo!!!

Boa noite,
Meu abraço!

Beth/Lilás disse...

Amiga Manú,
Que bom que aderistes à blogagem mesmo mais tarde.
Inveja é o tal sentimento que todos já tivemos, mas nos envergonhamos de pensar que tivemos esta tentação na vida.
Sua postagem está muito bonita e bem feita e o poeminha final, que eu não conhecia, arrematou muito bem tudo.
um beijinho carioca

Maria disse...

Estas blogagens colectivas intimidam-me...
Valeu ver Bosch e a estória do pirilampo...

Beijo, Manuela.

Astrid Annabelle disse...

Sabe Manú, que vieram à minha lembrança esse contos infantis? Depois mudei de idéia. Mas ficaram muito bem aqui no seu post, que está excelente!
Todo o seu blog está bonito...com visual novo.
Sobre a inveja não há nem mais o que comentar...esgotou.rss
Linda participação a sua!
Sómente cheguei agora pois o sinal da net está oscilando muito...ora com, ora sem!
Beijo grande e agradecido por suas palavras lá no meu blog.
Astrid Annabelle

Socorro Melo disse...

Oi, Manu!

Adorei sua postagem, e me deliciei com o exemplo da diarréia, muito original, kkkkkk

O poema do sapo e o pirilampo é perfeito, pois,na verdade o invejoso se incomoda com o brilho do outro.

Beijos

Yoyo disse...

Fizemos a mesma abordagem sobre a Inveja, Manú.Embora seu post tenha sido mais completo.
Beijinhos

Glorinha L de Lion disse...

Ai Manu minha amada amiga! Bem mereço teu puxão de orelhas. Mereço sim e estou aqui a te oferecê-las, qual delas preferes? A da esquerda ou a da direita? Vá lá, puxa logo as duas...eu, em minha santa inocência, achei que estavas fora e que não irias escrever sobre o assunto, que não lho apetecia...sei que inveja é assunto demasiado instigante e malévolo e às vezes nos suscita recordações dolorosas. Pensei que tinhas "pulado" esse tema...kkkkk podes puxar minhas orelhas o quanto quiser, é imperdoável que eu não tenha visto teu post! Mas não te perdoo ter medo da minha "patada"...ai amiga, só meto as unhas e cravo os dentes em quem merece...e tu, és minha amiga du coeur...aos amigos, só carinhos e afagos, até da leoa aqui...beijitos e perdonez moi...

Glorinha L de Lion disse...

Falei tanto em orelhas e afagos e patadas que me esqueci de comentar...não está M...nenhuma, muito ao contrário! Está um belíssimo post, onde mostras toda a cultura que possuis...este quadro de Boch está estupendo (se bem que os quadros dele me metem medo...) e a estorinha do sapo e do pirilampo...é isso mesmo, querem engolir quem os ofusca...infelizmente, é assim a vida dos pirilampos...Beijos e xi coração pra ti amada!