A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




sexta-feira, 16 de abril de 2010

TEJO QUE LEVAS AS ÁGUAS - MANUEL DA FONSECA/ADRIANO


POEMA: Manuel da Fonseca


Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
.
Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores
.
Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
.
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro
.

Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata
.

Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais
.
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
.

Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo


MÚSICA: ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

http://www.youtube.com/watch?v=44LvF6RndsI

14 comentários:

Maria disse...

Há coincidências...
Programei esta cantiga para sair hoje à meia noite. Vou retirá-la e substituí-la...

Nota que o poema não é do Zé Gomes, mas sim do Manuel da Fonseca. E faz parte do disco "Que nunca mais".

Beijo.

Manuela Freitas disse...

Olá Maria,
Obrigada pela tua rectificação, já corrigi. O problema é que eu tenho numa página de documentos, vários poemas de vários autores e está um bocado caótico e eu ao passar enganei-me. Não sei assim de cor de quem são os poemas das canções que tanto ouviamos! Podes fazer uma réplica colocando também canções desses tempos. Para não haver repetição, eu normalmente publico de manhã e tu à noite, não é? Vou passar a ir ver o que postastes, para não repetir, porque temos um leque variado de opções.
Alinhas?
Beijinhos
Manuela

♕Miss Cíntia Arruda Leite ღ disse...

Olá Manu!

Para iluminar:
"Sou grata a Deus por não dizer o que nos acontecerá no futuro.
As vezes seria pesado demais.
Mas saber que o próprio Deus tem em suas mãos, o passado, o presente e o futuro, deveria tranquilizar nossa mente."

beijos e bom fim de semana!

Maria disse...

Já alinhei ontem as cantigas de Abril até ao dia 25. Depois seguem-se poemas de Abril.

Beijos

Glorinha L de Lion disse...

Que beleza de ode ao Tejo...rio caudaloso e lindo que banha Portugal...guarda tanta tristeza e tanta beleza, exatamente como um fado! Belo presente para uma sexta feira de sol!
Beijos.

Cris França disse...

Manu,

eu também estou com muitas saudades de vc
to morta de canseira, tive uma semana pra lá de exaustiva.
o que conforta?
poesia, bons amigos como vc e a certeza que amanhã é um novo dia...rs
beijo minha amiga!

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

Querida obg pelo carinho tó realmente precisando de consolo!!!
BJIM

Unknown disse...

Poema sublime de Manuel da Fonseca ,cantado superiormente por Adriano Correia de Oliveira.
Grato pela partilha destes cantares de Abril.

Beijo e bom fim de semana.

Tetê disse...

Manú querida... um post perfeito este seu! Obrigada pela visita ao Livre Pensamento! Fico feliz de encontrar você no meu cantinho! Bjks Tetê

Lu Souza Brito disse...

Esta poesia é linda e triste!
Fala tanto sobre um povo, que bem poderia ser de um rio Brasileiro...

Sobre o comentário no Lichia, Sim, Manuela, sou mesmo inquieta e cheia de dilemas, rsrsr.
Mesmo assim adorei seu comentário!
Obrigada por participar, volte sempre!

Anónimo disse...

"Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas "

Aqui ele já diz quase tudo de sua intensa militância social, política e cultural.

Um poema canção forte e intenso,lindo!

Um beijo

Me disse...

Oi Manú, passando pra te dar um bjo!
Ótimo fim de semana!!!

Lidia Ferreira disse...

Minha querida devo confessar que e a primeira vez que leio esse poema , vou pesquisar mais sobre esse poeta
Vim agradecer sua visita e seu comentário no meu blog eu adorei sua opinião
bjs

Unknown disse...

Um poema sempre actual e de uma pureza encantadora.
Mais palavras só complicam.
Aqui só podemos ler e reler o poema para o entender e viver.