A ESCURIDÃO NÃO PODE EXTINGUIR A ESCURIDÃO. SÓ A LUZ O PODE FAZER.»

MARTIN LUTHER KING




segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O ESTRANGEIRO - ALBERT CAMUS

Escritor marcante para mim, li quase toda s sua obra, mas destaco este livro.







Mersault, recebe um telegrama do asilo: "Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos."A acção desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colónia francesa, país onde Camus viveu grande parte da sua vida. Mersault, viaja até ao asilo e comparece na cerimonia fúnebre, sem, no entanto, expressar emoções, não sendo praticamente afectado pelo acontecimento. O romance prossegue, documentando os acontecimentos seguintes na vida de Meursault que se torna amigo de um vizinho, Raymond Sintès, um conhecido proxeneta. Ajuda Raymond a livrar-se de uma das suas amantes árabes. Mais tarde, os dois confrontam-se com o irmão da mulher ("o árabe") numa praia e Raymond fica ferido. Depois disso, Meursault volta à praia e, num delírio induzido pelo calor e pela luz forte do sol, mata o árabe e depois de morto, ainda lhe dá mais 4 tiros. Durante o julgamento a acusação concentra-se no facto de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o facto de Meursault, ser ou não capaz de sentir remorsos; o argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo. Quando o romance chega ao final, Meursault encontra o capelão da prisão e fica irritado com sua insistência, para que ele se volte a Deus. A história chega ao fim com Meursault reconhecendo a indiferença do universo em relação à humanidade. As linhas finais ecoam essa ideia que ele agora toma como verdadeira: Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu me abria pela primeira vez à indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida comigo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio. Albert Camus, como Meursault, era um pied-noir; um francês que vivia no Magreb, o crescente setentrional da África às margens do Mar Mediterrâneo, a região que abrigava as colónias francesas. Isso explica parcialmente a reacção do tribunal, mais preocupado com a atitude de Meursault no enterro da mãe, do que com o próprio crime cometido, o assassinato de um árabe. O Estrangeiro é normalmente classificado como um romance existencial. Como, Camus rejeitou essa classificação, é mais correcto afirmar que o romance se insere na teoria do absurdo de Camus, assim como os outros livros da "trilogia do absurdo". Muitos leitores acreditam que Meursault vive pelas ideias dos existencialistas, principalmente após a sua tomada de consciência final. Na primeira metade do romance, Meursault é claramente um indivíduo inconsequente e destituído de objectivo. Ele é movido somente pelas experiências sensoriais (o cortejo fúnebre, nadar na praia, o sexo com Marie, etc.).No limite, Camus apresenta o mundo como essencialmente sem sentido e assim, a única forma de chegar a um significado ou propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o acto que dá significação a um dado contexto. Camus lida com essa questão, assim como as questões de relacionamento humano e o suícidio em outras obras de ficção como em, A Morte Feliz e A Peste, assim como em algumas obras de não-ficção como, L'Homme révolté e Le Mythe de Sisyphe. Camus era humanista, racionalista...e denunciava com realismo, o absurdo do homem e da sociedade.

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