A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




sexta-feira, 30 de abril de 2010

O FADO


SEVERA - FADO - JOSÉ MALHOA

Portugal vai apresentar a candidatura de o FADO, para que o mesmo seja considerado PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE. Foram cinco anos de investigações, envolvendo dezenas de pessoas - fadistas, músicos, académicos, investigadores – que todos os dias descobriram coisas novas: partituras, discos, livros, iconografia, entrevistas, etc. Os indicadores são para já positivos e assume-se, pelos sinais informais que chegam da UNESCO, que esta candidatura está mais bem estruturada e documentada do que a do tango, que foi aceite em 2008. A resolução final só será conhecida em Setembro de 2011.
Li esta notícia e para mim o fado tem tido fases, não gostava nada, mas uma ocasião vinha de Espanha e quando chegamos a Portugal ouvi numa rádio portuguesa um fado e isso emocionou-me, fui a algumas casa de fado, depois deixei de ligar ao fado, quando morreu a Amália, comecei a ouvir os seus fados e presentemente o fado está IN, com novos cantores cheios de criatividade, mesmo cantando os antigos fados. Há um aspecto do fado que muito me agrada, são os poemas e o fado tem ido buscar grandes poetas e, depois há a belíssima guitarra portuguesa.



No artigo que li, achei interessante um anexo, em que se transcrevia um texto de Fernando Pessoa sobre o fado, que eu desconhecia completamente, até já tenho feito buscas para ver o que FP tivesse dito sobre música, mas parece-me que isso seria marginal na sua vida, quem souber mais que me corrija.
«Toda a poesia – e a canção é uma poesia ajudada – reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre, e a canção dos povos alegres é triste. O fado, porém, não é alegre nem triste. È um episódio de intervalo. Formou-o a alma portuguesa quando não existia e desejava tudo sem ter força para o desejar. As almas fortes atribuem tudo ao Destino; só os fracos confiam na vontade própria, porque ela não existe.
O fado é o cansaço da alma forte, o olhar de desprezo de Portugal ao Deus em que creu e que também o abandonou. No fado os Deuses regressam, legítimos e longínquos. E, esse segundo sentido da figura de El-Rei D. Sebastião
. Fernando Pessoa.




Stuart Carvalhais (1887-1961)
Introdutor da BD em Portugal, desenhador, ilustrador, fotógrafo, realizador de cinema, actor, decorador, cenógrafo, figurinista e designer gráfico.
Colaborou em vários jornais e revistas: 'Sempre fixe', 'Os Ridículos', 'Diário de Notícias', 'ABC'. Um extraordinário desenhador da Imprensa portuguesa do seu tempo e de todos os tempos, igualando os melhores artistas contemporâneos do mundo. Em 1949, os seus trabalhos valeram-lhe o Prémio Domingos Sequeira.

ALGUNS CARTAZES LIGADOS AO FADO DE STUART CARVALHAIS




9 comentários:

Misturação - Ana Karla disse...

Manuela, que riqueza de post!
Aprendendo sempre.
Obrigada
Xeros

Maria disse...

Eu sempre gostei de fado. O quadro do Malhoa é-me familiar desde sempre, já que está no museu da minha terra, onde tinha visitas de estudo.
Continuo a gostar do fado antigo e de algumas vozes novas - algumas, apenas...

Um beijo, Manuela.

Glorinha L de Lion disse...

Eu amo o fado! Minha porção portuguesa se comove muito ao ouvi-los....e os novos cantores de fado são estupendos...Mariza é uma delas não?
Acho o fado triste, mas ao mesmo tempo tem uma força, um grito...é mesmo com Pessoa disse...é como se gritassem ao deus em que acreditavam e os abandonou...um lamento com a força da raiva....lindo, lindo!
Belíssimo e culto post!

Maria P. disse...

Que magnífico post!
Obrigada.

Beijinho*

Unknown disse...

Gosto de fado,não sou um fã incondicional .O mês passado assisti ao vivo a um espectáculo realizado pela Mariza (Antwerpen)quando dei por mim, tinha lágrimas nos olhos.

Beijo e um bom fds.

Unknown disse...

rismsParabéns.Muito interessante este post.Tu és excelente para nos dar a conhecer os teus grandes conhecimentos. Sinto-me vaidosa com a "maninha".

Renata Boechat disse...

Querida Manu,

Em primeiro lugar, agradeço suas explicações sobre a "francesinha"...muito pouco sabia sobre o dito sanduíche...estive no Porto sim, faz alguns poucos anos, mas não tive a oportunidade de prová-lo, tanta era a vontade de comer o bacalhau a todo instante!!!

Quanto ao Fado, tenho a dizer que é um dos ritmos, não sei se posso chamá-lo assim de que gosto muito, apesar do lamento não me parece nada triste, mas rico de história e poesia...

Falando em fado, me lembro de uma passagem engraçadinha:
Estava eu em Lisboa, acompanhada de minha mãe e uma amiga, e ao pegarmos um táxi perguntamos por uma boa casa de fado, no que o motorista nos responde:
"Oh, as moças querem ouvir um fado português? Então não se preocupem em ir a lugar nenhum, eu mesmo canto-lhes um fado"...e nisso começa a cantar uma bonita música, que nos encantou, e assim, pudemos atestar a simpatia do povo português!

Esperando que tenhas um ótimo domingo,
Te deixo um abraço!

Renata de Aragão Lopes disse...

Aprecio fado.
E não conhecia
este texto do Pessoa.

Um abraço,
doce de lira

Nes disse...

Ola Manuela.

Pareceme moi ben a proposta que queren facer, secundoa.

O fado e unha arte como pode ser o flamenco ou outras.

Un biko.

NES