SER FILHA, SER MÃE...

A Virgem, o Menino com Santana - LEONARDO DA VINCI

Sempre existe em mim, aquela ideia que podia ter sido melhor mãe, sempre penso relativamente a tudo «que podia ser um pouco melhor», assim como poderia ter sido melhor filha! Aliás só compreendi em toda a dimensão essa tarefa difícil de ser mãe, quando também fui mãe. Considero que é mais complicado ser mãe, do que ser pai, isto obviamente pensando na minha experiência.
Em minha casa, tive uma mãe a 100%, era «doméstica» (catalogação risível, na altura, dada no BI), mas não estava domesticada! A minha mãe é que me educou e era uma pessoa de SIM e NÃO, castigava-me quando era preciso e, eu claro, gostava mais do pai, que o que queria era paz e sossego. Quando fui mãe, tive que conciliar, trabalho, casa, filhos, no sentido de gerir tudo isto. Era também a mim, que estava «destinado» os «sermões», como os meus filhos diziam, contrariando certos anseios. Ainda hoje eles falam dos meus interrogatórios, a que chamavam policiais. O pai colaborava, mas eu é que sobressaía e era a «má da fita». Nunca me arrependi do que disse, da maneira como o disse e dos castigos que também apliquei, porque o que eu desejava e continuo a desejar, é o bem para eles. É relativamente a isto, que gradualmente fui compreendendo a minha mãe. O que ela desejava era o meu bem, que é o que todas as mães conscientes desejam.
Há tanto a dizer sobre a nossa mãe e sobre o exercício de ser mãe! É o estatuto mais importante na nossa vida!..Contrariamente aos tempos actuais, das prendas de encher o olho, as prendas que eu dava à minha mãe, eram uns papelotes, escritos na escola aludindo ao dia, que naquela altura era festejado a 8 de Dezembro e, as prendas que mais me agradava receber dos meus filhos, eram similares papelotes, que eles faziam, cheios de ternura e de graça.