A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




terça-feira, 23 de março de 2010

AMOR SOLÚVEL

"Amor Solúvel" para dissolver numa "vasilha metafórica",
comédia musical, de Carlos Tê, sobre o amor em formato de consultório sentimental.
A peça encena um consultório sentimental transmitido em directo de um estúdio de televisão. O professor Dionísio (Romeu Costa) fala sempre em código metafórico e desdobra-o para dissecar, de ponta a ponta, o que sabe do amor. Refugia as teorias na ciência, como se patenteasse as suas suposições sobre o amor.
No final, é ele que passa da posição de dissecar o amor, para ele próprio se cansar de não o perceber. Nas palavras de Carlos Tê, "o professor é um estereótipo muito especial dos professores que abordam esse tipo de temas na televisão e na rádio. Este acaba por sofrer essa inversão" quase catársica de quem passa a sofrer dos problemas que resolve.
Mónica, a apresentadora (Joana Manuel), modera o programa, mas cedo começa a tentar ela própria perceber o amor. Paralelo ao programa passa a haver uma "micro guerra dos sexos", em que a apresentadora se preocupa em contrapor certezas, na sua opinião, machistas, que o professor tenta disfarçar de ciência.
A música na peça: É a partir dos momentos musicais que as personagens quebram defesas e demonstram aquilo que as câmaras não vêem. É a canção que abre espaço para todas as intervenções que se dissolvem na "vasilha metafórica" das definições de todos.
Luísa Pinto, a encenadora, fala nas implicações que, a inclusão destes momentos têm, no processo de construção da peça. «O processo tem logo implicações ao nível do casting. Eu tinha que contratar actores que soubessem cantar muito bem. Isso foi o mais complicado».
"Amor Solúvel" acaba por roçar o registo de ensaio, visitando várias concepções de amor e formulando hipóteses de teorias sobre tudo o que o envolve. As respostas dirigem-se tanto aos espectadores que enviam as questões, como para todos os que assistem. Tudo sob um pendor cómico e assumidamente irónico.
As letras das músicas são de Carlos Te e a música de Hélder Gonçalves (dos Clã), Manuela Azevedo e outros.



