A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




terça-feira, 30 de novembro de 2010

«JOSÉ E PILAR»




JOSÉ E PILAR


Documentário de Miguel Gonçalves Mendes, feito pela sua grande admiração por Saramago e para que existissem registos pessoais do escritor. Premiado pelo público como melhor documentário na Mostra Internacional de cinema de São Paulo.


O realizador andou quatro anos com as câmaras atrás deles, por todos os lados. O documentário começa em 2006, quando Saramago tem a ideia para escrever «A Viagem do Elefante» e vai até ao lançamento do livro em 2008 no Brasil. São focados os anos do endeusamento máximo (a inauguração da biblioteca de Lanzarote, a grande exposição iconográfica, as repetitivas entrevistas pelo mundo inteiro, a criação da Fundação José Saramago), mas também a doença e o contacto com a morte.


O documentário mostra sonhos, divagações de um homem sobre a vida, dúvidas, o cansaço pela exposição pública, as rugas das mãos, o amor e a iminência da morte. A célebre ampulheta existencial.


«As melhores coisas da vida aconteceram muito tarde e o tempo é muito curto» Saramago


Um homem calmo e melancólico, uma mulher-bálsamo, mas muito «espanhola», que lhe dá garra para a vida, que o orienta e ajuda, que teve um papel fundamental na vida do escritor, que muitas pessoas desconhecem.


«Se eu tivesse morrido antes de conhecer a Pilar teria morrido muito mais velho». Saramago


O realizador ficou surpreendido com o Saramago na intimidade, com a sua doçura e o seu humor.
«As pessoas dizem que Saramago era arrogante e ele dizia que não tinha culpa da cara que tinha e que muitas vezes as pessoas confundem arrogância com timidez! Saramago dizia que era tímido e humilde, qualidade que falta a muita gente».


«Amo Portugal, mas o país é muito estranho, só em Portugal sou tratado como um analfabeto!» Saramago


O escritor foi polémico, comunista assumido, ateu militante, sacrílego contestatário da herança do cristianismo mas sempre teve o cuidado de afirmar, que o que dizia era apenas a sua «visão do mundo».


Quando Saramago viu o documentário disse a Pilar.


«Pilar, isto é uma grande dedicatória de amor à tua pessoa.»


Ela respondeu:


«Sim, e a minha vida também é uma grande dedicatória de amor.»


«José e Pilar», um documentário que não perdi, que seria mau ter perdido e que não deve ser perdido.


"José e Pilar" é um filme sobre o tempo: os três anos que reconstitui, a duração das peripécias seleccionadas, o muito tempo que fica de fora na montagem, o tempo que falta para completar uma obra começada verdadeiramente aos 60 anos. Poderia ser um "filme-fleuve" de 50 horas, poderia optar por mais cortes, mas a grandeza do romance documental retrata-se nessa hesitação, nessa noção de que vida e morte não cabem no espaço exíguo de uma projecção. Por isso, o essencial passa menos pelo conteúdo (Saramago é sobretudo um pré-texto) do que pelas formas. "José e Pilar" é um documentário, mas também um documentário para acabar com a ilusão do documental puro. Mário Jorge Torres

12 comentários:

Glorinha L de Lion disse...

Oi Manu querida, li sobre o docmentário e estou louca pra ver, mas ainda não está passando aqui, eu acho...deve ser muito bom!
beijinhos,

Renata disse...

Estou louca para ver esse filme/documentário...uma pena que esteve no cinema por pouco tempo e já saiu de cartaz...mas agora vou procurar no dvd, ou na internet...seu post me fez reacender a vontade de estar com Jose e Pilar del Rio...deve ser uma experiencia muito enriquecedora...depois comento!

Obrigada pela dica,
ótimo post!

Renata disse...

Estou louca para ver esse filme/documentário...uma pena que esteve no cinema por pouco tempo e já saiu de cartaz...mas agora vou procurar no dvd, ou na internet...seu post me fez reacender a vontade de estar com Jose e Pilar del Rio...deve ser uma experiencia muito enriquecedora...depois comento!

Obrigada pela dica,
ótimo post!

Sandra Gonçalves disse...

Que lindo amiga...Tanta coisa agente aprende com eles.
Bjos achocolatados

Nilce disse...

Oi Manu

Deve ser uma excelência esse documentário. Quero por demais vê-lo.

Bjs no coração!

Nilce

AC disse...

Manuela,
Já vi parte do documentário e ele emocionou-me muito. Pensando bem, é deveras motivador saber que um homem rejuvenesceu para a vida aos sessenta e muitos, quando já pouco esperava dela. Curiosamente, foi depois de encontrar Pilar que ele teve a sua fase de maior criatividade.
Que mais dizer...?

beijo :)

Unknown disse...

Vou querer ver.

Beijinho.

lolipop disse...

Olá Manu!
Ainda não vi, mas tudo o que li sobre a realização me comoveu...
Beijos

Anónimo disse...

Que lindeza Manú!
Vi o video que vc publicou e todo os outros disponiveis no You Tube.
Agora é só esperar chegar aqui no Brasil.
Obrigada pela partilha!
Bjs.

Beth/Lilás disse...

Manú, querida!
Ainda não vi e já está na minha listinha de coisas boas a fazer.
Mas, que coisa linda e comovente ver este depoimento de amor que os dois fizeram um ao outro.
Acho que Saramago foi muito bem entendido por aí, o que não foi é aceito, pois o mundo cristão não suporta quem contesta seu maior ídolo. E Portugal é um dos maiores países católicos do mundo, juntamente com o Braisl.
Eu adoro este jeito dele sem medo diante da vida e da morte.
bjs cariocas

Brown Eyes disse...

DE tudo que aqui deixaste escrito quero salientar esta frase:
Amo Portugal, mas o país é muito estranho, só em Portugal sou tratado como um analfabeto!
Nesta frase percebe-se a mentalidade do povo português, que ele tão bem conhecia. Este povo só enaltece quem tem um curso e Saramago não tinha. Ele sentia a descriminação que este povo faz e ele demonstrou o quanto somos ignorantes pensando assim.
Beijinhos

Ana Paula Sena disse...

Tenho que ver o documentário, Manuela!

Gostei de ler o seu testemunho e homenagem.

Deixo um beijinho grande e votos de bom feriado :)