Poesia: Sofia de Melo Breyner
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Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
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Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
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Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
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Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Poesia: António Aleixo (poeta popular)
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Embora os meus olhos sejamos
Embora os meus olhos sejamos
mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
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Que importa perder a vida
na luta contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão
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Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério
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Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia
http://www.youtube.com/watch?v=IT_31oLD8eg
http://www.youtube.com/watch?v=IT_31oLD8eg
3 comentários:
o que os homens são no fundo é o que realmente importa, tudo o mais é apenas maquiagem, e ela nem me interessa, mas muito mais do que o que há no fundo dos outros a gente tem mesmo que se importar com o que há no fundo da gente.
Um beijo querida, obrigada por encher o mundo de poesia.
Mais duas excelentes cantigas de Abril na voz do Fanhais...
Beijo, Manuela.
o primeiro poema parece falar de mim....essa Sofia Melo é maravilhosa...a conheci no Oceanário de Lisboa, onde há trechos de poemas seus...e o segundo poema, uma maravilha, triste, mas sobretudo real.
bjinhos e um xi pra ti...
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