RELATIVAMENTE AO TEXTO, LEMBREI UMAS COISAS, ACRESCENTEI OUTRAS. ESTA PEÇA ERA PARA 12 ANOS, O QUE ESCREVO PODE SER CONSIDERADO DE MAU GOSTO, MAS A PEÇA ERA MUITO MAIS MALICIOSA, EMBORA SEM PALAVRÕES...
Casamento uma ilusão, passa uma moça toda a sua juventude a sonhar com isso!…Vem os filhos. Põe fralda, tira fralda, faz biberão, muda a fralda e ao mudar já é preciso outra, embala, que embala, parece que está a dormir, deita-se na cama e dispara a gaita…uhaaa, mais embala que embala, altas horas da noite, os vizinhos estão a dormir e a criança berra, como ele berra, é dos intestinos, dos dentes…pomadinha para isto, remedinho para aquilo… depois toca o despertador e fica tudo alvoraçado!...Arranjar o bebé para o levar, fazer a saca, preparar as coisas, sair para a rua, meter no carro, muito trânsito, o tempo é galopante e… entrar no emprego a bufar… e bufando a maratona, dar atenção a isto, dar atenção aquilo…À noite é tudo igual…Depois os bebés vão crescendo e nem sempre as coisas se tornam mais fáceis…mas o romantismo depois de tudo isto perde-se…o homem começa a derivar para o clubismo, o coleccionismo…e os dois fazem projectos para uma casa, um carro novo, móveis, férias…ir a Machu Pichu, andar horas e horas de avião e ir ver umas pedras, com ervas á volta e uns indígenas a vender «souvenirs» e a cantar «Quando o candor passa»….tudo para entreter…e as saudades dos filhos, sempre a estragar tudo!...Ah…como eram felizes no seu carro «charuto» comprado em terceira ou quarta mão, a deitar fumo por todos os lados, com o carburador a ferver, pronto para fazer um chá e com a mochila do campismo, a dormir no chão duro, na fila para tomar um duche, a comer às vezes umas sandes…Ah…como eles se divertiam e se riam e no fim acabavam em «pugilatos» de sexo!…
Depois no casamento (ou união de facto), não são dois e uma cabana, são dois núcleos familiares duros que se vão juntar, os pais, irmãos, tios, sobrinhos, primos, avós…eu sei lá!...Como gerir tudo isto? Dá zanga entre os dois pela certa!..Hoje quero ir a casa dos meus pais!...Nem penses, eu quero ir para a praia!…Os meninos ficam a olhar para um e para o outro, sem saberem para onde vão…
Claro, deixemos-nos de coisas há sempre o subjugador e o subjugado, o exemplo mais flagrante é o sexo à missionário…mas mesmo que seja ao contrário o paradigma tem barbas…Queres fazer amor? Não é tão prosaico? Alguém dirá queres dar uma queca? Nada dizem, vão-se aproximando, mas quando o dia não correu bem entre eles é problemático…
Uma mulher é mais de afectos…não sei…dizem que sim, já não tenho a certeza!...Ao fim de certo tempo o homem não quer perder muito tempo e deixa de fazer os trabalhos manuais!...Lá vem a rotina…Dizem que o vibrador é dos objectos mais vendidos… Para ela um homem mesmo sexy, aparece nu apenas com um avental, é um homem que se interessa pelas coisas domésticas, que está pronto a fazer um jantar…ou então aparece impecavelmente vestido, com aquele perfume, que a convida para um jantar romântico…comem e bebem demais…depois ela chega a casa e diz «estou com dor de cabeça»…
No «amour fou», tudo é perfeito, mas depois cai-se na realidade… ela gosto de um género de filmes, ele gosta de outros, quase sempre é uma luta entre o romantismo e o policial e o terror, ela quer passear, ele quer ficar em casa, ela gosta de ouvir música, ele só quer sofá/televisão, ela gosta de arroz, ele de batatas…etc…etc…Bolas!?...Quem andou a enganar quem!?...
-Olha tu fazes o que gostas e eu vice-versa…
-Mas afinal porque casamos, para cada um fazer vida diferente?
Depois pode surgir o outro ou a outra, são perfeitos, tão perfeitos, que ela ou ele se cansam de ser ela ou ele!?...E vida dupla é dose!?...Vale mais acabar…e depois ele puxa por isto, ela puxa por aquilo e as «crianças meu deus, porque lhes dás tanta dor, porque padecem assim?»
O ideal do amor, parece ser o «
Coup de foudre » à porta da caverna de Platão!?...
Ele vê-a a passar loira e deliciosa, no seu cabriolet vermelho…
Ela vê-o passar moreno e sedutor, no seu cabriolet (esqueceu-se da cor)…
Sorri, pode receber um sorrizinho…pode acenar…e tudo passa veloz! Amanhã há mais….até lá, pode ir até casa fazer o almoço ou comer o almoço, dormir a sesta e entrar nesse cabriolet em sonhos, para a terra prometida, onde no sonho seu, tudo acontece como deseja…
Só queremos o que não temos, só estamos vem onde não estamos!?...

7 comentários:

Cris França disse...

muito real, o palco que imita a vida, e a grama do vizinho é como dizem, sempre mais verde! bjs

Glorinha L de Lion disse...

Ai Manu, ri bastante com esse teu post, pois é TUDO exatamente assim...o príncipe se transforma em sapo e a princesa, em bruxa...sempre vamos querer a grama do vizinho, pois ela parece sempre mais verde...ledo engano, pois o vizinho tb deseja a nossa...heheh e vamos embora que a vida é isso aí!
Beijões!

Glorinha L de Lion disse...

Manu, voltei! Vim aqui pra vc tb brincar com a gente de blogagem coletiva...vamos brincar de colorir?
vai lá pra ver as novidades...
Beijo enooooorme!

Tetê disse...

Pobre de quem casa achando que a vida a dois é um "mar de rosas", esquecendo que as rosas tem espinhos... e como os têm! Eu vi muitas amigas casarem em ilusão e só embarquei na canoa depois de estar muito certa do que estava fazendo. Graças a Deus não me arrependo, mas é preciso saber lidar com os conflitos familiares... Seu post está muito bom! Obrigada pela visita! Bjks Tetê - Tempo de Celebrar

Unknown disse...

"Só queremos o que não temos, só estamos bem onde não estamos!?... "

E por vezes temos mais olhos que barriga...

Abração.

Me disse...

qualquer semelhança com a minha vida, não é mera coincidência... rsss
Manu muito atual, adorei!
bjos querida!

Sandra Gonçalves disse...

menina você é demais, ri demais estava precisando viu?
Obrigado pelo carinho comigo, voc~e é uma pessoa apaixonante.
E jká te considero uma grande amiga.
Bjos neste seu coração lindo.